Betina Worm e Tamyres Filgueira são as vices escolhidas para disputar a prefeitura de Porto Alegre nas chapas de Sebastião Melo e Maria do Rosário. Betina saiu direto do quartel para disputar a eleição. Não tem experiência política, nem ativismo em alguma das causas importantes da vida da cidade. Tamyres, ao contrário, é participante de movimentos sociais desde os 16 anos. Conhece a vida política dos partidos. As duas praticamente são desconhecidas dos eleitores ou apenas nos seus círculos de atuação. Aqui, apresentamos um pouco da história de cada uma delas.
A candidata a vice de Sebastião Melo (MDB) é Betina Worm, 59 anos, quase 25 anos de carreira militar e indicada pelo PL de Jair Bolsonaro. Natural de Porto Alegre, tem uma filha de 20 anos e está fazendo a sua estreia na política. É desconhecida do público eleitoral e é pouco citada. Estudou no Instituto de Educação Flores da Cunha, no Colégio Marista Rosário, se formou em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e realizou sua residência médica veterinária no hospital da universidade. Por dez anos, Betina trabalhou em clínica veterinária no bairro Bom Fim.
No Exército, Betina começou em 2000, no Rio, como tenente temporária no Instituto de Biologia do Exército. Em 2001, após passar em um concurso público, fez o Curso de Formação de Oficiais na Escola de Saúde do Exército e ingressou como 1º tenente, assumindo uma vaga em Nova Santa Rita (RS), onde atuou por cinco anos no 3º Batalhão de Suprimentos.
Só em 2007, voltou a Porto Alegre, onde trabalhou na 3ª Região Militar e, depois, no 3º Grupamento Logístico, focando na gestão e aquisição de suprimentos de saúde e segurança alimentar. Em 2022, foi promovida a Tenente Coronel e transferida para o Comando Militar do Sul, atuando na gestão de processos logísticos e no apoio durante a pandemia da covid-19 e a enchente, com foco nos suprimentos e na saúde animal.
Ela entrou na política por acaso. Foi um convite, uma surpresa e agora virou uma missão, nas palavras dela. “Quando houve o convite do PL para que eu concorresse a vice, até pensei que seria para outra pessoa. Achei que não seria interessante. Uma coisa é ser vice de um prefeito que admiro e gosto, outra seria ser de alguém que eu não gosto, não concordo. Seria inviável. É uma forma de fazer a diferença”, diz. “Tenho a disciplina e hierarquia do Exército. Sou competente nos cuidados, na gestão, valorizando o emprego correto do dinheiro público”, garante.
Betina foi convidada para concorrer pela Comandante Nádia, vereadora, e pelo deputado federal Luciano Zucco, dois políticos que seguem a liderança de Bolsonaro. “Sei que posso fazer a diferença. Sei que não tenho a experiência de políticos, mas sou uma pessoa correta, honesta, que quer o melhor para a cidade”, afirma.
A candidata diz que não gosta da esquerda e das suas políticas e se identifica com valores de direita. Diz que, se eleita, vai se envolver com questões da proteção contra cheias, segurança, saúde e facilitar acesso a creches e educação.
Tamyres Francis Carvalho Filgueira é a candidata a vice de Maria do Rosário na chapa do PT, está com 37 anos. É filiada ao Psol e servidora pública federal. Nasceu em Porto Alegre e acha que é fundamental a participação popular para se conseguir avançar em direção a uma sociedade mais justa. Nasceu em família pobre, passou necessidades e conta que encontrou na política um meio de lutar por mais igualdade social e oportunidades.
Trabalha atualmente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul “graças às políticas públicas”. Também teve passagem por fábricas metalúrgicas e pela Carris como cobradora. “Ali aprendi que o transporte público é uma ferramenta de segregação das camadas mais simples da sociedade”, afirma.
Pontos fundamentais que vai se empenhar, caso seja eleita, é cuidar da educação e do aumento de vagas nas creches para as mães trabalhadoras. “A prefeitura não dá essa garantia hoje. Melo prometeu zerar as vagas nas creches e não fez. Assim como na saúde: a fila da espera para atendimento especializado é a maior da história de Porto Alegre e quem está morrendo na fila do SUS é o povo pobre”, garante.
Tamyres diz que outra batalha importante na sua carreira é lutar contra o racismo. Ela acha que é preciso superar esta “barbaridade”. A candidata saiu do ensino fundamental por sofrer bullyng com relação ao seu cabelo, a sua cor e da sua suposta falta de inteligência, já que era constantemente chamada de “burra”. Era um pesadelo. Passou depois para o Colégio Júlio de Castilhos, onde descobriu os movimentos sindical e negro e decidiu militar nestas organizações “com todo empenho até hoje”. Trabalha também no Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da UFRGS.
Ela foi escolhida para acompanhar Maria do Rosário na chapa da esquerda em convenção do Psol. “O partido queria uma mulher negra e fui escolhida pela minha militância.” O histórico político de Tamyres vem desde os 16 anos no PSTU e depois no Psol.
Acredita em vitória nas eleições, mas até lá vai ser uma batalha renhida, afirma. “O povo está desprotegido com Melo na prefeitura. Basta ver a sua omissão nas enchentes. O prefeito e seus seguidoress trataram os problemas com negacionismo e nós vamos tratar com seriedade. Precisamos viver com qualidade de vida, sustentabilidade. Não podemos viver com medo”, diz.
Edição: Vivian Virissimo