Punhal verde amarelo foi sacado da bainha, continua operando em várias instâncias e ainda nos ameaça
É mentira!
E se fosse verdade, não seria crime.
E se fosse crime, deveria ser anistiado.
E se não houver anistia, há abuso de poder. E haverá reação.
E a reação será aquela programada, que falhou: impeachments, no Supremo Tribunal Federal (STF) e deposição do presidente eleito. E para que não ameacem voltar, a morte. Por acidente, veneno ou bala.
Como discutir com gente que acredita nisso, e que espalha versões de fatos ignorando a realidade, usando argumentos deste naipe, e ainda se mantém ocupando espaços relevantes nas redes de comunicação e em instituições públicas federais, estaduais e municipais?
As reações ao anúncio do ministro da Fazenda Fernando Haddad, tratando da redução de impostos para os da base da sociedade e da ampliação de arrecadação entre os do topo, neste momento em que o Brasil vivencia algo próximo do pleno emprego, também se enquadram no mesmo contexto.
Envolvem a manipulação da opinião pública e a captura de grupos que não entenderam a proposta e seu significado, por golpistas ressentidos que, estes sim, com certeza, a entenderam muito bem. São contra, os do contra, por motivos distintos. E todos eles não querem discutir o assunto nem as razões por traz da alta do dólar .
Afinal, vamos ser honestos: colocar recursos no mercado elevando impostos para quem ganha mais de R$ 50 mil, e aliviando a carga dos que ganham menos de R$ 5 mil, é ruim para a economia, ou injusto para a sociedade?
As isenções de impostos para setores transacionais, a supressão de indignidades como aqueles benefícios a famílias de militares falecidos ou precocemente aposentados, e a garantia de salário vitalício a juízes e desembargadores venais, ou o desmascaramento de formadores de opinião que contribuem para erodir a democracia, não seriam vergonhas nacionais do tipo a ser corrigido? Isso não é parte do muito que precisa avançar e que merece ser esclarecido?
Ora, quando Bolsonaro isentou de impostos as motos aquáticas de ricos, estes mesmos que hoje se mostram indignados, acharam ruim? E o que dizer agora, quando mostram os dentes e uivam em alcatéia porque Haddad anunciou impostos sobre jet skys, lanchas de luxo, helicópteros e jatinhos? Que tipo de gente é esta que grita ver, na correção de iniquidades, artimanhas contra os direitos ao usufruto do bom e do melhor, por parte daqueles poucos que debocham da democracia e se esbaldam às custas do enfraquecimento da capacidade protetiva do Estado, em relação à maioria dos brasileiros?
E a possível cassação do deputado federal Glauber Braga (Psol), que resume este quadro, estaria indicando o quê?
Que é crime, chutar a bunda de um provocador e não é crime provocar, colocando a mãe no meio, até a desestabilização de parlamentares reconhecidamente comprometidos com a democracia?
Comentando a fala espetacular da deputada federal Luiza Erundina (Psol), que deveria reverberar em todas as redes de rádio e TV, Glauber abriu mão de todas as testemunhas e do seu direitos a recursos, para ter julgamento imediato. Sobre suas atitudes, ele disse: “Todos sabem do que se trata e não há necessidade de maiores prazos”. E disse isso depois de ter sido novamente assediado por provocadores com livre acesso à câmara federal, quando mulheres que pretendiam expor o sofrimento relacionado à sua violação, e exigir direito de autonomia sobre seus corpos, ou o repúdio à necessidade de reconhecer estupradores como pais de seus filhos, são impedidas de ali entrar.
O que pensar dos golpistas que defendem aquele cabra da peste que se prepara, de novo, para fugir, e que há pouco não só elogiava a tortura como dizia que algumas mulheres não seria estupradas, por ele, porque não lhe pareciam bonitas o suficiente para aquele martírio.
E vejam que são sempre os mesmos. Os golpistas que vão cassar Glauber, querem calar as mulheres, roubar dos indígenas seus territórios, manietar o governo e ainda estão pedindo o fim do preceito constitucional relacionado à função social da terra.
Mas ficando a intenção de desmoralizar de vez o congresso... querem retirar de lá o Glauber Braga porque ele luta contra estas coisas que desmascaram a venalidade de uma maioria ali estabelecida. Os golpistas têm sobrenomes e uma linhagem que, com estas práticas, já retirou da cena política brasileiros de escol, como Darcy Ribeiro, Leonel Brizola, Luiz Carlos Prestes, João Goulart, Rubens Paiva e tantos outros. Se limitam a isso, neste momento, porque lhes fugiu a oportunidade de matá-los? E depois disso, se não reagirmos, o que virá?
Nesta semana há muito a ler e pouco mais a ser dito. O punhal verde amarelo foi sacado da bainha, continua operando em várias instâncias e ainda ameaça a todos nós.
Se não formos às ruas, agora, mais adiante, quando eles se atreverem a entrar em nossas casas, será tarde demais.
Um música?
Para que não repita aqui o que ocorreu no Chile, no momento em que aquele país tentava alçar voo soberano. E para que Victor Jara não seja esquecido: Canto libre.
* Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Edição: Vivian Virissimo