O que fazemos com o nosso tempo é o que nos define. Não estou falando das profissões que exercemos – bancário, contador, advogado – mas das atitudes que tomamos frente às situações. É a maneira como respondemos aos desafios e às oportunidades que a vida nos apresenta ao longo do tempo e ao que realmente importa. São nossas ações, escolhas e a forma como impactamos os outros que deixam um legado. Profissões e títulos são apenas uma parte do quebra-cabeça, mas são as atitudes e valores que realmente fazem a diferença nesse grande esquema das coisas.
Em 12 de janeiro de 1861, é fundada a Caixa Econômica Federal, com o propósito de atender essa faixa da população que não tinha acesso aos bancos. Ao longo do tempo, desde o Monte de Socorro, os depósitos de escravizados para compra da alforria, o Penhor, a CAIXA tornou-se um patrimônio nacional que acompanha a evolução do Brasil, sendo protagonista em momentos cruciais e moldando a vida de milhões de brasileiros. A CAIXA tem desempenhado um papel fundamental na inclusão financeira e no desenvolvimento do país.
Na enchente de maio, a CAIXA foi importante no apoio aos atingidos, se colocando à disposição da população, auxiliando na retomada ou na aquisição de um lugar para morar. Os empregados da CAIXA, que também foram atingidos, demonstraram resiliência no enfrentamento desta emergência climática. Assim como na administração dos fundos de garantia, do financiamento à casa própria, FIES, Bolsa Família e no Minha Casa Minha Vida, a CAIXA e seus empregados sempre estiveram ao lado de quem mais precisa.
São conquistas valiosas que precisamos estar atentos contra os ataques. No entanto, novos desafios surgem nas relações de trabalho que precisamos enfrentar. Não é admissível que hoje ainda convivamos na CAIXA com situações de preconceito, assédio e racismo. Não é normal que uma empresa que acolhe milhões de brasileiros de todas as etnias tenha em sua história capítulos de assédio moral e sexual, como as denúncias no Ministério Público do Trabalho contra o ex-presidente Pedro Guimarães.
Não é concebível que pessoas negras, pardas ou indígenas, que são a maioria da população brasileira, sejam invisibilizadas nos postos de trabalho da CAIXA. Que suas características sejam vistas de forma depreciativa e ignorados, negligenciados nas seleções internas. Também não podemos aceitar que na CAIXA exista segregação no atendimento ao público, negando acesso a um atendimento de qualidade à população que busca os serviços de amparo social, como o Bolsa Família. As pessoas devem tratadas com respeito e dignidade independentemente da cor da sua pele, origem, gênero ou condição social.
Queremos uma CAIXA referência no combate ao assédio e à discriminação racial, com respeito à diversidade e à inclusão e livre de metas abusivas. O que define a CAIXA é a sua resistência e resiliência no seu propósito. Essa resistência que foi construída ao longo da história, por seus empregados desde um tempo em que não havia celular, internet ou televisão. Quando as pessoas buscam um lugar para estarem seguras, para sonhar, trabalhar com dignidade, com respeito. Ainda estamos aqui por inclusão e justiça social.
* Diretor do SindBancários de Porto Alegre e Região.
** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko