Rio Grande do Sul

Coluna

Até quando eles vão cuspir pro céu?

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Será que vamos nos acostumar com a fumaça que grita? - Divulgação/Imazon
Até quando a ultradireita vai seguir cuspindo pro céu como se isso não for atingir também a eles?

Estamos vivendo um momento extremo, como diz nossa querida e necessária Eliane Brum: estão nos matando. E o preocupante segue sendo o negacionismo.

Será que vamos nos acostumar com a fumaça que grita

Estamos a menos de 3 semanas das eleições e o PT gaúcho não parece ter se dado conta disso.

Será que mais uma vez estaremos enfrentando a misoginia? Não seria difícil de imaginar, ouvindo certos discursos, que pensem que essa vai ser uma prefeitura de causas indenitárias, dado que as candidatas são duas mulheres e, uma delas, negra.

Às vezes penso que as atitudes deles, nem de todos os homens, porém, sempre homens, é se eu não estou presente, que exploda tudo. Como quando uma mulher heterossexual decide terminar o relacionamento, ele não concorda, então dá um tiro nela e depois se suicida.

Esse fogo do agro, pelo Brasil afora, será um pouco isso?

O que acontece com a falta de cartazes nas ruas, de bandeiras com as imagens de Maria do Rosário e de Tamyres? 

É o momento de se importar com que a Prefeitura não vai ser comandada por um homem, branco, hétero, Cis? Será que não é o momento de abraçar a eleição que o próprio partido fez e sair ás ruas a panfletar, conversar com as pessoas, pôr cartazes, levar bandeiras, insisto, conversar com as pessoas, porque o risco de que o Medo continue é muito alto. 

Precisamos tirar o prefeito, amigo das destrutoras da nossa cidade, destrutoras da nossa história, destrutoras de nossos cantos. Urge ter consciência coletiva. Plantar árvores, concertar os portões do muro da Mauá, limpar a cidade. Vocês viram a chuva que caiu na sexta-feira em Porto Alegre, nem foi tanta, mas acontece que é tal o acúmulo que temos das águas de maio, e tamanho o abandono das obras, que uma chuva um pouco mais forte produz alagamentos. E com as chuvas será assim, porque a água não absorve água.

As pessoas vão votar novamente num prefeito que sabe muito bem o que deveria ser feito, mas não o faz? Ele só fala de tudo isso na propaganda política, mas não o executa! Quanto tempo demora cada obra?! Vocês notaram que faz mais de um ano que as obras da rua da Praia estão sendo feitas, e mal avança? A ciclovia da avenida Ipiranga tem uns buracos que dão medo, e isso desde antes de maio, certamente piorou! Mas para arrancar as árvores do Parque Harmonia ele foi bem rapidinho, concordam?

Ele não faz nada para nossa cidade, para o povo, entregando tudo para as grandes destrutoras e chamando isso de desenvolvimento. E mais e se gabando de ter baixado os impostos. Para eles! Deusas, SOS!

Como diz Ailton Krenak, chega de desenvolvimento, é hora do envolvimento. O ser humano está matando a terra, e a terra cansa. Até quando o pessoal da ultradireita vai seguir cuspindo pro céu como se isso não for atingir também a eles? Até quando eles seguirão ganhando as eleições com mentiras, com falsas promessas? Refiro-me a todo o país, não só a Porto Alegre, só olhar para São Paulo e se arrepiar 'tudinha'. (Enquanto isso, o moço recebe um cadeiraço e posta imagens nas redes tomando oxigênio, isso que é engraçado, quando depois só sai com uma tipoia e o mindinho enfaixado.)

O que mais precisam as pessoas para enxergar? Não foram suficientes os 4 anos com Bolsonaro, outro tanto com Trump, com Netanyahu, Milei? Os nossos 4 anos de Melonaro?

Que momento perigoso, assustador estamos vivendo como se nada passasse.  O país queimando, literalmente pegando fogo, e nós precisamos nos organizar, votar em quem luta pelas vidas da maioria e não somente na sua família, no seu deus e nos seus 4 amigos poderosos.

Sei que as questões de fundo não vão se resolver se a Maria do Rosário e Tamyres ganharem, porque para isso, 4 anos são pouco tempo, mas pelo menos não vão piorar. Porto Alegre tem a possibilidade de ter duas mulheres feministas administrando a cidade, só isso para nós, já implica um avanço. Já perdemos a vez de Manuela, por favor, aproveitemos essa nova chance que a vida nos oferece.

Nossas gargantas ardem de fumaça e de raiva. Não dá para ter mais uma prefeitura de ultradireita. Estão nos matando e, aqui em Porto Alegre, nos cobrindo de cimento o que ajuda diretamente nos alagamentos, cada vez mais. Precisamos nos organizar, ir às ruas conversar com as pessoas. Vontade de gritar, gente, deixem de votar em fascista! Em egoístas! O mundo está acabando!

* mariam pessah é ARTivista feminiSta, escritora, poeta e tradutora. Autora de Meu último poema, 2023; Em breve tudo se desacomodará, 2022; entre outros. Organizadora do Sarau das minas/Porto Alegre, desde 2017, e coordenadora da Oficina de escrita e escuta feminiSta.  Atualmente também tem uma coluna Conversa in vers(A) no Youtube do Jornal Poesi(A).

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

 

Edição: Vivian Virissimo