Olívio Dutra foi o grande homenageado no lançamento do livro “25 Anos da Agricultura Familiar na Expointer – Do Desafio ao Sucesso” na segunda-feira (26) na Casa da Ocergs (Organização das Cooperativas do Estado do RS) na 47ª Expointer. O ex-governador foi o mais saudado pelos palestrantes, todos reconhecendo a sua luta e a sua obstinação em levar para a feira a agricultura familiar, os colonos e os pequenos produtores que levam comida para a casa dos gaúchos.
Enfrentou forte oposição da Farsul (Federação da Agricultura do RS), que ameaçou boicotar a feira, e da dita grande imprensa, que não divulgou nada sobre a exigência do governo do estado. Mas, depois de muitas marchas e contramarchas, conseguiu dobrar os grandes produtores, que se achavam os donos do evento. Em 26 de agosto de 1999, véspera da 22ª da feira, Olívio selou acordo com a Farsul, vencendo a batalha.
A obra, com 166 páginas, edição da Evangraf, organização do jornalista André Simas Pereira, é primorosa ao contar a história que teve um final exitoso. A queda de braço mostrou claramente que a Farsul e seus dirigentes estavam errados. “Eles pensavam que ocorreria uma favelização do evento”, disse André no seu pronunciamento no lançamento do livro. Hoje e em quase todas as edições da Expointer, o Pavilhão da Agricultura Familiar foi e continua sendo o mais popular e o mais visitado pelo público que vai ao Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. No primeiro dia da feira deste ano, por exemplo, foram vendidos R$ 1.020.554,50 em produtos comercializados pelos produtores familiares.
Do desafio ao sucesso foi um grande pulo em 25 anos. Crescendo com firmeza, ampliando expositores que vendem do mel à cachaça, da cuca ao salame, e mais mil e uma invenções e experimentos, a feira dos colonos, como também é chamada, é a terceira em comercialização na Expointer, só atrás de máquinas agrícolas e animais. Assim como disse Olívio em 1999, a “agricultura e a pecuária são estratégicas para todos”.
- A ciência e a tecnologia devem ser direcionadas para aumentar a produção e qualificar o produto e os serviços dos agronegócios. É a tecnologia do futuro. Aqueles que querem transformações, certamente estarão conosco na construção de um desenvolvimento econômico e social, harmônico e desconcentrado, espraiado pelo Rio Grande afora.
No livro, todos ganharam voz e manifestaram as suas memórias destes 25 anos. Os pioneiros apresentaram as suas histórias, como foi o primeiro estande rústico, os desafios superados para crescer, a influência sobre outras feiras, os cantadores do povo, a semente gaúcha se espraiando pelo Brasil, o duplo protagonismo, a criação do Sabor Gaúcho e tantas outras histórias integrantes do passado e que garantiram o futuro e o sucesso da agricultura familiar.
Determinação
Da lona preta ao grande pavilhão, com 423 bancas, número recorde este ano, as manifestações de várias personalidades exaltaram a resistência e a persistência do governo de Olívio e a luta do secretário da agricultura José Hermeto Hoffmann e dos seus assessores David Estival, Ângelo Menegat, Inácio Beninca e do colaborador especial Ailton Croda. Fetag, Emater, Fetrafi (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do RS), Via Campesina, Ocergs, MST, CUT-RS e tantas outras organizações de trabalhadores estavam prestigiando a iniciativa. Políticos históricos do PT e de outras agremiações de esquerda, deputados, ex-ministros de Lula (Miguel Rossetto, Guilherme Cassel, Pepe Vargas), agricultores e o presidente da Fiergs, Cláudio Bier, participaram do evento que lotou o salão da Ocergs.
Um abraço de Lula aos agricultores familiares também foi dado a todos os presentes no ato festivo, transmitido por Edegar Pretto, presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
No final, Olívio ressaltou a coragem e a determinação das mãos que refazem o mundo. “A produção primária é energia para a vida. Alimentos sem veneno são alimentos para a vida.” Depois, Olívio não parou de dar autógrafos e de tirar fotos com os participantes. “Uma noite gloriosa para todos nós que estamos registrando e fazendo parte da história da agricultura familiar.”
O projeto gráfico é assinado pela designer Cristina Pozzobon, com ilustrações de Edgar Vasques e Santiago. O apoio para a edição do livro foi do Sindicato de Máquinas e Implementos Agrícolas do RS (Simers).
Edição: Katia Marko