Desde que foi concluída a privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), em 2023, entidades sindicais vêm se mobilizando para garantir o emprego dos trabalhadores da companhia. Depois de uma tentativa frustrada de conciliação, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua/RS), o Sindicato dos Engenheiros (Senge) e o Sindicato dos Técnicos Industriais de Nível Médio do RS (Sintec) entraram com ação na justiça para a suspensão da demissão de mais de 250 trabalhadores e das homologações que estão agendadas para essa quinta-feira (23).
A ação aconteceu após uma audiência de mediação no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), na terça-feira (21), em que os sindicatos pediram, além da suspensão imediata das demissões, a abertura da negociação com a empresa. Na ocasião as entidades solicitaram que a empresa reavaliasse a decisão e abrisse o diálogo, para juntos construírem uma proposta mais ampla e que reduzisse o impacto social junto aos trabalhadores. Contudo os representantes da Corsan/Aegea mantiveram a posição da empresa e a reunião foi encerrada sem solução.
No dia 14 de janeiro funcionários foram demitidos quando recém havia findado o prazo de 18 meses de estabilidade após a compra da estatal pela Aegea, inclusive dirigentes e delegados sindicais, integrantes da CIPA e funcionários em pré-aposentadoria, aponta o Sindiágua. O processo de privatização da empresa, que atua em 317 municípios gaúchos, iniciou em 2021.
Ao Brasil de Fato RS, o presidente do Sindiágua, Arilson Wünsch, afirmou que a entidade trabalhou incansavelmente para que a privatização não acontecesse, e que continuará lutando para reduzir o impacto social dessa demissão massiva de trabalhadores. Seja com a suspensão da medida ou com a ampliação de benefícios para os que saem.
“Foram mais de dois anos de uma batalha árdua na articulação com lideranças políticas, prefeitos, com o povo gaúcho e também na questão judicial. Em todo esse período, estivemos sempre do lado das trabalhadoras e trabalhadores da Corsan, na defesa dos empregos e lutando para que a empresa continuasse pública, pois a água é um bem público e que não deve visar o lucro. Esse é um momento difícil para muitas famílias, vamos lutar para tentar minimizar ao máximo o impacto dessa situação.”
Conforme pontuou Wünsch, desde que o governador Eduardo Leite entregou a companhia à iniciativa privada já se sabia que o emprego dos trabalhadores estaria em risco. Contudo, através da luta coletiva da categoria foi possível estender a estabilidade por 18 meses. Uma estabilidade, segundo o dirigente, considerada inédita tratando-se de privatizações no Brasil. “Mas nem bem acabou o prazo, a Aegea, empresa vencedora do leilão da Corsan, colocou as garras pra fora e demitiu mais de 250 trabalhadores. Tentamos através do diálogo e negociação reverter esse quadro de demissão em massa dos trabalhadores, mas a Corsan fechou as portas, então não houve alternativa a não ser a ação judicial.”
À imprensa, a Corsan afirma que todos os compromissos firmados foram cumpridos nos últimos 18 meses. Ainda de acordo com a empresa a “redefinição do quadro de colaboradores” foi realizada como medida estratégica que integra o processo de adequação à gestão privada “e de melhoria contínua do serviço à população”. Segundo a empresa, a demissão de servidores antigos não significa redução de equipes, “mas uma renovação planejada”. Ainda informa, já foram contratados 2 mil novos profissionais para funções estratégicas, e outras mil vagas serão preenchidas em um processo seletivo que está em andamento.
* Com informações da Assessoria de Comunicação Sindiágua/RS e Sul 21.
Edição: Katia Marko