Rio Grande do Sul

Coluna

Um Grito das Excluídas e dos Excluídos histórico em 2024

Imagem de perfil do Colunistaesd
Em Porto Alegre, o Grito inicia às 9h na Igreja dos Navegantes, perto do rio Guaíba, perto das Ilhas - Divulgação
Este será um Grito de dor, mas também um Grito de solidariedade e esperança, como jamais se viu

Em homenagem ao amigo companheiro, militante e sonhador, Cícero Justo, e ao educador popular da saúde e do SUS, Zé Ivo, que partiram. Saudades mil.

Os tempos estão tri difíceis, mas o Grito das Excluídas e dos Excluídos de 2024, VIDA EM PRIMEIRO LUGAR, será histórico. A começar pelo seu tema: ´TODAS AS FORMAS DE VIDA IMPORTAM. MAS QUEM SE IMPORTA?´

São 30 anos de Grito. A cada 7 de setembro, o povo pobre, trabalhadoras e trabalhadores saem nas ruas, nas comunidades, nas periferias gritando por direitos, com sua voz ecoando Brasil e mundo afora.

Em Porto Alegre, o Grito será nas regiões mais atingidas e alagadas pelas enchentes de 2023 e 2024: bairros Farrapos e Humaitá, ao lado do rio Guaíba e das Ilhas, no entorno da Arena do Grêmio, que deixou de ter jogos de futebol por vários meses. E onde milhares de famílias tiveram suas casas destruídas, tendo que sair de suas residências, com destruição por todos os lados, ante a inação e descuido do Poder Público municipal.

Diz o material de divulgação e convocação do Grito, em redação de Waldir Bohn Gass, das CEBs e do CNLB (Conselho Nacional de Leigos do Brasil):

“Sim, todas as formas de vida importam! TODAS! Mas, quem se importa? NÓS NOS IMPORTAMOS. São 30 anos de luta e resistência! Seguem as guerras que matam o povo trabalhador e enriquecem os que produzem armas. Impactos das catástrofes climáticas, cada vez maiores, sobre os territórios periféricos. E que não são só climáticas, mas provocadas pelo sistema capitalista para o qual a vida da natureza não vale e a vida dos povos tradicionais não importa.

A desigualdade e a fome aumentam dia após dia. Há muito desemprego, embora esteja diminuindo, e muita violência por toda parte. E as políticas sociais continuam sendo cortadas dos orçamentos públicos porque a vida das pessoas que acessam os serviços públicos pouco importa.

No mutirão pela vida, por terra, trabalho e teto, A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR foi e é nosso Grito! Porque a vida das mulheres, das crianças, do povo periférico, do povo preto, dos indígenas, dos quilombolas, das marisqueiras, da população em situação de rua, das pessoas no campo, na floresta e na cidade, das pessoas com deficiência, da população LGBTQIA+ IMPORTA.

É nas lutas do dia a dia, nas comunidades, nos movimentos sociais e populares, nos sindicatos, nos partidos políticos, nas pastorais que defendemos os nossos direitos, as nossas vidas, a nossa Casa Comum.

Somos diferentes e diversos, e vamos nos somando. É a sinergia fazendo acontecer. A força dos coletivos nas ruas ou na formação/estudo vai nos apontando um futuro de justiça e, com esperança, fé e organização, seguimos adiante na comemoração destes 30 anos do Grito!

Há muitos sinais de esperança, porque a solidariedade de milhares de pessoas por toda parte, a dedicação militante de muitas/os servidoras-es públicas-os, o empenho decidido de governos comprometidos com o povo e com participação social continuam salvando vidas.

Esta é a HORA de empoderar todos os GRITOS de todo Brasil e fazê-los reverberar com muita força, despertando mais e mais CIDADANIA, num imenso MUTIRÃO PELA VIDA E PELA DEMOCRACIA!”

Em Porto Alegre, o Grito inicia às 9h na Igreja dos Navegantes, perto do rio Guaíba, perto das Ilhas. Segue em caminhada pelo bairro Farrapos, para terminar no SESI, com um almoço comunitário, oferecido pela CUT, MST, pastorais às e os participantes. O Grito também acontecerá em muitas outras cidades e comunidades do Rio Grande do Sul e do Brasil.

Este não será um Grito das Excluídas e dos Excluídos qualquer em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e Brasil. Será, sim, um Grito de dor, de morte, de sofrimento. Mas será também um Grito de solidariedade e esperança, como jamais se viu, ninguém soltando a mão de ninguém, em favor da paz, da igualdade e da justiça: nas cozinhas solidárias e comunitárias, nos sopões, na reconstrução das casas e nos gestos concretos e cotidianos de apoio à vida e no cuidado com a Casa Comum.

TODAS AS VIDAS IMPORTAM! TODAS AS FORMAS DE VIDA IMPORTAM! Cuidemo-nos! Cuidemos, com fé e coragem, da vida! Cuidemos da Casa Comum. Cuidemos, coletiva e solidariamente, da democracia!

* Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko