Centenas de professores e funcionários das escolas estaduais gaúchas realizaram um ato em defesa da escola pública em frente do Palácio Piratini, em Porto Alegre (RS), na última sexta-feira (6).
A manifestação criticou a realização das chamadas parcerias público privadas defendidas pelo governo Eduardo Leite (PSDB) em 99 escolas estaduais. A proposta de terceirização de escolas têm sido alvo de críticas de sindicatos e da comunidade escolar.
A diretora do CPERS Carla da Silva Cassais destacou que a categoria está mobilizada no estado inteiro em defesa da educação pública de qualidade. “E isto se traduz em um governo que não queira privatizar a educação pública, que valorize os profissionais, e que pense que quando a educação é valorizada é crescimento para todo o povo”.
Neiva Lazzarotto, diretora do 39º Núcleo lembrou que a luta tem sido por reajuste salarial, condições de trabalho, para que cesse o desconto dos aposentados, também contra o arcabouço fiscal, porque na economia de R$72 bilhões é um ajuste fiscal exigido pelo sistema financeiro e pelos ricos.
“Mas principalmente nosso núcleo está lutando porque o Eduardo Leite quer implantar parcerias público-privadas em 99 escolas do estado, sendo 32 em Porto Alegre. É gravíssimo. Eles dizem que é só a gestão da merenda, da limpeza, da monitoria e da vigilância. No entanto começa uma empresa dentro da escola controlando isso. Mas para nós tudo o que existe na escola é pedagógico, tem interação com o estudante, ajuda a formar. Trata-se de um projeto pernicioso e que só tem um objetivo: que empresas lucrem metendo a mão nos fundos milionários da educação. O governo vai gastar mais do que gastaria se repassasse, mas verbas diretamente para as escolas. Nós já vimos o que aconteceu com a CEEE, com a Carris, cujos serviços pioraram. E o mais grave quem vai decidir quais serão as empresas selecionadas será a Bolsa de Valores de São Paulo”, concluiu.
O vice-presidente do CPERS, Alex Saratt, afirmou que o sindicato segue firme na luta por uma educação pública de qualidade e pela valorização de toda a categoria. “A gestão democrática é um dos pilares da questão pedagógica, ela é sistemática e sistêmica. O processo que acontece no Rio Grande do Sul, desde a apresentação daquele conjunto denominado de Marco Legal da Educação Pública Gaúcha. Na época nos já criticávamos dizendo que a lei existente não era melhor possível, mas era uma lei suficiente e garantia a prática da democracia no ambiente escolar. O que veio foi uma legislação inconstitucional que proíbe a candidatura de dirigentes sindicais para as direções de escola e, ainda por cima, com uma visão tecnocrática”, disse Saratt.
“A escola é um ambiente vivo, dinâmico e não serão planilhas ou cartilhas que vão determinar sua eficiência e sua vida plena. Fomos derrotados, mas fica a dúvida com uma séria desconfiança de que não foi obra do acaso, mas sim um movimento planejado para afastar as pessoas deste processo.”
Edição: Katia Marko