Ao longo dos últimos 39 anos, de 1985 a 2023, o bioma Pampa perdeu 28% da vegetação nativa, o que equivale a 3,3 milhões de hectares. Os dados foram compilados pelo MapBiomas e divulgados na última semana.
O bioma é exclusivo do Rio Grande do Sul no território brasileiro e cobre 63% do estado. "Destaca-se ainda o fato de que um quarto da vegetação nativa remanescente do Pampa (26%, ou 2,1 milhões de hectares) é secundária", indica comunicado do MapBiomas.
Ao Brasil de Fato, o professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Valério Pillar, explicou a relação entre a degradação do bioma com a expansão da monocultura da soja no estado.
"Com o preço do mercado internacional, os agricultores buscam expandir as lavouras sobre áreas não cultivadas. E essa expansão muitas vezes acontece sobre áreas que não são as mais adequadas para o cultivo da soja", explicou em entrevista recente. "No ritmo em que a transformação dos campos nativos em lavouras e silvicultura está acontecendo, o bioma Pampa vai acabar. Vão restar as áreas que realmente não podem ser cultivadas", acrescentou
Pesquisa nacional
Lançado na última quarta-feira (21), o novo relatório do MapBiomas revela que o Brasil perdeu um terço de sua vegetação nativa, desde a chegada dos colonizadores portugueses, em 1500. Até 1985, a perda de áreas naturais somava 20% do território nacional. O que mais perdeu vegetação nativa foi a Amazônia.
O MapBiomas reúne universidades, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e empresas de tecnologia com o objetivo de monitorar as transformações na cobertura e uso do solo no Brasil.
Edição: Vivian Virissimo