Mais de cem estudantes universitários de Angra dos Reis, município da Costa Verde fluminense, podem deixar de frequentar as aulas devido à descontinuidade do transporte oferecido pela Eletronuclear. A maioria dos estudantes impactados com o corte é de cursos noturnos.
Até janeiro, a empresa disponibilizava quatro ônibus exclusivos para esses alunos a partir de Volta Redonda e Barra Mansa para as universidades UNIFOA, UBM, UGB, UFF e Estácio de Sá. No entanto, eles foram surpreendidos com a interrupção do serviço na primeira semana de aulas.
A ausência repentina do transporte tem causado transtornos. Ao Brasil de Fato, a estudante Maria Gabriela Costa Richa, de 19 anos, relatou que está hospedada com familiares para não perder as aulas. Agora distante de casa e do local de trabalho, ela lamenta a mudança de planos. "Todo planejamento que havia feito, inclusive em relação ao estágio, tornou-se incerto", disse.
Durante todo ano passado, a jovem utilizou o transporte oferecido pela Eletronuclear para frequentar as aulas noturnas do curso de Direito. Todos os dias ela seguiu viagem de Angra, onde mora, até sua instituição de ensino, em Volta Redonda, em cerca de três horas. A volta para casa também era garantida em segurança.
"A possibilidade de uma mudança repentina é desanimadora, uma vez que não estava em meus planos e representa um custo inesperado. A falta de transporte tem impactado significativamente minha vida e a vida de outros alunos, já que não fomos avisados com antecedência para podermos buscar outras alternativas e nos preparar. Nosso único desejo é estudar, e estamos na torcida para que o transporte seja restabelecido", completa Maria Gabriela.
Mobilização
Diante da incerteza sobre a continuidade do serviço, e a falta de respostas da Eletronuclear, uma manifestação está prevista para esta quinta-feira (13) na Câmara Municipal de Angra dos Reis. A convocatória para o ato afirma que o corte do transporte universitário foi arbitrário e coloca em risco a formação acadêmica de centenas de alunos.
"A Eletronuclear tem um compromisso com a população local e deve cumprir sua responsabilidade! A educação não pode ser sacrificada por cortes arbitrários. Exigimos que a empresa restabeleça imediatamente os ônibus para garantir que nenhum estudante tenha que abandonar sua formação por falta de transporte", diz a nota.
A mobilização dos estudantes acontece em parceria com o sindicato dos trabalhadores da empresa do ônibus, que também foi surpreendido com a medida. Além da volta do serviço, outra reivindicação emergencial é que a prefeitura disponibilize um ônibus adicional para o Parque Mambucaba, onde a demanda é maior.
O que diz a Eletronuclear
O Brasil de Fato solicitou esclarecimentos sobre a suspensão dos ônibus. Em nota, a empresa afirmou que o corte faz parte de medidas de austeridade e equilíbrio financeiro, priorizando o transporte dos empregados para o local de trabalho.
"A companhia passa por um momento de fortes ajustes nos seus gastos, determinada pelos órgãos de controle superiores e pelos acionistas, a fim de equilibrar suas despesas aos limites do que é reconhecido pela tarifa pela Aneel", diz o texto.
A empresa explicou ainda que o serviço, antes restrito aos funcionários da Eletronuclear, foi estendido para atender não apenas aos empregados, mas também aos seus dependentes, e posteriormente membros das comunidades vizinhas para que houvesse aproveitamento de vagas não preenchidas.
"A Eletronuclear lamenta o impacto da situação e reforça que, até o final de janeiro, buscou alternativas para a manutenção do serviço. No entanto, qualquer possibilidade esbarraria no descumprimento das diretrizes de segurança do Plano de Emergência Local, que deve ser rigorosamente seguido", finaliza a nota enviada à reportagem.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Vivian Virissimo
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