Rio Grande do Sul

MEMÓRIA

Estudantes da UFRGS têm aula vivencial na Casa Diógenes Oliveira

Projeto de extensão do curso de História proporciona ao alunos contato afetivo e humano com a trajetória do guerrilheiro

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Casa fechou convênio com a extensão da UFRGS e vai receber, periodicamente, estudantes para visitação - ana c.

Café, chimarrão, bolo e muitas histórias. Assim foram recepcionados os alunos da disciplina de Estágio de Docência em História - Educação Patrimonial da UFRGS na Casa Diógenes Oliveira, na noite desta terça--feira (1º). Como quem entra para visitar um avô querido, estudantes e professores são conduzidos por uma aula vivencial guiada, através do clássico casarão da Cidade Baixa, que abriga as mais marcantes memórias de resistência contra a ditadura em Porto Alegre.

Ali residiu Diógenes Oliveira, guerrilheiro e militante, e ainda hoje permanece ali sua história, suas imagens e a potência do seu afeto.


Ali, residiu Diógenes Oliveira, guerrilheiro e militante, e ainda hoje permanece ali sua história, suas imagens e a potência do seu afeto / ana c.

Foi a segunda vez que esta atividade aconteceu em parceria com o curso da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e agora ela veio para ficar. A Casa Diógenes Oliveira fechou um convênio com a extensão da UFRGS e vai receber, periodicamente, estudantes para visitação. 

Os alunos mediadores pretendem criar uma atividade a exemplo do projeto "Caminhos da Ditadura" para evidenciar a história pela luta democrática que aconteceu na capital gaúcha.

Além dos estudantes e professores da UFRGS, também esteve presente Paulo de Tarso Carneiro, figura presente na luta contra a ditadura e companheiro de luta do Diógenes no período pré-golpe de 1964. Foi com o passaporte dele que o Diógenes foi encontrar o Brizola no Uruguai e, depois, treinar guerrilha em Cuba.


Paulo de Tarso Carneiro, figura presente na luta contra a ditadura e companheiro de luta do Diógenes no período pré-golpe / ana c.

Dentro da casa, referências humanizam o guerrilheiro. Fotos e fatos afetivos são pontuados pelo grupo de mediadores - voluntários - que discorrem sobre a vida e os feitos de Diógenes, fazendo relação com figuras artísticas e políticas, como Víctor Jara e Che Guevara.


Dentro da casa, referências humanizam o guerrilheiro / ana c.

Casa como fonte histórica

Conforme a professora da disciplina Melina Perussatto, a atividade tem um impacto muito positivo na formação docente dos alunos. "A gente é muito condicionado a pensar a docência de História na sala de aula e não em outros espaços como este. Aqui a gente tem a oportunidade de ampliar noção de fonte histórica. A gente se condiciona a pensar fonte só com o documento que está num arquivo. Aqui a gente tem uma casa como fonte histórica, para narrar uma história e construir um fio narrativo para uma aula de História por meio dessas imagens."

Para o aluno Patrick Veiga, a proposta destaca a humanidade das pessoas que resistiram à ditadura. "Não só a ditadura, mas diversas opressões - escravizados, camponeses, servos do feudalismo. A gente acaba pensando o sistema como um todo, como um processo histórico, mas não pensa a pessoa em si. Trazer o espaço escolar para dentro de uma casa como esta, ajuda a pensar estes outros traços da história, que é a personalidade das pessoas, como viveu, como constituiu família… (Diógenes) não é só um guerrilheiro armado, é também um poeta, é um filho, neto, irmão…. Ajuda a quebrar os grandes sistemas explicativos e faz pensar quem é a pessoa e como ele se construiu, porque até mesmo a militância armada é parte de toda essa vivência", afirma.


Mediadores e alunos do curso de História / ana c.

A premissa do projeto é proporcionar esses encontros, debates e conversas - que geralmente acontecem dentro da academia – para a comunidade externa à universidade. 

Visitas podem ser agendadas diretamente com os mediadores, através do Instagram da Casa Diógenes. A equipe também dispõe de roteiros e mediações adaptadas para pessoas com deficiência ou dificuldade de locomoção, tornando a vivência bastante acessível, tanto na parte física quanto na linguagem, estando preparada também para receber diferentes faixas etárias.


 
 

 

 

Edição: Marcelo Ferreira