O advogado Felisberto Seabra informa que a construção de cinco torres do Grupo Zaffari no bairro Praia de Belas deve ser analisado e votado nesta quarta-feira (13). Os moradores da região e do Menino Deus estão protestando e conseguindo adiar uma decisão por várias sessões do Conselho do Plano Diretor. Agora, outra reunião analisará a questão destes espigões, que na avaliação dos moradores causam danos e mudam radicalmente a paisagem de toda a região, ou será postergada para outra ocasião. O Conselho se reúne todas as quartas-feiras.
O empreendimento imobiliário do Grupo Zaffari é de grande porte no Praia de Belas, em Porto Alegre. O projeto inclui a construção de uma torre de 130 metros de altura, duas torres de 100 metros e outras duas de 85 e 61 metros. Ele é considerado um marco arquitetônico para a cidade, ultrapassando os limites de altura permitidos pelo Plano Diretor, que estabelece 52 metros como a altura máxima para a região, ficando na categoria de “projetos especiais”, previsto no Plano Diretor da cidade.
A sua localização está no quarteirão formado pelas Avenidas Borges de Medeiros e Praia de Belas, e pelas Ruas Dr. Alter Cintra de Oliveira e Rua Peri Machado, em área que já abrigou a extinta Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH). Os terrenos foram negociados pela construção de um presídio, já concluído.
Seabra, considerado um dos mais preparados e incisivos críticos do projeto privatista em implantação há 20 anos em Porto Alegre por grupos imobiliários, é contra a liberação da iniciativa do Grupo Zaffari. Ele diz que as análises e os pedidos de flexibilização das normas urbanísticas para autorizar a construção são lentas porque há pedidos de vista frequentes. “Eles querem a cidade para os negócios. A cidade tem que ser da cidadania”, disse Felisberto.
A Acomapa – Associação Comunitária dos Moradores e Amigos de Porto Alegre, Núcleo Menino Deus – está chamando um abraço de protesto ao local no dia 23 de novembro, a partir das 15h. Seabra, do Plano Diretor, acha que o movimento será muito tardio e talvez não resolva mais nada e nem sirva como protesto, já que o assunto poderá ter andamento decisivo antes disso. Os moradores alegam, por sua vez, que a vizinhança pode se preparar para dar adeus à brisa e ao sol. “A gestão municipal diz que não é necessário realizar consulta pública no pós-inundação. Qual é a opinião dos moradores vizinhos ao empreendimento?”, alerta mensagem no Facebook.
A associação também garante que as torres prejudicarão a visão do Guaíba, do Parque Marinha do Brasil, da insolação, da ventilação, insalubridade e desvalorização dos imóveis da área, além do impacto no meio ambiente, esgoto, fornecimento de água, tráfego e tantas outras coisas.
Histórico
Em 2017, o então governador do RS José Ivo Sartori (MDB, 2015-2018) e o Grupo Zaffari assinaram a permuta de uma área no bairro Praia de Belas, que pertencia ao Estado, pela construção da nova Penitenciária Estadual de Porto Alegre por parte do empreendedor. O trâmite havia iniciado ainda na gestão anterior, de Tarso Genro (PT, 2011-2014). A entrega da contrapartida aconteceu em 2018, com o investimento de R$ 24 milhões.
No quarteirão ainda está o prédio (hoje sem uso) que abrigou a Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), extinta em 2016. Em parte da área está instalado o Parque Tupã.
O arquiteto José de Barros Lima, do escritório ZBL Arquitetura, apresentou a proposta em reunião pública do Conselho do Plano Diretor no dia 16 de outubro. O relato favorável, apresentado na mesma reunião, foi feito pela conselheira Sônia Castro, representante do Gabinete do Prefeito.
Características e atividades do empreendimento
• Endereço: Avenida Borges de Medeiros, Rua Dr. Alter Cintra de Oliveira, Avenida Praia de Belas e Rua Peri Machado
• Área do terreno: 28.966,39 m²
• Área do empreendimento: 151.186,66 m²
• Composição do projeto: 5 prédios (3 residenciais, 1 serviço e 1 misto), com base comercial e estacionamento
• Vagas de estacionamento: 1.783 boxes (vagas)
• Unidades residenciais: 364 apartamentos
• Unidades comerciais: 344 conjuntos
• Atividade âncora: supermercado + espaço comercial
• Alturas: de 61 metros a 130 metros (regramento atual é de 52 metros)
Edição: Katia Marko