Rio Grande do Sul

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Que setembro! E rua, rua o tempo todo!

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Em 7 de setembro, há 30 anos, acontece o Grito das Excluídas e dos Excluídos - Foto: Jorge Leão
Até 6 de outubro é este o principal, ou talvez único, compromisso e ação: é rua, é rua, é rua!

11 de setembro de 1973, golpe militar no Chile, e morte do presidente democraticamente eleito, Salvador Allende. Meu poema, escrito então e publicado no Mural da Faculdade de Teologia da PUCRS, tem como título ALLENDE VIVE!. Sim, Allende continua vivo hoje, setembro de 2024, na luta por direitos, por justiça social, por democracia.

Setembro de 2023, há um ano: chuvas e tempestades atingem o Rio Grande do Sul, de forma jamais vista. Voltaram em 16 de janeiro de 2024 e em final de abril e maio: destruição, mortes, crise climática sem precedentes, agora com os incêndios em São Paulo e no Pantanal, a seca na Amazônia, e o calor no resto do Brasil. Porto Alegre e o Rio Grande do Sul estão cercados pela fumaça, o sol teimando em aparecer sem força.

Em setembro de 1977, a Polícia Federal chegou no Colégio Nossa Senhora da Glória, onde eu era professor de orientação religiosa, eu então frade franciscano, e avisou a direção do Colégio, das irmãs do ICM, Imaculado Coração de Maria: “Ou vocês demitem este professor, ou vamos prendê-lo aqui dentro do Colégio.” Não havia alternativa, em tempos de ditadura militar. Fui demitido.

No plano familiar, setembro marca o aniversário de três manos. Bruno, dia 16, Astor, dia 20, Edgar, dia 26. Numa família de agricultores familiares, com nove filhos, eu o mais velho nascido em abril de 1951, o mais novo, Marino, nascido em março de 1965, 14 anos entre o nascimento do primeiro filho de papai Léo e o último de mamãe Lúcia, o resultado prático, e natural. Nunca pudemos festejar aniversários. Seria muito gasto, fora de condições de uma família que precisava sustentar os filhos e garantir seus estudos.

7 de setembro é o dia Independência do Brasil. Em 7 de setembro, há 30 anos, acontece o Grito das Excluídas e dos Excluídos. 20 de setembro é a data farroupilha gaúcha.

Em setembro de 2024, a fumaça chega no Rio Grande do Sul, vinda da Amazônia e do Pantanal. Pessoas não puderam chegar no Ato do Grito das-os Excluídas-os, por causa de gripe e outros sintomas resultado da fumaça amazônica. Outras pessoas chegaram no Grito com os mesmos sintomas, com dificuldade de respirar.  

São tempos tri difíceis. Este talvez seja um setembro muito mais preocupante do que os descritos acima, mesmo os da ditadura militar.

Por outro lado, e ao mesmo tempo, um setembro muito importante na luta pela democracia, com as eleições municipais que vão acontecer em outubro. Estas eleições são muito importantes, mais importantes que outras eleições municipais costumam ser. Estamos em tempos de ultraneoliberalismo e neofascismo. Estamos em tempos de guerra. Estamos em tempos de absoluta emergência climática, como nunca se viu antes. Estamos em tempos de violência cotidiana, especialmente contra mulheres, jovens, população negra e LGBTQIA+, indígenas, quilombolas.

É decisivo, neste momento e conjuntura, ter, ou reconstruir, políticas públicas com participação popular, e garantir a democracia. Para que isso aconteça, é decisivo, fundamental eleger em 6 de outubro prefeitas-os, vereadoras-es preocupados com o meio ambiente e o cuidado com a Casa Comum, comprometidos com a construção de políticas públicas com ampla participação social e popular, com direitos de trabalhadoras-es, com cidadania da população pobre das periferias.

Até 6 de outubro é este o principal, ou talvez único, compromisso e ação: é rua, é rua, é rua! É conversar com as pessoas, é visitar comunidades, é campanha a mil e total a favor das candidaturas do campo democrático-popular. Tudo o mais, outros debates, as ´lives´ frequentes de todos os dias, podem, até devem ficar para depois, garantida a vitória.

Os tempos urgem e rugem. Na boa luta, com fé e coragem, ESPERANÇAR. E rua, rua, rua!

* Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko