Rio Grande do Sul

MÍDIAS ALTERNATIVAS

Brasil de Fato é convidado no Ciclo de Debates Novas Fronteiras do Ativismo Social

'Temos sempre que lembrar de quem nós somos e ampliar cada vez mais nossas vozes', defende Katia Marko

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
O encontro teve a participação do Brasil de Fato RS, da Rede de Economia Solidária e Feminista (RESF) e do professor Matheus Mazzilli Pereira - Marcela Brandes

O espaço Maria Maria, na Rua Fernando Machado, 464, Centro Histórico de Porto Alegre, acolheu na noite desta quinta-feira (12), mais uma edição do Ciclo de Debates Novas Fronteiras do Ativismo Social, mediado pelo professor Luiz Inácio Gaiger (CNPq). Com o tema central alternativas de mídia e jornalismo, a editora-chefe do Brasil de fato RS, Katia Marko, apresentou o importante trabalho que o veículo popular, alternativo, vem realizando no Rio Grande do Sul.

Para trazer a memória do cenário em que o Jornal nasceu em 2003, Katia iniciou sua apresentação com imagens em vídeo do dia do lançamento do Brasil de Fato no Fórum Social Mundial, no antigo Araújo Viana, com a presença de 7 mil pessoas, empolgadas com a iniciativa pioneira de jornalismo organizada por movimentos populares brasileiros.

A mesa de abertura mostrou a importância do momento: lá estavam o escritor uruguaio Eduardo Galeano, a médica cubana Aleida Guevara, filha do Che, o linguista estadunidense Noam Chomsky, a argentina Hebe de Bonafini, líder das Mães da Praça de Maio, o fotógrafo Sebastião Salgado e o teólogo Leonardo Boff, entre outros nomes da esquerda nacional e mundial, e o primeiro editor a liderar o projeto, o jornalista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) José Arbex. 

"Temos sempre que lembrar de quem nós somos. Não podemos acreditar no que a extrema direita quer que sejamos. Temos sempre que mostrar de que lado estamos das trincheiras. A palavra final é vitória, não tem outro caminho. O mundo não suporta mais o capitalismo. Não suporta mais essa exploração. Nós temos que falar de revolução, não podemos mais ficar encolhidos. A palavra utopia tem que voltar para o nosso dia a dia. Não podemos ficar na miudeza apagando incêndio. Realmente enxergar além", destacou Katia.

Para ela, "o desafio é acreditarmos em nós", não sendo mais possível só ficar lamentando sobre a grande imprensa. Ela citou que o portal teve 1,2 milhões acessos neste ano e seu perfil no Instagram viu o número de seguidores mais do que duplicar em relação a 2023, chegando a 23 mil. Avalia que não é mais possível só ficar lamentando sobre a grande imprensa.

"Esses números que eu trouxe são do Brasil de Fato do RS, ainda tem o nacional e muitos outros veículos, como o Sul21, o Matinal, o Catarse, que também tem números expressivos, rádios comunitárias como a RadioCom Pelotas e tantas outras que resistem. A gente nunca mediu quanto é tudo isso de audiência. Ou seja, a gente chega a muita gente. Lançamos semana passada uma matéria sobre a exploração no Zaffari, está sendo pauta nacional e avançando a luta. Não temos força? Até quando vamos ficar encolhidos? Ou nos desafiamos a realmente trabalhar em rede. O principal desafio é ampliar ainda mais as nossas vozes!"

Ao falar dos avanços significativos em números crescentes de visualizações em redes sociais nesses 6 anos de trabalho do Brasil de Fato no Rio Grande do Sul destacou a importância de nos reconectarmos com as periferias e da necessidade de cada vez mais expandir nossa visualização e a voz do trabalhador. “Quanto mais visibilidade nós tivermos, mais vai ter gente querendo investir, então o financeiro é consequência. O financeiro é importante, mas temos que enxergar maior. E nós estamos conseguindo isso", afirma a jornalista. 

O encontro também contou com a participação do Coletivo comentador, a Rede de Economia Solidária e Feminista (RESF), e do analista, PPG Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Matheus Mazzilli Pereira. 


Katia Marko apresentou o importante trabalho que o Brasil de Fato vem realizando no Rio Grande do Sul no ciclo de debates do espaço Maria Maria / Foto: Marcela Brandes

“A gente enfrenta essa dificuldade de fazer com que a rede feminista tenha essa visibilidade. Acreditamos que jornais e mídias ativistas e alternativas como o Brasil de Fato são muito importantes para fazer com que os movimentos sociais, políticos e de alternativa de transformação social consigam ter o alcance, a amplitude e o engrandecimento para gente de fato não tirar a utopia e não se esconder. Porque a gente muitas vezes não quer se esconder, apenas a nossa voz não está conectada e a gente acaba sem amplitude para chegar no ouvido das outras pessoas e ter essa relação espraiada por toda a nossa sociedade para gente transformar”, relatou Drica.

“Eu queria parabenizar os números apresentados do Brasil de Fato que são brilhantes. O aumento do número de seguidores em 2024 nas redes sociais é impressionante. E ainda diante de um cenário que não está nada a favor, em que a maré está toda contra. Isso demonstra um jornalismo de qualidade, sério, e a capacidade de mesmo em meio a circunstâncias muito restritas conseguir vitórias", comentou Matheus Mazzilli.

Confira o debate na íntegra:


Edição: Katia Marko