Debate realizado em Rivera, na fronteira com Livramento, selou em definitivo o apoio da esquerda brasileira à Frente Ampla nas eleições presidenciais uruguaias, marcadas para outubro, no Uruguai. Políticos e intelectuais do campo progressista estiveram reunidos no Colóquio Internacional Brasil-Uruguai e os novos paradigmas da integração em cidades fronteiriças: o tema da segurança e as relações solidárias.
O presidente do Conselho do Instituto Novos Paradigmas (INP), Tarso Genro, e o secretário nacional do PT, Henrique Fontana, participaram acompanhados de uma comitiva de brasileiros. Do Uruguai, estavam líderes da Frente Ampla, além de advogados, médicos, professores e profissionais liberais dos dois países.
Tarso Genro destacou que a representatividade da eleição no Uruguai será um marco da democracia e da defesa dos direitos fundamentais. "O futuro tanto pode ser fascista e escravocrata, como pode ser um futuro de concórdia e de integração da vida comum, com boas condições de vida. Aqui no nosso continente tem um lugar que é chave. A eleição no Uruguai é fundamental para a América Latina. A importância da eleição uruguaia ao lado da tragédia argentina nos obriga a compreender esse fenômeno. O ponto de partida para esse entendimento é o cotidiano das cidades."
Na mesma linha de raciocínio, Leonardo Araujo, especialista em Relações Internacionais, observou que "aqui é um exemplo do direito que se faz a partir da necessidade das pessoas. Algumas coisas nos fazem distintos, normas e costumes vão sendo adaptados. Resolvemos problemas com normas nem sempre escritas".
Henrique Fontana, secretário nacional do Partido dos Trabalhadores, fez questão de salientar que a democracia está sob risco. "O ultraliberalismo e o fanatismo liberal são o ambiente hegemônico contra os quais os nossos governos populares precisam resistir. Estamos em um duplo momento democrático aqui na fronteira", disse ao destacar que é importante que a Frente Ampla vença as eleições no Uruguai.
A necessidade de integração entre os dois países, a partir de suas fronteiras, a fim de reforçar a luta em defesa dos interesses dos cidadãos foi mencionada pela ex-presidente da Frente Ampla e ex-senadora, Mònica Xavier. "Muitas vezes nos afastamos da possibilidade de integração e da oportunidade para nossa cidadania dos dois lados. Isso acontece quando nos fixamos em normas estranhas às necessidades das pessoas. Uma política de integração é mais simples quando gerada de baixo para cima e não o contrário".
O advogado e vereador do Partido dos Trabalhadores, em Santana do Livramento, Aquiles Pires pondera que na integração moderna é preciso abordar aspectos sociais, ambientais e tecnológicos. E lamenta ao afirmar "que estamos muito longe do que precisamos".
O ex-deputado da Frente Ampla e ex-diretor do Hospital Rivera, Andres Toriani, reforça este sentimento ao destacar as fragilidades na área da saúde. "Apesar do esforço monumental de investimento em saúde, os dois países, Brasil e Uruguai, mantêm atendimento, especialmente na fronteira, muito desigual e insuficiente. Ignorância e pobreza são os dois obstáculos principais para que a saúde seja um bem ao alcance da cidadania."
As eleições presidenciais do Uruguai acontecem no dia 27 de outubro em primeiro turno e em 24 de novembro em segundo, caso haja necessidade. Três candidatos estão no páreo: Álvaro Delgado (Nacional, direita), Yamandú Orsi (Frente Ampla, esquerda) e Andrés Ojeda (Colorado, centro). O apoio da esquerda brasileira ao candidato Yamandú Orsi começou a ser traçado e sacramentado durante o evento Conexões da Revolução dos Cravos com as Lutas Democráticas da América Latina, realizado pelo INP, na Fundação José Saramago, em Lisboa, no mês de junho.
* Com informações do site http://novosparadigmas.com.br/
Edição: Katia Marko