Rio Grande do Sul

ARTIGO

Transporte público coletivo: não basta reformar! É necessário outro modelo

'A crise no transporte coletivo público destaca a necessidade de uma reavaliação das políticas urbanas'

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
"A crise estrutural do transporte público é emblemática, refletindo questões mais profundas ligadas ao capitalismo e à transformação das dinâmicas sociais e econômicas" - Foto: Alexandre Giesbrecht (Wikipedia/Creative Commons 3.0)

O debate sobre a mobilidade urbana no contexto contemporâneo é vital para compreender e enfrentar os desafios das cidades modernas. A crise estrutural do transporte público é emblemática, refletindo questões mais profundas ligadas ao capitalismo e à transformação das dinâmicas sociais e econômicas.

Mobilidade urbana e crise estrutural

A crise no transporte coletivo público destaca a necessidade de uma reavaliação das políticas urbanas. Historicamente, a mobilidade urbana está ligada ao desenvolvimento econômico e social, mas enfrenta hoje grandes obstáculos devido a mudanças tecnológicas e demográficas. A digitalização e a presença cada vez mais predominante de plataformas digitais mudaram a forma como o capitalismo presta seus serviços, afetando diretamente o transporte.

Reindustrialização e criação de empregos

A reindustrialização do Brasil surge como uma proposta consensual entre diferentes correntes políticas. O foco é criar empregos qualificados e impulsionar o uso de energias limpas na cadeia produtiva. Essa transição pode ajudar a mitigar os efeitos negativos da desindustrialização nas áreas urbanas, promovendo um crescimento mais sustentável e justo.

Desafios demográficos

Cidades como Porto Alegre enfrentam desafios únicos devido a mudanças demográficas, como o crescimento populacional nulo ou negativo. Com menos pessoas em idade ativa e uma população envelhecida, é crucial repensar o futuro dos sistemas de transporte coletivo. Novas estratégias devem ser desenvolvidas para adaptar as infraestruturas a essas realidades.

Impacto da era digital

A digitalização transformou não apenas o mundo do trabalho, mas também como as instituições de ensino operam. A diminuição no número de alunos e a adoção de modelos híbridos de educação alteram significativamente os padrões de deslocamento nas cidades e suas periferias, exigindo novas abordagens na organização do transporte urbano.

Gentrificação e revitalização urbana

A gentrificação, especialmente em áreas industriais antigas, apresenta um dilema entre a preservação do patrimônio histórico e a necessidade de revitalização urbana. O desafio é encontrar um equilíbrio que respeite a memória cultural enquanto promove o desenvolvimento sustentável. Urbanistas devem adotar abordagens inovadoras que integrem tradição e modernidade.

Conclusão

Para enfrentar esses desafios, é essencial estimular um debate abrangente entre urbanistas, planejadores e gestores. A busca por soluções de mobilidade urbana deve integrar tradição, modernidade e sustentabilidade, promovendo cidades mais inclusivas e habitáveis. Encoraja-se uma abordagem colaborativa para desenvolver sistemas de mobilidade que atendam às necessidades de todos os cidadãos, garantindo um futuro urbano mais resiliente e adaptável.

* Servidor do Trensurb

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.


Edição: Katia Marko