Rio Grande do Sul

LITERATURA

Carlos Castelo mostra o caminho para entender e praticar as narrativas curtas

Da crônica às ministórias e daí aos haicais, três aulas do escritor sobre as formas breves da literatura

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Carlos Castelo vai ministrar o curso-oficina “A grandeza da minusculidade: estudo das formas breves” - Foto: Divulgação

Autor de 20 livros, jornalista, publicitário, compositor, cronista e frasista afiadíssimo, Carlos Castelo vai ministrar o curso-oficina “A grandeza da minusculidade: estudo das formas breves”. Começará no próximo dia 9, das 19h30 às 21h, e seguirá nos dias 16 e 23 de setembro, sempre às segundas-feiras e sempre no mesmo horário. As aulas serão online com transmissão pela plataforma Zoom.

Cronista de O Estado de S. Paulo, O Dia e Rascunho, Castelo foi um dos criadores do grupo de humor Língua de Trapo. Nos anos 1980, a banda ficou conhecida por ser uma das mais ativas do movimento Vanguarda Paulista, juntamente com Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e os grupos Premê e Rumo.

“Elementos de surpresa, ironia ou ambiguidade”

Também colaborador do Brasil de Fato RS, ele explica que as matérias abordadas no curso englobarão algumas das principais formas breves da literatura, como a crônica, o microconto, o haicai, o senryu, o aforismo e o epigrama. “As aulas serão expositivas, informais e abertas ao diálogo, sempre com a leitura de autores consagrados em cada gênero”, conta.

No primeiro encontro, que tratará da crônica, Castelo vai explanar como se deu a evolução dessa narração de viés jornalístico, desde os ensaios de Michel de Montaigne e os folhetins franceses até os dias atuais.

“Na aula dedicada ao microconto, o enfoque será nos elementos de surpresa, ironia ou ambiguidade, que transmitem significados profundos e reflexão”, adianta.

Verissimo, Clarice e Sabino na primeira aula

“Quando abordarmos haicais e aforismos, as formas mais concisas da literatura, analisaremos sua poderosa capacidade de comunicação, destacando suas abordagens e objetivos distintos”, detalha.

Ao final de cada encontro, será proposto um exercício a ser realizado em casa pelos alunos, cuja discussão ocorrerá posteriormente em classe, junto ao professor e aos colegas. O curso será gravado possibilitando aos estudantes assisti-lo quantas vezes quiserem. “E emitiremos certificado de participação”, acrescenta.

A primeira aula será dedicada à crônica. Após uma introdução, o professor lerá e analisará textos de Montaigne, Antonio Maria, Clarice Lispector, Hilda Hilst, passando por Sérgio Porto, Nelson Rodrigues, L.F. Verissimo, Fernando Sabino “e muitos outros nomes, principalmente os brasileiros que se dedicaram, e se dedicam, a essa forma breve”.

A segunda envolverá as chamadas ministórias. Aqui a análise abordará obras de Dalton Trevisan, Marina Colasanti, Augusto Monterroso, João Gilberto Noll, Bertolt Brecht, Franz Kafka, Grupo Casa Verde e outros.

Bashô, Alice Ruiz, Millor, Fraga

Na terceira e última, o enfoque vai estar nas formas breves mais concisas: haicai e aforismo. Os autores abordados serão Bashô, Karai Senryu, Alice Ruiz, Kobayashi Issa, Millôr Fernandes. "Nos aforismos, teremos leituras e comentários sobre Hipócrates, Nietzsche, La Rochefoucauld, Karl Kraus, Millôr, Fraga, Ramon Gómez de la Serna, aforistas espanhóis e tantos outros."

Não há pré-requisito para o curso. “Basta ter interesse na matéria e desejo de se expressar artisticamente através das formas breves”, resume. Com humor, ele esclarece que há três formas de participação em termos de remuneração pelos ensinamentos: Contribuição Tô duro (R$ 180,00); contribuição Tô podendo (R$ 280,00); e contribuição Bolsa Social (R$ 100,00).

As inscrições podem ser feitas através do site d'A Capivara Instituto Cultural. Os valores têm caráter de doação e serão usados para financiar os projetos do instituto.


Edição: Katia Marko