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Todo mundo tem direito igual

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A resposta virá, e da pior forma, se desperdiçarmos qualquer oportunidade de cortar o mal da extrema direita pela raiz - Ricardo Stuckert
Extrema direita parece ter encontrado caminhos para conquistar o poder com as regras da democracia

Nesta semana foram chocantes as informações sobre a renovada competividade de Sebastião Melo (MDB), em Porto Alegre (RS), assim como aquelas outras sobre a ascensão da candidatura de Pablo Marçal (PRTB), em São Paulo (SP).

Não se trata apenas do que os ditos cujos prometem, em termos de suas trajetórias, parcerias e projetos voltados à degradação de conquistas civilizatórias, à erosão e à desmoralização de agentes e serviços públicos essenciais à coletividade. Se fosse “apenas” isso, o sucesso de políticos daquele naipe seria até tolerável por representar uma espécie de momento transitório, necessário ao aperfeiçoamento da democracia.  

Infelizmente a realidade é outra. E isso se percebe no crescimento (em todos os cantos) do número e da aceitação de representantes locais de um movimento globalmente orientado para a degeneração da civilidade. Os exemplos se acumulam e é assustador o fato de que a extrema direita parece ter encontrado caminhos para conquistar o poder usando as regras da democracia representativa e já está validando, com isso, não apenas a sanha neoliberal como também a naturalização de discursos negacionistas e ondas de violência crescente.  

Como consequência, o espraiamento do medo, da solidão e das urgências de acolhimento entre os desvalidos acabam ampliando, entre eles, um movimento de apoio e adesão aos que gritam promessas de esmagamento de inimigos imaginários e de superação (pelo agravamento das causas) de “tudo isso que está aí”.

A realidade não importa. E a possível reprodução piorada de personalidades tão abjetas como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente da Argentina, Javier Milei, em níveis municipais, sugere estarmos longe de reduzir a grave erosão dos serviços/instituições públicas ou de conter a transferência de funções do Estado para especuladores da iniciativa privada. E as corporações beneficiadas, em particular aquelas envolvidas com os meios de comunicação de massa alimentam isso com o desfazimento, por exemplo, de evidências da irresponsabilidade do prefeito Sebastião Melo, em relação à inundação de Porto Alegre ou das supostas negociatas de seu grupo na Secretaria Municipal de Educação.

É bem ilustrativo o efeito multiplicador das ameaças que isso encerra naquelas bandeirolas que hoje tremulam em Porto Alegre, onde um jovem candidato a vereador se apresenta, orgulhoso, como representante da “direita de verdade”.

Isso não parece estar indicando a presença, entre nós, de uma espécie de veneno social que já estimula o abandono de compromissos com os direitos humanos, a ética, o conhecimento, a democracia e a cultura, em favor da fúria e da força bruta?

E o que podemos esperar em sequência ao ascenso de uma geração comprometida com artimanhas mesquinhas, com a arrogância obscena e, no fundo, com a violência impune?  

A resposta virá, e da pior forma, se desperdiçarmos qualquer oportunidade de cortar o mal pela raiz. No caso, precisamos garantir a eleição, em Porto Alegre de Maria do Rosário (PT) e Tamyres Filgueira (PSOL), em São Paulo, de Guilherme Boulos (PSOL), em Arambaré, de Paulo Mendes, e em Viamão, de Fátima Maria (PT), bem como de todos aqueles e aquelas que, em qualquer cidade deste país, se proponham a trabalhar pela retomada das virtudes do acolhimento, da amorosidade e do fortalecimento das relações de interdependência que caracterizam o desenvolvimento humano.

Eles e elas sabem: todo mundo tem direito à vida, todo mundo tem direito igual.

E todos temos a responsabilidade de fazer o possível para garantir isso.

Só para constar: para vereador, em Porto Alegre, vou votar em Paulo Brack (PSOL).

Uma música? 'Trânsito', de Ney Matogrosso.

* Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Edição: Vivian Virissimo