As celebrações do Dia Nacional do Samba, celebrado no dia 2 de dezembro, tomaram conta da capital gaúcha nos últimos dias. No Mercado Público, dois dias de happy hour animaram o público presente, marcando ainda a inauguração da exposição Corredor do Samba de Porto Alegre.
Na segunda-feira (2), aconteceu a abertura da exposição Corredor do Samba de Porto Alegre: o Arroio Dilúvio e a Negritude Gaúcha. A iniciativa é uma realização do Instituto de Cultura da PUCRS, que disponibilizou imagens da Revista do Globo, do acervo fotográfico salvaguardado no Delfos – Espaço de Documentação e Memória Cultural da universidade.
A curadoria e expografia é da professora Dra. Sátira Machado, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), com a parceria de Michel Couto, do Hub Formô, e da carnavalesca Helena Fernandes. Na sequência, ocorreram os shows do grupo Brazil Estrangeiro e Negras em Canto com o Grupo Puro Samba, que cantaram o espetáculo 'Raízes', numa homenagem aos sambistas brasileiros.
Já na quarta-feira, dia 4 de dezembro, foi comemorado o Dia Municipal do Samba Rock. Por isso, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa, o Programa Centro Mais e demais parceiros promoveram mais um happy hour no Mercado Público de Porto Alegre. A animação ficou por conta do Grupo Pau Brasil e convidados.
"Patrimônio cultural e imaterial de uma nação"
Para Mario Terra, produtor, diretor artístico e um dos coreógrafos da Cia de Dança Brazil Estrangeiro, o Dia Nacional do Samba é uma data de conscientização. “É o morro descendo o asfalto, é o negro como protagonista de sua própria história, é a Identidade do samba se fundindo com a identidade do Brasil. Este dia representa o samba sendo tratado como merece: como patrimônio cultural e imaterial de uma nação.”
De acordo com ele, Porto Alegre foi o segundo berço do samba e choro no Brasil. A Cidade Baixa, antiga Ilhota, foi um bairro de sambistas. Entre eles, Lupicínio Rodrigues.
“Hoje, o samba não tem CEP, ele está pelas calçadas, sendo desrespeitado. Apesar de arrastar multidões, faltam respeito e políticas públicas para o seguimento do samba de fundamento, do samba de conceito”, defende.
A Cia Brazil Estrangeiro mais que uma companhia de danças negras, é um centro de cultura negra alternativo para pesquisa e manutenção da cultura preta, e um terreiro, que desde 1991 trabalha ininterruptamente na busca das raízes e da identidade negra gaúcha. Tudo no centro da vila Cecília, em Porto Alegre.
O público apreciou os eventos, relatando elogios à organização. A contadora Emanuelle Pasa esteve presente e afirma que foi pela primeira vez aproveitar o segundo andar do Mercado Público.
“Soube que há anos atrás era comum ter samba aqui nas sextas-feiras e que sempre foi movimentado e divertido. Minha experiência hoje foi muito especial: achei o evento muito bem organizado, com bom som, que dava para ouvir muito bem. O serviço dos restaurantes foi ótimo, tudo chegou rápido e os garçons atenciosos. A comida estava muito boa, a cerveja gelada e as atrações estavam impecáveis. Dava pra sentir que o samba tem sua comunidade fiel, engajada e muito divertida. Uma energia muito boa, voltarei mais vezes, com certeza.”
A história do samba em Porto Alegre
A capital gaúcha já foi palco de grandes desfiles e tem na sua história muitos expoentes dessa cultura. Parte dela foi documentada na obra Os baluartes do Samba, uma minissérie documental produzida pela Joner Produções no ano de 2020. A Íncrível História dos Baluartes do Samba no Ano da Pandemia foi registrada e documentada em 12 episódios, disponíveis no YouTube, e conta a história de representantes dessa cultura no fatídico ano em que não teve Carnaval.
As celebrações do samba fazem parte da história de Porto Alegre. Estão, cada vez mais, presentes no calendário da cidade, consagrando a capital gaúcha como um espaço de resistência da cultura negra.
Edição: Marcelo Ferreira