Rio Grande do Sul

Coluna

Embargo militar a 'Israel' já pelo fim do genocídio

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Soldados israelenses na Cidade Velha de Jerusalém
Soldados israelenses na Cidade Velha de Jerusalém - Júlia Dolce/Brasil de Fato
Em solidariedade ao povo palestino exigimos o cancelamento imediato da compra dos obuseiros

Após a decisão da Corte Internacional de Justiça, no caso em que “Israel” é réu pelo crime de genocídio, que recomenda não colaborar militarmente com a entidade sionista, diversos Estados já levantaram sanções e cortaram exportações ao Estado Colonial de Apartheid. Um exemplo recente é o governo colombiano, do presidente Gustavo Petro, que proibiu a exportação de carvão a partir dessa semana e postou no X: “Com o carvão colombiano eles (os israelenses) fazem bombas para matar crianças na Palestina.”

No Brasil, no entanto, apesar das declarações do presidente Lula reconhecendo que o que as forças militares de “Israel” vêm praticando contra a população palestina em Gaza é genocídio, e do governo brasileiro apoiar a ação da África do Sul acusando “Israel” de violar a convenção do genocídio com suas ações em Gaza, o país se mantém como o terceiro maior exportador de petróleo e o quinto maior importador de armas e tecnologias israelenses.

Recentemente, o Exército brasileiro fechou contrato com a Israel Aerospace Industries (IAI), no valor de R$ 86 milhões, para manutenção de drones via presumida inexigibilidade de licitação. Em abril de 2024, a maior empresa militar israelense, Elbit Systems, venceu a licitação no valor de 1 bilhão (recursos do Novo PAC) para compra de 36 obuseiros, viaturas blindadas de combate autopropulsado sobre rodas de 155mm. Quando mais de 70 organizações, e figuras públicas, entregaram uma carta ao governo iniciando uma campanha pelo fim dos acordos militares entre Brasil e “Israel”, atendendo ao chamado do Movimento BDS Internacional (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que resultou na suspensão da contratação por dois meses.


 

Após o período da suspensão houve nova campanha dos movimentos sociais, sindicais e de solidariedade ao povo palestino, com ações nas redes sociais e atos nas ruas, resultando em novo documento assinado por mais de 141 organizações exigindo a revogação dos contratos com a Elbit Systems e a IAS, e embargo militar e de petróleo a “Israel”.

Segundo informações divulgadas na mídia, o presidente já havia autorizado a Defesa a concluir o contrato e o Exército avançou nos trâmites internos. Na semana passada, a força concluiu todo o procedimento jurídico para assinatura do contrato, faltando apenas a assinatura presidencial. O ministro Celso Amorim então barrou a contratação bilionária dos obuseiros afirmando o mesmo que diversas entidades internacionais, que “Israel” pratica genocídio e a Corte Internacional de Justiça recomenda não colaborar militarmente com esse Estado, réu por crime de genocídio. Diante da resistência de Celso Amorim, o ministro da Defesa José Múcio Monteiro negociou com os israelenses que ao invés de serem importados, os tanques sejam montados em uma fábrica da empresa Elbit Systems no Rio Grande do Sul, a AEL Sistemas.

Segundo a Action Center for Corporate Accountability (Centro de Ação para responsabilização corporativa), organização norte-americana que expõe empresas lucrando com guerras, um drone produzido pela empresa Elbit foi responsável pelo bombardeio que matou sete trabalhadores humanitários em Gaza, no mês de abril de 2024, da World Central Kitchen que distribuía comida aos palestinos. Essa empresa fornece 85% da frota de drones militares israelenses, juntamente com munição, gás lacrimogêneo, equipamentos terrestres (entre eles os obuseiros da negociação relatada no Brasil) e armas e substâncias químicas proibidas internacionalmente.

Em Gaza foi utilizado armamento da Elbit para o genocídio intensificado desde outubro de 2023, que matou mais de 50.000 palestinos até o momento. A ocupação militar ilegal israelense destruiu todas as universidades de Gaza, atacou hospitais deixando o sistema de saúde em colapso, bombardeou escolas, creches e campos de refugiados, incluindo caminhões de ajuda humanitária e destruiu as moradias palestinas forçando a população de Gaza a se deslocar de uma região a outra constantemente por dez meses.

Os drones armados da Elbit são usados ​​pelo Exército israelense em vigilância diária e ataques em Gaza, de acordo com o Defense News. Seus equipamentos e armas são comercializados com o selo de “testados em campo” porque são utilizados sobre os corpos das mulheres, crianças e homens palestinos em Gaza. O site da Elbit anuncia que o drone Hermes 450 é a “espinha dorsal da frota de UAS de Israel”.


 

Os drones Elbit Hermes foram uma das duas principais aeronaves não tripuladas usadas para atacar pessoas em Gaza durante o ataque da Operação Chumbo Fundido de Israel em 2009, que matou mais de 1.400 palestinos, de acordo com a Human Rigths Watch. O Hermes pode permanecer no ar por até 24 horas em altitudes de até 18.000 pés e tem uma série de sensores ópticos, infravermelhos e a laser que permitem ao operador identificar e rastrear alvos, bem como guiar munições em voo. Como o ataque aos bebês gêmeos de quatro dias, Asir e Aysel, e sua mãe, Jumana Farid Abu Al-Qomsan na semana passada, enquanto o pai, Mohammed foi buscar as certidões de nascimento em Deir Al Balah. Bombardeio intencional e preciso de sua família, visto que o reconhecimento térmico permite identificar o gênero e o tamanho dos corpos dentro do recinto alvo com precisão.

Dessa forma, diante das implicações do Estado Colonial de Apartheid israelense no genocídio, no apartheid e na ocupação ilegal dos territórios palestinos já era para o governo brasileiro ter rompido as relações diplomáticas, comerciais e imposto sanções às subsidiárias israelenses em solo brasileiro. Ao comprar armamentos militares israelenses o governo brasileiro torna-se cúmplice desses crimes. Mais que isso ao utilizar recursos públicos, R$ 1 bilhão do Novo PAC, que estará indo direto para o financiamento da colonização da Palestina e do apartheid, o fará adquirindo armas usadas contra os palestinos durante o genocídio. Em solidariedade ao povo palestino exigimos o cancelamento imediato da compra dos obuseiros e de armamentos e tecnologias israelenses! Nenhum real para o genocídio! Embargo militar e de petróleo a “Israel” já! Pela Palestina livre do rio ao mar!

* Claudia Santos é da Frente Gaúcha de Solidariedade ao Povo Palestino.

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Edição: Vivian Virissimo