O Conselho do Plano Diretor analisou e aprovou na noite do dia 30 de outubro o Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) de empreendimento no terreno do antigo Ginásio da Brigada Militar, na esquina das avenidas Ipiranga e Silva Só. O local é um quarteirão formado pelas ruas Felipe de Oliveira e Alcides Cruz. A previsão é construir ali três torres de até 66 metros de altura. Serão 45 mil metros quadrados de área construída. Na área há também um projeto de pavimento de lazer, com lojas e restaurantes.
O Conselho deu, assim, atestado de viabilidade urbanística ao projeto especial da construtora Melnick. No encontro foram apresentadas as condicionantes de mobilidade, circulação e trânsito, bem como de amortecimento pluvial e implementação de áreas de lazer equipadas.
A tramitação do projeto de engenharia e arquitetura deve ser apresentado num prazo de até 18 meses.
O empreendimento, em conjunto, terá 402 unidades residenciais (apartamentos), 297 vagas de garagem residenciais e 241 vagas comerciais. Está prevista a possibilidade de cruzar o quarteirão, entre a Ipiranga e a Felipe de Oliveira, por dentro dos prédios. A área do terreno é de 9.673,57m² e de 45.178,47m² de área construída.
O antigo prédio do Ginásio da Brigada Militar foi destruído em temporal em outubro de 2017. Em 2018 o Governo do Estado tentou leiloar o terreno, mas, sem sucesso, recorreu ao recurso adotado pouco antes naquele mesmo ano e permutou a área em troca da construção da Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul, com investimento anunciado de R$ 44 milhões. A permuta foi com a empresa Verdi, mas o empreendimento é da Melnick, já que as empresas negociaram a incorporação.
O Plano Diretor classifica projetos arquitetônicos e urbanos pelo impacto e a complexidade de um empreendimento. Os Projetos Especiais de Impacto Urbano de 2º grau são aqueles maiores de 5 mil metros quadrados na região mais próxima ao Centro e a partir de 10 mil metros quadrados em outras áreas da cidade que sejam de ocupação intensiva. Também se considera de grande porte o empreendimento ou atividade com área adensável superior a 30 mil metros quadrados ou com guarda de veículos superior a 400 vagas.
Viabilidade Urbanística
Destes projetos é exigida a apresentação de um Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU) antes de ser apreciado e ter sua execução autorizada. Também nestes casos é exigida a apreciação pelo Conselho do Plano Diretor, que, além de representantes da prefeitura, reúne sociedade civil organizada e representantes comunitários.
Os projetos do Grupo Zaffari no bairro Praia de Belas ficaram para análise na próxima reunião do Plano Diretor, dia 6 de novembro, em razão de pedidos de vista. Ao todo, a empresa propõe três prédios residenciais com 306 apartamentos, uma torre mista com 208 salas e 58 apartamentos, um outro prédio de serviços com 136 salas, além de um supermercado, um espaço comercial e estacionamento para 1.783 carros. As torres variam de 61 metros a 130 metros em área próxima ao shopping Praia de Belas, onde antigamente ficava a Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos.
As pendências com os moradores do bairro Menino Deus são complicadas, o que têm gerado pedidos de vista em função da altura dos prédios. O Plano Diretor para a área prevê 52 metros. O conselheiro Felisberto Luisi reuniu-se com moradores do bairro e articulou o início de uma oposição ao projeto, levando em consideração aspectos ambientais e paisagísticos. “Entendemos que não é um projeto compatível com a região”, disse o conselheiro.
O projeto é de autoria do arquiteto José de Barros Lima. Na apresentação ao Conselho no dia 16 de outubro, ele destacou que a proposta criava um novo marco arquitetônico na cidade. Uma das questões, no entanto, é o sombreamento que causará no bairro por conta da altura dos edifícios, ainda que a torre mais alta tenha uma construção perpendicular à Borges e à Praia de Belas, reduzindo esse impacto. Estudos de sombreamento considerando as estações foram anexados ao processo.
O grupo de moradores do Menino Deus quer, antes da sequência da tramitação do projeto, a realização de Estudo de Impacto Ambiental, Estudo de Impacto de Vizinhança, audiência pública e maior participação da comunidade do entorno na discussão.
Edição: Katia Marko