Rio Grande do Sul

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Enchente no RS pode acelerar aprovação de Política Nacional para Deslocados Internos no país

Paim apontou as enchentes no RS como exemplo de um novo perfil nas migrações que ocorrem no país

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Segundo o governo gaúcho, até 20 de agosto havia quase 2,4 milhões de afetados e 183 óbitos - Foto: Francisco Proner/MAB

A Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados realizou uma audiência sobre prevenção e a mitigação de mudanças climáticas para amenizar deslocamentos causados por desastres naturais no Brasil. O evento contou com representantes da Nações Unidas e do Ministério da Justiça na última segunda-feira (2).

O senador Paulo Paim (PT-RS) apontou as enchentes no Rio Grande do Sul no primeiro semestre como exemplo de um novo perfil nas migrações que ocorrem dentro do território nacional. Segundo o governo gaúcho, até 20 de agosto havia quase 2,4 milhões de afetados e 183 óbitos.

"A maior catástrofe natural da história do país provocará, pela primeira vez, deslocamentos internos em massa por efeitos climáticos", afirmou Paim. "Ao longo dos anos, o deslocamento interno no Brasil foi motivado principalmente por fatores econômicos. Porém, calamidades humanas e naturais têm assumido o protagonismo nesse processo", avaliou.

Paim é autor de projeto de lei que cria a Política Nacional para Deslocados Internos, com o propósito de assegurar direitos — como não discriminação, saúde e liberdade de locomoção — de residentes brasileiros que se veem obrigados a mudar em razão de calamidade, de violação de direitos ou de violência armada. A proposta precisa ser aprovada pelo Senado e, depois, pela Câmara.


Reunião da Comissão Mista permanente sobre migrações internacionais e refugiados / Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A Política Nacional para Deslocados Internos prevê que todos os deslocados internos têm o direito de conhecer o destino e o paradeiro dos seus familiares desaparecidos e que as autoridades devem esforçar-se para localizar o destino dos desaparecidos e informar os familiares sobre os resultados das buscas.

A oficial do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur Brasil) Silvia Sander afirmou que as pesquisas da entidade demonstram correlação crescente entre efeitos das mudanças climáticas e fatores de deslocamento. Segundo ela, dados do Banco Mundial, até 2050, apontam que mais de 17 milhões de pessoas se deslocarão dentro dos seus próprios países na América Latina, devido a questões relacionadas às mudanças climáticas.

* Com informações da Agência Câmara de Notícias.


Edição: Vivian Virissimo