Uma reunião ampliada, realizada na última sexta-feira (13), deu início aos trabalhos de organização da 47ª Romaria da Terra no RS. O encontro foi presidido pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e pela Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que será a sede da Romaria em 2025. Pelo menos mais uma dezena de organizações, pastorais e movimentos sociais também estiveram representados no encontro.
Dom Itacir Brassiani, novo bispo de Santa Cruz do Sul – que também é romeiro – participou da atividade e refletiu sobre a escolha de Arroio do Meio como sede:
"A diocese de Santa Cruz do Sul se alegra por acolher mais uma vez a Romaria da Terra e se alegra porque é um evento da igreja do Rio Grande do Sul e que traz a caminhada de fé, de esperança e de reconstrução para este Vale onde tanta dor tanta destruição ocorreram nesses últimos tempos. Agradecemos todas as forças vivas da diocese e também da igreja do Rio Grande do Sul que estarão conosco nessa caminhada, com a CPT à frente, como sempre, puxando essa 47ª Romaria da Terra."
O bispo tem tido forte envolvimento com a causa dos atingidos e atingidas pela tragédia socioambiental que resultou nas enchentes de maio. Inclusive o báculo (cajado) que o sacerdote utiliza como insígnia Episcopal, foi confeccionado utilizando madeira retirada dos escombros: "Busquei algo que fosse significativo, que eu possa levar a chaga deste evento climático para o meu ministério Pastoral, como um apelo a cuidar da Casa Comum.
A escolha do tema que vai nortear as ações de reflexão e espiritualidade, Reconstruir e Cuidar da Casa Comum com Fé, Esperança e Solidariedade, foi uma das tarefas executadas no dia de reunião. Também foram definidas as bases simbólicas e contatados os artistas que vão construir a arte do cartaz e demais materiais de divulgação e mobilização.
Dieni Berté Schwendler, assistente social da Diocese de Santa Cruz do Sul, acompanhou a atividade e está engajada nas ações de organização da Romaria: "Para nós é uma alegria estar aqui, hoje, participando dessa primeira reunião presencial em preparação da Romaria da Terra, que é um sinal de esperança nesse território, aqui do Município de Arroio do Meio, tão atingido o ano passado e novamente neste ano. Romaria da Terra é um sinal de esperança para nós de nos motivarmos, de estar aqui junto com o povo sofrido para podermos rezar, celebrar e reencontrar as pessoas das boas lutas de construção do Reino de Deus que é de Justiça de amor, de paz de felicidade".
Também foram definidas as coordenações das equipes setoriais que serão responsáveis pela condução dos trabalhos de organização da Romaria. Por fim, ficou estabelecido o trajeto da caminhada, que vai partir do Seminário Sagrado Coração de Jesus, vai passar pela costa do Rio Taquari, percorrendo duas comunidades que foram atingidas de forma severa pela enchente, e retornando ao território central da cidade, onde será realizada a celebração e demais momentos culturais da programação.
"Como Comissão Pastoral da Terra prestamos solidariedade e apoio a todos os povos, às famílias que perderam suas casas, que foram impactadas com a enchente. Estamos aqui trazendo o nosso apoio e nos reunindo aos outros movimentos sociais, queremos enfim que esse evento da Romaria seja mais uma atividade de apoio, trazer um abraço de solidariedade e também apontar alternativas para reconstruir e cuidar da Mãe Terra", aponta Luís Antonio Pasinato, dirigente da CPT no RS.
Andrei Thomaz Oss-Emer, que além de integrar os quadros da CPT no RS, participa da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara, reforça o convite para que romeiros e romeiras de todo o RS estejam mobilizados desde já e iniciem a preparação para uma participação plena na Romaria. "O povo se reergue, se levanta, caminha e também agora se reúne na 47ª Romaria da Terra. Precisamos relembrar o cuidado da casa comum. Solidariedade, reconstrução, fé e esperança são palavras geradoras da 47ª Romaria da Terra".
As organizações que compõem a Missão Sementes de Solidariedade também estiveram representadas, bem como os movimentos sociais MAB (Atingidos por Barragens) e MPA (Pequenos Agricultores), garantindo apoio total e irrestrito para a realização da Romaria da Terra.
"A Romaria parece ser um grande momento da Missão Sementes de Solidariedade, a missão que foi presença com as famílias dos Agricultores, moradores dessa região que foram atingidos e sofreram diretamente os efeitos e as perdas, e ao mesmo tempo demonstram vigor e compromisso com a o renascimento dessa terra, a reconstrução das suas vidas nessa terra", aponta Marilene Maia, da Cáritas-RS. "A Romaria é um momento de culminância, a Missão está na Romaria e a Romaria é parte da Missão".
Padre Alfonso Antoni, pároco de Arroio do Meio, relembrou que todos estavam ali "somando forças na construção da Romaria da Terra, mas essa construção vem de longe, vem de somar forças já na história das caminhadas dos movimentos pastorais". Também pontuou a importância da rede de apoio construída a partir da Missão Sementes de Solidariedade, como "um grande sinal de Deus" expresso em "tantas forças de apoio, de alento e de esperança na reconstrução da vida de tantas famílias de agricultores".
A Romaria da Terra é um evento itinerante, que acontece a cada ano em diferentes territórios, sempre acontecendo no dia do feriado de Carnaval. Em 2025 o território escolhido foi o Vale do Taquari, para receber os romeiros e romeiras de todas as regiões do estado no dia 5 de março. O Brasil de Fato seguirá acompanhando todos os preparativos da 47ª Romaria da Terra.
Edição: Katia Marko