Rio Grande do Sul

Garantia de trabalho

Entidades sindicais entram com ação na justiça pela suspensão de demissões da Corsan

Ação aconteceu após fracasso de mediação no Tribunal Regional do Trabalho entre sindicatos e empresa

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Entidades lutam para evitar a demissão de mais de 250 trabalhadores - Foto: Jonatan Brum/ATBr

Desde que foi concluída a privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), em 2023, entidades sindicais vêm se mobilizando para garantir o emprego dos trabalhadores da companhia. Depois de uma tentativa frustrada de conciliação, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua/RS), o Sindicato dos Engenheiros (Senge) e o Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio do RS (Sintec) entraram com ação na justiça para a suspensão da demissão de mais de 250 trabalhadores e das homologações que estão agendadas para essa quinta-feira (23). 

A ação aconteceu após uma audiência de mediação no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), na terça-feira (21), em que os sindicatos pediram, além da suspensão imediata das demissões, a abertura da negociação com a empresa. Na ocasião as entidades solicitaram que a empresa reavaliasse a decisão e abrisse o diálogo, para juntos construírem uma proposta mais ampla e que reduzisse o impacto social junto aos trabalhadores. Contudo os representantes da Corsan/Aegea mantiveram a posição da empresa e a reunião foi encerrada sem solução. 

No dia 14 de janeiro funcionários foram demitidos quando recém havia findado o prazo de 18 meses de estabilidade após a compra da estatal pela Aegea, inclusive dirigentes e delegados sindicais, integrantes da CIPA e funcionários em pré-aposentadoria, aponta o Sindiágua. O processo de privatização da empresa, que atua em 317 municípios gaúchos, iniciou em 2021.

Ao Brasil de Fato RS, o presidente do Sindiágua, Arilson Wünsch, afirmou que a entidade trabalhou incansavelmente para que a privatização não acontecesse, e que continuará lutando para reduzir o impacto social dessa demissão massiva de trabalhadores. Seja com a suspensão da medida ou com a ampliação de benefícios para os que saem. 

“Foram mais de dois anos de uma batalha árdua na articulação com lideranças políticas, prefeitos, com o povo gaúcho e também na questão judicial. Em todo esse período, estivemos sempre do lado das trabalhadoras e trabalhadores da Corsan, na defesa dos empregos e lutando para que a empresa continuasse pública, pois a água é um bem público e que não deve visar o lucro. Esse é um momento difícil para muitas famílias, vamos lutar para tentar minimizar ao máximo o impacto dessa situação.”

Conforme pontuou Wünsch, desde que o governador Eduardo Leite entregou a companhia à iniciativa privada já se sabia que o emprego dos trabalhadores estaria em risco. Contudo, através da luta coletiva da categoria foi possível estender a estabilidade por 18 meses. Uma estabilidade, segundo o dirigente, considerada inédita tratando-se de privatizações no Brasil. “Mas nem bem acabou o prazo, a Aegea, empresa vencedora do leilão da Corsan, colocou as garras pra fora e demitiu mais de 250 trabalhadores. Tentamos através do diálogo e negociação reverter esse quadro de demissão em massa dos trabalhadores, mas a Corsan fechou as portas, então não houve alternativa a não ser a ação judicial.”

À imprensa, a Corsan afirma que todos os compromissos firmados foram cumpridos nos últimos 18 meses. Ainda de acordo com a empresa a “redefinição do quadro de colaboradores” foi realizada como medida estratégica que integra o processo de adequação à gestão privada “e de melhoria contínua do serviço à população”. Segundo a empresa, a demissão de servidores antigos não significa redução de equipes, “mas uma renovação planejada”. Ainda informa, já foram contratados 2 mil novos profissionais para funções estratégicas, e outras mil vagas serão preenchidas em um processo seletivo que está em andamento.

* Com informações da Assessoria de Comunicação Sindiágua/RS e Sul 21.


Edição: Katia Marko