Rio Grande do Sul

SOLIDARIEDADE

Cozinha Comunitária pede comida para ajudar os moradores a ter um Natal mais feliz

O grande receio da líder Rosa Helena é precisar fechar o local por falta de apoio

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Cozinha Comunitária Vidas de Luz hoje serve 100 marmitas ou mais em alguns dias da semana - Foto: Arquivo Pessoal

Rosa Helena Cavalheiro Mendes, líder da Cozinha Comunitária Vidas de Luz, que distribui ‘quentinhas’ para a comunidade da Chácara dos Bombeiros, está apelando a todos os gaúchos para proporcionar um Natal com comida para as pessoas daquela área da cidade e que sofrem, neste final de ano, com carências de todas as ordens.

“Estamos passando para dizer que nossa cozinha precisa muito de todos vocês, estamos precisando de proteínas, gás, materiais de limpeza e legumes como cebola, alho, massa de tomate. Enfim, sua ajuda é imprescindível para mantermos nossa cozinha ativa”, diz ela, em tom de desespero. “Não temos quase nada para alimentar nossas crianças e outras pessoas que precisam”, apela Rosa.

O grande receio da Rosa é não conseguir ajuda e precisar fechar a Cozinha Comunitária Vidas de Luz. “Peço a vocês, meus amigos e minhas amigas solidários e solidárias, que ajudem doando qualquer quantia e compartilhando esta mensagem em suas redes. Os que têm fome agradecem.”

Rosa faz o que pode pelo seu pessoal. A Chácara dos Bombeiros é um enclave no bairro Partenon, na subida do Morro da Polícia, com recheio de moradores do Campo da Tuca, Morro da Cruz, e com uma população simples, cheia de pobreza e vivendo à margem de qualquer espécie de generosidade pública. Alguma coisa até já foi feita, como a regularização de terrenos, entregas de títulos de posse de terrenos, mas vai ficando por aí.

Questões como energia, luz, Internet, ônibus frequentes são ainda complicadas. Falta tudo por ali. Falta água com regularidade para fazer comida e muito mais para outras necessidades. É muito triste morar por lá, uma zona de pobreza quase extrema. Tudo é desgastante e doloroso para quem mora na região.

Emoção

Rosa sempre se envolveu com esta comunidade. Se emocionou com tanta dificuldade dos moradores. Primeiro fez comida para distribuir para quem não tinha e não recebia nada para saciar a fome. Ela fez uma cozinha familiar, atendendo 10 famílias, depois 35 famílias, e foi avançando cada vez mais naquilo que chamava de trabalho social voluntário.

Investia dinheiro próprio do seu trabalho profissional – era vendedora/responsável na negociação de produtos cosméticos de uma grande empresa – na compra de alimentos. Pedia ajuda, recebia apoio e foi expandindo a sua atuação, com apoio de senhoras e de jovens da área. Há 15 anos, no segundo governo Lula, se inseriu no Programa Fome Zero. Começou a receber ajuda, mas ainda limitada. “Foi uma boa saída, ganhamos mais fôlego”, diz ela hoje.

O nome da Cozinha Comunitária Vidas de Luz nada tem a ver com igreja, não é religiosa, nem política. Reflete apenas a vocação social do grupo e de algumas pessoas da comunidade. “Precisamos levar luz, esperança e carinho para as pessoas. Daí o nome da nossa cozinha. Queremos conduzir estas pessoas para uma vida mais digna e humana”, diz.

Hoje serve 100 marmitas ou mais em alguns dias da semana. Arroz, feijão, e mais algum legume ou verdura e carne quando é possível. Ela recebe ajuda de programas de alimentos federais. Muito pouco ainda para saciar a fome de muita gente. Atualmente, Rosa é assessora parlamentar, ganha cerca de R$ 2 mil mensais e investe parte do seu dinheiro na compra de comida. Alguns dias há pouca coisa.

Rosa tem 58 anos no registro oficial, 61 de vida – seu pai demorou três anos para ir ao cartório –, faz trabalho social e comunitário há 38 anos. Diz que não consegue parar. Participa também do Fórum Social da Periferia e do Conselho Municipal de Saúde, “fazendo a minha parte para melhorar a vida dos mais simples”. Para ela, as pessoas precisam ter comida para ter saúde.

“Tenho esperança que vocês, meus amigos e minhas amigas, se comovam com o trabalho realizado por esta mulher, sempre pronta a ajudar quem precisa. Não só se comovam como se deem conta da importância do trabalho voluntário”, diz Nubia Silveira, jornalista voluntária do projeto.


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Edição: Katia Marko