Urge refletir. Estamos a pouquíssimos dias de uma eleição muito decisiva
Hoje venho convidar vocês a sonharmos juntas, juntes, com outra cidade.
Fecha os olhos, respira fundo e pensa numa Porto Alegre administrada por duas mulheres, por duas feministas, sendo que uma delas é negra.
Sabemos que a atual administração não é que não faça nada, faz: destrói a cidade, dentre outros horrores, decapitando as árvores. Desta vez foram 315 para um condomínio de lixo. Chega a doer ver as coitadinhas deitadas, mortas. É muita violência.
Tivemos as chuvas de maio. Alagamos junto com a cidade e nada foi feito para reparar essa tragédia. (Os bares da orla até hoje estão fechados e seus e suas proprietárias sem poder trabalhar.)
A prova da inação prefeiturística foram as enchentes que produziu a chuva que caiu na semana passada. Uma mulher que mora num térreo, contava que abria a torneira e saía água marrom. O Venê Pub, localizado na rua Joaquim Nabuco, na Cidade Baixa, que perdeu tudo em maio, mas graças à colaboração de tanta gente conseguiu se reerguer, mas na quinta-feira teve que voltar a fechar as portas.
Certamente a culpa não é do Mel(d)o, é dos bueiros que cospem água em lugar de engolir mais essa.
Tem um vídeo da Maria do Rosário que lhe perguntam, se eleita, qual será sua primeira ação. Sem duvidar responde hidrojateamento. O hidrojateamento é uma das tecnologias mais avançadas para limpar fossas e tubulações. Esse processo utiliza jatos de água com alta velocidade e pressão para remover a sujeira. Dessa forma, ocorre a desobstrução completa do encanamento. Nenhum detrito resiste à potência da água.
Disso que a cidade precisa, de limpeza. Mas cuidado, não vamos cair na pegadinha de que as mulheres temos a função da faxina. Entendo que faz parte do senso comum, da obviedade de que toda cidade precisa de manu(A)tenção.
Precisamos limpar a cidade para que não volte a alagar, precisamos plantar árvores, para substituir tanta morte e devolver as casas aos animais. Você já parou para pensar onde vão as aves, os macacos que moravam nessas 315 árvores? E mais outras 40 e outras 350. Árvores, nesse governo, são assassinadas todos os dias. Precisamos deter esse ecocídio!
Vida é vida. Parece uma redundância, mas com esse desgoverno não é.
O sábado passado, que foi nosso 28 de setembro, data latino-americana e caribenha de luta pela despenalização e descriminalização do aborto, conversamos sobre a importância de termos parceiras tanto na prefeitura quanto na Câmara.
Urge refletir. Estamos a pouquíssimos dias de uma eleição muito decisiva. Nossa cidade não aguenta mais 4 anos de Melonaro. E, entre nós, não adianta tirar o Medo para que ingresse o Pânico. Quer dizer, falar em Fora Melo e votar em Juliana, sabendo que ela está junto a Thiago Duarte, do União Brasil, e aliada ao PSDB com Leite, não é nenhuma mudança para nós, é mais do mesmo.
Também precisamos prestar atenção em quem vamos votar para a Câmara. Tem tantas candidatas feministas que dá água na boca de só imaginar elas todas, As Karen, Atena, Juliana, Jane, Grazi, Any. Cola o adesivo no peito, compartilha no feed, no story do Instagram e do zape que é onde mais furamos as bolhas e vamos okupar as ruas e as redes nesses últimos dias, conversar com as pessoas e convidar todo mundo a sonhar com uma mudança real!
Aperta 13 que é o número das Bruxas.
* mariam pessah é ARTivista feminiSta, escritora, poeta e tradutora. Autora de Meu último poema, 2023; Em breve tudo se desacomodará, 2022; entre outros. Organizadora do Sarau das minas/Porto Alegre, desde 2017, e coordenadora da Oficina de escrita e escuta feminiSta. Atualmente também tem uma coluna Conversa in vers(A) no Youtube do Jornal Poesi(A).
** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Edição: Vivian Virissimo