A democracia, o mundo sem ódio e a honestidade política devem muito ao ex-presidente uruguaio, José Pepe Mujica, 89 anos. Em cada manifestação, palavras emocionantes e clamor por um mundo melhor. Neste sábado (19), em discurso no comício da Frente Ampla na Praça 1º de Maio, em Montevidéu, ele fez o público chorar. Crianças, jovens, casais, idosos não suportaram a dor quando ele afirmou que está “lutando contra a morte” e fazer um gesto de despedida aos apoiadores, militantes e eleitores. Mujica enfrenta um câncer no esôfago, que o tem levado seguidamente ao hospital para tratamento.
“É a primeira vez nos últimos 40 anos que não participo de uma campanha eleitoral. E eu faço isso porque estou lutando contra a morte. Porque estou no final da partida, absolutamente convencido e consciente”, disse. Líder histórico do Movimento de Participação Popular (MPP), partido que compõe a Frente Ampla que disputará a presidência do Uruguai no dia 27 de outubro, Mujica saudou o candidato Yamandú Orsi e afirmou que ele é a esperança para “os novos tempos”.
Apesar da sua condição de saúde, afirmou que não poderia ficar de fora do evento e apontou o futuro com novas lideranças. “Sou um velho, sou um velho que está muito, muito perto de onde não se volta. Mas eu sou feliz porque vocês estão aqui, porque quando meus braços se forem, haverá milhares de braços substituindo-os na luta, e toda a minha vida eu disse que os melhores líderes são aqueles que saem de uma equipe que os supera com vantagem”, garantiu. “E hoje estão vocês, está Yamandú, está Pacha (candidata a vice). Há milhares e outros que esperam e outros braços jovens, porque a luta continua por um mundo melhor”, complementou.
Mujica afirmou que só segue vivo graças aos cuidados de sua esposa, Lucía Topolansky, da sua médica e de seus companheiros de partido. Ele, que presidiu o Uruguai de 2010 a 2015, defendeu a necessidade de um governo que "abra o coração e a cabeça com todos do país".
“Até sempre! Dou meu coração a vocês. Muito obrigado. Tenho que agradecer à vida, porque quando esses braços se forem, haverá milhões de braços. Obrigado por existirem. Até sempre”, declarou.
Edição: Katia Marko