A 13ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre inicia nesta semana uma investigação sobre a agressão a um homem negro por um funcionário de um supermercado de Porto Alegre (RS). O fato aconteceu na última quinta-feira (22) e motivou uma manifestação no sábado (24) em repúdio ao racismo.
Após fazer compras no Hoffman Supermercados, o artesão Vanderlei Oliveira Soares, 59 anos, foi seguido e abordado na saída por um segurança sob a suspeita de furto. Segundo relato da irmã do artesão, a enfermeira Elaine Oliveira Soares, 54 anos, por não ter apresentado nota fiscal ao segurança, ele foi agredido com chutes e socos na cabeça e nas pernas.
Elaine acrescentou que o artesão foi imobilizado e levado de volta ao mercado, onde foi reconhecido como cliente pelos funcionários, que teriam comprovado o pagamento das mercadorias.
"Não foram só as marcas físicas. São marcas de uma agressão que nunca vão desaparecer. Ele é um homem negro, recluso, que há muito tempo tem depressão. Ir naquele supermercado era socialização. Conhecia as meninas do caixa, as pessoas pelo trajeto. Isso fazia bem a ele. Cortaram esse vínculo. Agora ele está assustado, e nossa família toda [está] sofrendo", disse Elaine, ao g1 RS.
A Brigada Militar foi acionada por Vanderlei e o artesão passou pelo exame de corpo de delito no Palácio da Polícia.
O Hoffmann Supermercados disse, em nota, que "repudia qualquer tipo de violência" e que "o segurança responsável pelo ato de agressão foi demitido". O gerente do supermercado, Marco Antonio da Rocha Faria Filho, negou que tenha havido crime de racismo e argumentou que a empresa possui "pessoas negras no quadro de funcionários".
Relembre
Há quase quatro anos, Porto Alegre foi palco de um dos casos mais emblemático de racismo quando João Alberto Freitas, um homem negro, foi espancado até a morte por seguranças de uma unidade da rede Carrefour. Seis pessoas foram denunciadas por homicídio e aguardam julgamento.
Edição: Vivian Virissimo