Oito meses após as enchentes de maio, famílias que perderam suas casas continuam enfrentando incertezas enquanto aguardam moradias prometidas pelo Governo do Estado. Em Canoas, a situação é ainda mais grave: as 406 pessoas abrigadas no Centro Humanitário Esperança não têm qualquer previsão de encaminhamento para suas moradias. A ausência de uma definição entre o Governo do Estado e a Prefeitura mantém as famílias em um estado de angústia e incerteza.
Na última sexta-feira (11), o Brasil de Fato RS publicou uma entrevista com Milene Bertol, beneficiária dos Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs) de Canoas, que relatou a ausência de respostas e o medo constante de não ter um lar para voltar. De julho a dezembro, Milene residiu no CHA Recomeço. Com a desativação do local, ela foi transferida para o CHA Esperança, que também está com previsão para encerramento das atividades. Ela segue sem perspectiva de uma moradia.
Já em Porto Alegre, a construção de 80 casas temporárias no bairro Sarandi, zona Norte da Capital, avança, mas ainda não foi concluída. As moradias, erguidas em terreno inabitado da Prefeitura, possuem 27 metros quadrados, terão banheiro pronto e serão equipadas com geladeira, fogão, armário, cama de casal e beliche. Apesar de já terem suas estruturas montadas, faltam acabamentos como paisagismo, encanamento e iluminação. As residências serão destinadas aos beneficiários do Centro Humanitário de Acolhimento Vida, que atualmente abriga 362 pessoas. A entrega, prevista para março, ainda não será suficiente para atender toda a demanda.
"Sabemos que, posteriormente a junho, não teremos mais condições de manter o financiamento dos Centros Humanitários, e é hora de uma solução mais robusta para essas pessoas", afirmou o vice-governador Gabriel Souza, em entrevista a RBS Notícias nesta segunda-feira (13). Ele destacou que, além das casas, a área contará com urbanização e serviços básicos como creche, transporte público e postos de saúde, a serem ofertados pela Prefeitura.
Moradias temporárias
As residências fazem parte do programa "A Casa é Sua – Calamidade", que visa implementar a política habitacional de emergência com três frentes de ação: casas temporárias para as famílias enquanto aguardam as moradias definitivas, construção de casas permanentes e doação de unidades por empresas privadas.
Até agora, 332 moradias temporárias foram entregues: 40 em Arroio do Meio, 80 em Encantado, 28 em Cruzeiro do Sul, 86 em Estrela, 48 em Triunfo, 20 em Rio Pardo e 30 em São Jerônimo.
Essas ações fazem parte do Plano Rio Grande, programa estadual de reconstrução, adaptação e resiliência climática, que busca planejar, coordenar e executar estratégias para lidar com os impactos sociais, econômicos e ambientais causados pela enchente histórica. O programa também está integrado ao Plano Estadual de Habitação de Interesse Social (Pehis), estabelecendo uma política permanente para atuar em situações de emergência, calamidades e desastres.
Os módulos dessas moradias serão incorporados ao acervo do Estado e poderão ser reutilizados em outras situações emergenciais, após a transferência das famílias para moradias definitivas.
* Com informações da Secretaria de Comunicação Social (Secom).
Edição: Katia Marko