Rio Grande do Sul

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Pesquisa quer medir extensão de casos de Transtorno de Estresse Pós-Traumático após enchentes no RS

Dados prévios mostram que 42% dos entrevistados desenvolveram sintomas após enchentes

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Maior tragédia com enchentes em termos de extensão já registrada no país no Rio Grande do Sul devastou cidades inteiras - Jorge Leão / Brasil de Fato

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) está realizando uma pesquisa com pacientes que desenvolveram sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) após as enchentes que devastaram o estado em maio. Essa é considerada a maior tragédia com enchentes em termos de extensão já registrada no país.

Segundo o estudo conduzido pela pesquisadora Simone Hauck, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Psiquiatria Psicodinâmica do HCPA, 42% dos participantes narram que apresentaram sintomas de TEPT. O levantamento já ouviu 1.846 moradores do estado entre 7 junho e 19 de julho deste ano. Do número total, 778 relataram problemas de saúde mental.

Previsto para durar em torno de um ano, o estudo segue aberto e pode ser acessado neste link. A amostra já recebeu aproximadamente 5 mil respostas de moradores. A maioria das respostas é da população de Porto Alegre e Canoas, mas também de moradores de cidades da Região dos Vales, sul do RS e área central.

Saúde mental no SUS

Em entrevista recente ao podcast Repórter SUS, a psicóloga e Coordenadora da Comissão Regional Especial de Emergências e Desastres do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, Victoria Gutiérrez, afirma que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem papel primordial no atendimento psicossocial a essas populações que sofreram com catástrofes do gênero.

“A presença do SUS é imprescindível. Ele é extremamente importante, por causa da capilaridade. Ele chega onde outros serviços não chegam. Mas, mesmo assim, ele precisa ser mais equipado”, analisa Victoria Gutiérrez.

Guia Prático de Saúde Mental em Situações de Desastres, da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), também preconiza que a resposta a questões de saúde mental provocadas por calamidades não pode ser apenas imediata.

"Grandes catástrofes têm um impacto na saúde mental a médio e longo prazo; as lesões psicológicas não são curadas tão facilmente quanto as feridas. Portanto, deve-se prever o trabalho de recuperação após a fase crítica”, acrescenta Victoria Gutiérrez


Edição: Vivian Virissimo