Rio Grande do Sul

Mobilização

Ato unificado dos servidores do RS pede reposição salarial de 10,14% e critica PPPs na educação

Manifestantes de 42 entidades se reuniram diante do Palácio Piratini para denunciar a precarização dos serviços públicos

Sul21 |
CPERS e FSP/RS protestam por revisão geral dos salários e outras pautas dos servidores públicos do estado - Foto: Isabelle Rieger/Sul21

O Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS) e a Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (FSP/RS) realizaram, na manhã desta sexta-feira (11), um ato estadual unificado em frente ao Palácio Piratini. O evento, que reuniu centenas de servidores estaduais, visou pressionar o governo de Eduardo Leite (PSDB) a atender às reivindicações da categoria, que incluem a revisão geral dos salários, oposição às Parcerias Público-Privadas (PPPs) e implementação de gestões democráticas nas escolas, com a eleição de direções de “forma justa”. 

Em nota, o CPERS afirma que, desde 2014, os servidores enfrentaram perdas acumuladas superiores a 60%, enquanto o reajuste salarial foi de apenas 6%. Essa situação resultou em um crescente endividamento e na corrosão do poder de compra dos trabalhadores, segundo o sindicato. Além disso, há a falta de reenquadramento para muitos funcionários escolares e a irredutibilidade, que afetou mais de 26 mil professores aposentados.

Outro ponto destacado foi o plano do governo de entregar a administração e manutenção de 99 escolas à iniciativa privada — sem interferência na gestão pedagógica, segundo a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) –, mesmo com “2.300 escolas enfrentando problemas de infraestrutura”, conforme mencionou a deputada Sofia Cavedon (PT). A medida terceirizaria serviços essenciais como merenda, manutenção e gestão escolar. Durante o ato, essa proposta foi  criticada por meio de cartazes, camisetas, placas e discursos, com a defesa de que “a educação pública deve ser tratada como um direito, não como um negócio”.

“Nós somos contra as PPPs, porque é a privatização da gestão da escola, principalmente da merenda e da manutenção. E a merenda, para nós, é muito cara, porque os nossos funcionários conhecem os nossos alunos. Sabe aquele aluno que tem que botar um pouquinho mais de merenda? Então. E na terceirização as empresas poderão fazer, a gente sabe, um rodízio muito alto, e assim as pessoas não conhecem as crianças. O estudante é quem vai perder com essa proposta”, afirma Helenir Schürer, presidente do CPERS.


Helenir Schürer, Presidente do CPERS / Foto: Isabelle Rieger/Sul21

Alex Saratt, vice-presidente do CPERS, também reforçou a oposição e o combate às chamadas parcerias público-privadas por parte do sindicato. “Para nós, na educação, a única PPP que vale é o projeto político-pedagógico, aquele que estrutura a vida orgânica das escolas e permite que possamos fazer educação com compromisso e qualidade”, disse.

Em relação aos objetivos da manifestação, Saratt afirmou que: “Em primeiro lugar, queremos não dar um segundo de sossego a este governo que sonega os direitos da população gaúcha ao precarizar e sucatear os serviços públicos através do arrocho salarial que acontece com os nossos colegas que cumprem as mais diferentes funções de atendimento e assistência à população gaúcha”. 

No decorrer do ato, foi entregue à Assembleia Legislativa, em nome da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e das demais entidades que compõem a FSP/RS – coletivo que reúne mais de 20 associações representativas –, uma emenda ao PL 287/2024 solicitando 10,14% de reajuste salarial para servidores ativos, inativos e pensionistas, dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Tribunal de Contas, Defensoria Pública, autarquias e fundações públicas estaduais. Em justificativa, foi pontuado que o valor se encontra dentro do limite prudencial.

A pauta geral dos servidores também pautou a manifestação.  Para o presidente do Sindicaixa, Érico Corrêa, Leite beneficia apenas a “elite” do Estado. “Por que o governo não faz concurso? Por que o governo sucateia, vende o que é público, como fez com a Corsan, com a CRM e com muitos outros? Portanto, nossa tarefa é construir a resistência. Nós precisamos saber que temos que derrotar Eduardo Leite. Eduardo Leite não é nosso aliado. Eduardo Leite é aliado da burguesia deste Estado. Eduardo Leite tem ambições pessoais ligadas aos ricos e quer, assim, nos atacar cada vez mais”, disse. 

Ao falar sobre os aposentados, especialmente sobre os “mais antigos no serviço público”, Corrêa disse que apresentou uma denúncia aos organismos de direitos humanos sobre o tratamento dado a eles pelo governo. “Eduardo Leite condena os nossos aposentados à miséria. Ele faz reestruturações de quadros e simplesmente aniquila os aposentados, aniquila os mais antigos, como se estes não tivessem que comer, vestir e viver”, conta.

Fabiano Zalazar, secretário-geral do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (Sindjus-RS), destacou que o desafio agora é enfrentar as eleições municipais, que estão conectadas com as de 2026, “para demitir Eduardo Leite, demitir o governo e demitir as políticas neoliberais que estão acabando com os nossos direitos e com as nossas vidas”.

Os participantes do ato vieram de diversas cidades do Estado. Ao todo, 42 entidades estavam presentes.


Foto: Isabelle Rieger/Sul21

Edição: Sul 21