É o retorno de parcerias a bandeira que precisamos hastear
Nesse 1º de dezembro, no Distrito Federal, aconteceu o movimento Tempo de Plantar, mutirões de plantios de Árvores Nativas do Cerrado. Pela iniciativa de pessoas comuns, e apoio de instituições, voluntários plantam as mudas. Quem participa é cadastrado, assumindo o compromisso de cuidado com a muda plantada.
Este conto é escrito a muitas mãos, que há anos lutam para que a consciência de plantar se estenda por todo o Cerrado. No Distrito Federal, o Tempo de Plantar cresce a cada ano e, em sua 6ª edição, transformou-se em política pública, com vantagens tributárias para quem planta.
Interessante acompanhar que a Terra, centro da mística espiritual, por fim, aqui começa a tocar sua raiz nas políticas de regeneração. Já sabemos do futuro, e iniciamos o que temos hoje. Temos Sementes!
Aqui, temos, e trocamos sementes! Encontrar parcerias é o legado de Nación Pachamama, que tem suas raízes no sonho fraterno da união de todas as crenças, cores, reinos num centro devoto ao Mistério de Criação.
Para muitas mentes que ouvem ao longe, isso é o mistério dos mistérios, mas é a linguagem de um povo originário que (re)enraíza e se expande. Conhecendo ou não o Canto Sagrado da Mística Andina, somos toda a gente desta Nación Pachamama. Aqui se encontra o sentido para uma consciência de semeadores.
Esta é a Mística da Pachamama nos Tempos de Natal! Falamos, sim, do Sonho de Árvores Vivas à nuestra Madre Tierra! Trazemos à memória nossa fraternidade humana. Somos o tempo da Mística reverente à Pachamama, à Tayta Inti e ao Amor que somos.
Árvores de Baobá no Cerrado
No Tempo de Plantar de 2024, semeamos coletivamente Árvores de Baobá! Há uns meses, no Cerrado da Chácara Ipê Amarelo, iniciamos um canteiro de mudas de Baobás. O missionário, que já plantou, e distribuiu, com o MST e outros movimentos da Pachamama, mais de 12.000 árvores de Baobá, trouxe de Recife a ideia de semear no Cerrado.
Nesse conto, a Nación sem fronteiras nos apresentou, e pela Ong Pachamama estamos em parceria na missão de distribuir 1000 árvores de Baobá em comunidades quilombolas, em Terreiros, em casas de matriz africana e nas comunidades da Nación Pachamama.
O Baobá é uma relíquia africana que incorpora o símbolo de resistência, de resiliência às condições extremas do meio ambiente. Resplandece em clima extremo, atingindo notável longevidade milenar. Suas folhas são nutricionalmente ricas e comestíveis.
Nada estranho que Nación Pachamama foi atraída por uma das árvores da vida da Mãe Terra que é um altar, que estabelece uma religação milenar dos mitos e ritos da ancestralidade, que é a memória abolicionista, que é uma escultura da beleza, que é o sonho de longevidade às criaturas da Terra.
No dia grupal de plantio de árvores, entramos nessa contação entregando à Terra três mudas de Baobá. Contamos aos jardineiros um projeto inútil, diz a mente óbvia, mas pleno de poesia, diz o coração que ama as estórias e seus contos de transformação.
É para sonhadores escutar estórias de Natal. Em tempo de guerras internas, é ousadia escolher contar uma estória que não conheceremos o fim. A árvore de Baobá atinge sua maturidade pelos 1000 anos. É pura revolução poética deixar como legado a distribuição de 1000 árvores de Baobá nos quintais da Ma, nos centros da Ialorixá, nas comunidades de Nación Pachamama!
Um sonho espraiado no SUS
Está escrito que é este o tempo de plantar e o tempo de parcerias! E como abundantes os frutos de uma árvore, também contamos que a consciência Pachamama encontra parceiros no SUS do Distrito Federal!
Há anos, um médico louco, apaixonado por Pachamama, escolheu compartilhar seus recursos de tempo, de conhecimento, e plasmar o projeto de capacitação de servidores no sonho da Rede de Hortos Agroflorestais Medicinais Biodinâmicos (RHAMBs).
O propósito é visionário, na intenção de criar vínculo com Pachamama, na disponibilização de plantas e medicina naturais, e, de modo especial, na memória ancestral da maior parte da população da Capital que deixou o vínculo com a Terra.
Em parceria fraterna, estamos ajudando na formação de hortos na periferia do Distrito Federal. Estamos testemunhando a inovação na saúde pública e aprofundando na consciência do retorno à liberdade para viver e coexistir como humanidade, num vínculo de respeito e harmonia com a terra.
Como o Divino Mistério, a Consciência Pachamama recebe muitos nomes, Tempo de Plantar, Baobá, RHAMBs. É o retorno de parcerias a bandeira que precisamos hastear. Pela parceria, pela fraternidade, podemos lembrar e reviver nosso vínculo de sangue e nosso contato íntimo com a terra, Pachamama. Somos todos irmãos. Se for um desafio compreender Isso, Somos todos parentes!
A Consciência de Plantar – Sementes, Amor – traz, sim, um desafio: unirmos nossa humanidade ao instinto de sobrevivência, intrínseco e transformador. Se tanto faz estar vivo ou não, o desafio não é para você. Se eu quero mudar tudo, não escondo mais a Semente!
É este o tempo de unir todas as Místicas! Quantos regalos colocarei embaixo da Árvore da Vida? Qual meu conto? 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90? Para chegar à centésima clareza, Planto!
Lembremos de que a força subversiva da vida só espera nossa intenção. Que escolhemos? Ignorar a absurda bondade da Existência? Oferecer abrigo à semente?
Agora já sabemos o que fazer com a idade que temos!
* Rosaluz e don Pablo, ativistas da Nácion Pachamama
* Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko