A deputada federal gaúcha Daiana Santos (PCdoB) recebeu na manhã desta terça-feira (20) um email com uma ameaça de morte e de teor racista e misógino. Essa não é a primeira vez que a parlamentar recebe esse tipo de mensagem. No ano passado, por exemplo, ela juntamente com outras parlamentares receberam ameaça de 'estupro corretivo'. Em 2022, quando era vereadora de Porto Alegre, foi vítima de mais uma ameaça de morte. Presidenta da Comissão dos Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial, Daiana registrou no início desta tarde um boletim de ocorrência.
Em um dos trechos da mensagem, o autor afirma que a parlamentar é “uma vergonha para todo o cidadão do RS” e que Daiana “jamais será reconhecida como uma cidadã legítima do RS”, onde “a grande maioria da população é branca”.
Em outro trecho menciona o cargo de presidenta da Comissão dos Direitos Humanos e afirma que a escolha pela deputada se deu apenas para “posicionar macacos” em “cargos insignificantes”. Por fim, o criminoso descreve o “perfil” de parlamentar que ele gostaria de assassinar: “macaco”, “sapatona”, “nordestino” ou “homossexual”.
“Ameaças como essa não irão me silenciar. É exatamente isso que o autor quer: me amedrontar e me paralisar. Sou uma parlamentar que ocupa cargos relevantes dentro da Câmara Federal. Sou uma mulher negra, lésbica e defensora dos direitos humanos. O meu perfil incomoda e causa estranheza naqueles que desejam que a política siga sendo um lugar ocupado por um perfil específico. Por isso, repito: não irão me silenciar”, ressalta a parlamentar que está à frente da coordenação do eixo de Violência do Observatório Nacional da Mulher na Política.
Na avaliação de Daiana, episódios como esses reforçam a importância de termos mais negros e negras, mulheres e pessoas LGBTI+ nos espaços de poder. De acordo com ela, a representatividade, quando atrelada ao compromisso com os direitos humanos e a justiça social, é de fato impactante para a sociedade.
“O envio desse tipo de ameaça em meio ao período eleitoral não é uma coincidência, tendo em vista a ampliação das candidaturas de negros e negras e, pela primeira vez, um levantamento oficial da participação de pessoas LGBTI+”, afirma.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o percentual de candidatos negros (soma de pretos e pardos) é o maior das últimas três campanhas. Entre aqueles que estão se candidatando a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, 52,73% se declaram negros. Em 2020, esse total foi de 50,02% e em 2016, de 47,75%. Este é o primeiro ano em que os candidatos puderam divulgar sua orientação sexual à Justiça Eleitoral. Ao menos 2.396 pessoas LGBTI+ participaram das eleições: 1.037 gays, 644 lésbicas, 452 bissexuais, 191 assexuais e 72 pansexuais.
Edição: Katia Marko