Trégua frágil

Hamas liberta três prisioneiros, mas Israel diz que planeja novos ataques

Negociação ocorreu via Cruz Vermelha com mediação do Egito e Catar; mais de 360 palestinos também foram liberados

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Multidão se reúne em local onde prisioneiros foram liberados - BASHAR TALEB/ AFP

O Hamas libertou neste sábado (15) mais três prisioneiros israelenses como parte do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. A Cruz Vermelha fez o transporte dos libertados até Khan Younis, onde foram entregues ao governo de Israel.

Horas depois, comboios de ônibus com mais de 360 prisioneiros palestinos liberados saíram da prisão de Ofer e seguiram para Ramallah, na Cisjordânia, e também de um centro de detenção no deserto de Negev, em direção a Gaza. 

Segundo a agência internacional de notícias Al Jazeera, pelo menos quatro pessoas tiveram que ser hospitalizadas imediatamente, pois apresentavam condições de saúde extremamente frágeis. 

Há uma semana, o estado judeu ameaçava retomar ataques contra a população de Gaza, frente à paralisação nas liberações. O principal motivo foi o descumprimento dos termos do acordo por Israel, que bloqueava o acesso de palestinos ao território, assim como de mantimentos e materiais para reconstrução da região desolada pelo massacre.

Mediadores egípcios e cataris foram os responsáveis por articular as conversas entre o Hamas e o governo de Israel para manter o acordo de cessar-fogo. 

Mesmo com o avanço na liberação de prisioneiros, o chefe do Estado-maior de Israel, tenente-general Herzi Halevi afirmou que as forças do país estão preparando "planos ofensivos", sem dar detalhes sobre as possíveis ações militares. 

A primeira fase do acordo se encerra em março. Ainda há incertezas se será possível alcançar a segunda fase, que colocaria fim ao genocídio israelense em Gaza. Em mais de um ano de ataques, mais de 47 mil pessoas morreram, grande parte delas mulheres e crianças.

Na segunda-feira (10) passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou provocar um "inferno" em Gaza se os prisioneiros israelenses não fossem libertados até este sábado, como estabelece o acordo de trégua que está em vigor desde 19 de janeiro.

O Hamas reagiu afirmando que as ameaças não tinham valor. "Trump deve lembrar que há um acordo [de trégua] que ambas as partes devem respeitar, e que essa é a única forma de fazer com que os prisioneiros retornem", declarou Sami Abu Zuhri, um dos líderes do movimento.
 

Edição: José Eduardo Bernardes