Rio Grande do Sul

MEIO AMBIENTE

UFRGS quer gerir monitoramento de mudanças climáticas no RS

Reitoria busca investimentos para desenvolver sistema de alerta antecipado contra desastres ambientais

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Reitora Marcia Barbosa e o vice-reitor Pedro Costa em coletiva de imprensa na UFRGS - Marcela Brandes

No dia de comemoração dos 90 anos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), nesta quinta-feira (28), a Reitoria realizou uma coletiva de imprensa para anunciar a intenção de desenvolver uma Secretaria Especial de Emergências Climáticas e Ambientais (SEECAM) e a busca de investimento público e privado para fundar um Centro de Gestão de Riscos similar ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

“Nesses 90 anos passamos por momentos muito interessantes na nossa história. Quando falar era muito perigoso nesse país, essa universidade se expressou. Essa capacidade de falar em momentos difíceis é uma assinatura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Por isso que hoje estamos trazendo um documento sobre a emergência de enfrentar a crise climática no Estado”, destaca a reitora Márcia Barbosa. 

A proposta surgiu no Seminário A UFRGS na Emergência Climática e Ambiental, ocorrido nos dias 18 e 19 de novembro de 2024. O evento contou com cerca de 168 participantes, pesquisadores e pesquisadoras, que realizavam trabalhos paralelos de meio ambiente, saúde e educação e resolveram unir esforços por uma solução conjunta para a crise climática.

“A gente tem que agir para fora da universidade. O Estado está muito marcado com eventos muito dramáticos de mudanças climáticas, que afetaram efetivamente nossa população. Com isso, a UFRGS busca uma ação efetiva nesse problema que tem uma escala global. Mas principalmente por termos vivido perdas tão significativas, tão próximas, tão grandes, fica mais que sinalizado que não estamos falando de algo abstrato. Vamos utilizar o desenvolvimento científico de base para dar tranquilidade à comunidade. Esse diálogo com a universidade pública precisa acontecer”, declara o vice-reitor Pedro Costa.

Os projetos apontam para uma proximidade da universidade com a população. Segundo a reitora, querem usar o melhor das pesquisas para ter uma resposta e gerar um atendimento à sociedade, transmitindo orientações e informações à comunidade como um todo. “Quanto mais soubermos o que está acontecendo agora, melhor vai ser o resultado no futuro para a agricultura, moradia, engenharia, entre diversas outras questões."

Segundo a reitora, o desafio político é fazer com que as pessoas acreditem na capacidade da UFRGS, por isso o projeto visa informar o trabalho importante que a instituição vem realizando. “Os governos desconheciam o que a gente tinha a oferecer. Não precisa vir ninguém de fora", destacou a reitora quanto à contratação de consultoria externa para mitigação dos riscos de enchentes.

Gestão de Riscos


UFRGS anuncia criação de Secretaria Especial de Emergências Climáticas e Ambientais e Centro de Gestão de Riscos / Foto: Marcela Brandes

A proposta da Secretaria Especial de Emergências Climáticas e Ambientais (SEECAM) foi submetida ao Conselho Universitário da UFRGS e aguarda aprovação. A SEECAM é a primeira etapa do projeto que visa informar as ações da universidade quanto à gestão de risco para a comunidade, através de informativos ou formações de alunos e profissionais como um todo.

A segunda etapa do projeto pretende construir um Centro de Gestão de Riscos em parceria com todas as universidades do estado para ampliar e melhorar o sistema de alerta antecipando desastres ambientais.

“Nas questões de emergência climática e ambientais, a UFRGS terá uma manifestação própria a partir do conjunto e da articulação desta Secretaria, criando uma política interna e externa com uma sinergia entre todas as universidades do estado para gerar algo equivalente ao IPCC.”

O projeto foi entregue à bancada gaúcha no Senado e na Câmara dos Deputados em busca de investimento inicial de R$ 45 milhões. Também haverá captação de recursos da iniciativa privada. “As mudanças impactam todo mundo”, afirma Márcia.


Edição: Katia Marko