Rio Grande do Sul

SAÚDE

Casos de mpox registrados no RS em 2024 não são de variante que OMS colocou em alto nível de alerta

Doença requer cuidados, 'mas não há motivo de alarme', disse a ministra da Saúde; veja sintomas, transmissão e cuidados

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Casos de mpox no RS são de residentes de Porto Alegre, Gravataí e Passo Fundo - Foto: Getty Images/iStockphoto

O Rio Grande do Sul registra cinco casos confirmados de mpox em 2024. A doença foi identificada em três pessoas residentes de Porto Alegre, uma de Gravataí e uma de Passo Fundo. A informação é da Secretaria Estadual de Saúde (SES), que ressalta que em nenhum dos casos o vírus detectado foi da nova variante que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarar Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) na última semana.

Em maio de 2022, foram identificados, pela primeira vez, surtos na Europa e em outros países não endêmicos, sem associação com viagens ou contato com animais. No Brasil, o primeiro caso foi confirmado em junho daquele ano. Em agosto de 2022 a SES declarou situação de transmissão comunitária no RS.

Especialistas apontam que a mpox exige preocupação, mas não existe a possibilidade da doença se transformar em uma pandemia como a vista no caso da covid-19. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirma que os órgãos de saúde já estão acompanhando os casos, que serão analisadas questões como vacinas e que "não há motivo de alarme, mas de alerta".

Sintomas

Os sintomas gerais da mpox incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dor de cabeça, dores no corpo, calafrio e fraqueza. O intervalo de tempo entre o primeiro contato com o vírus até o início dos sinais e sintomas (período de incubação) é tipicamente de 3 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias.

Após a manifestação de sintomas como erupções na pele, o período em que as crostas desaparecem, a pessoa doente deixa de transmitir o vírus a outras pessoas. As erupções na pele geralmente começam dentro de um a três dias após o início da febre, mas às vezes, podem aparecer antes da febre.

A pessoa que achar que tem sintomas compatíveis deve procurar uma unidade de saúde para avaliação e informar se você teve contato próximo com alguém com suspeita ou confirmação da doença. Se possível, ela deve isolar-se e evitar contato próximo com outras pessoas.

Transmissão

A principal forma de transmissão da mpox ocorre por meio do contato direto pessoa a pessoa (pele, secreções) e exposição próxima e prolongada com gotículas e outras secreções respiratórias. Ocorre, principalmente, por meio do contato direto pessoa a pessoa com as erupções e lesões na pele, fluidos corporais (tais como pus, sangue das lesões) de uma pessoa infectada. Úlceras, lesões ou feridas na boca também podem ser infectantes, o que significa que o vírus pode ser transmitido por meio da saliva.

A infecção também pode ocorrer no contato com objetos recentemente contaminados, como roupas, toalhas, roupas de cama, ou objetos como utensílios e pratos, que foram contaminados com o vírus pelo contato com uma pessoa doente. Já a transmissão por meio de gotículas, normalmente, requer contato próximo prolongado entre o paciente infectado e outras pessoas, o que torna trabalhadores da saúde, familiares e parceiros íntimos, pessoas com maior risco de infecção.

Uma pessoa pode transmitir a doença desde o momento em que os sintomas começam até a erupção ter cicatrizado completamente e uma nova camada de pele se formar.

Diferentes tipos de mpox

A Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs) e a Sociedade Gaúcha de Infectologia (SGI) também se manifestaram quanto à doença. Explicam que o tipo 2, menos grave, era restrito a áreas rurais da África Central e Ocidental, onde o contato direto com animais infectados era a principal via de transmissão. Mas que o tipo 1 do vírus, identificado na República Democrática do Congo, mostrou-se mais virulento e letal.

Foi a disseminação da mpox mais grave, tipo 1, para regiões fora da África Central, incluindo Ruanda, Uganda, Quênia e Buruni, que gerou preocupação. A OMS apontou que o aumento global de casos em 2024 superou os registros anteriores, com mais de 20 mil casos confirmados e mais de mil mortes relatadas em vários países.

Diagnóstico e cuidados

As entidades ressaltam que o diagnóstico precoce é crucial para o manejo clínico adequado e para a implementação de medidas de contenção, especialmente em ambientes onde a transmissão comunitária é possível. No Brasil, os Laboratórios Centrais de Saúde Pública já disponibilizam de teste por PCR para mpox, afirmam as entidades médicas.

Como não há tratamentos antivirais específicos aprovados, o manejo da doença é focado principalmente no alívio dos sintomas e na prevenção de complicações. Pacientes com formas leves de manifestação geralmente se recuperam sem a necessidade de tratamento específico, mas casos graves podem exigir intervenções mais intensivas, como o uso de antibióticos, suporte respiratório, e em alguns casos, internação hospitalar.

A maioria dos pacientes se recupera completamente, embora o período de recuperação possa ser prolongado, com cicatrizes permanentes em alguns casos. No entanto, a capacidade de transmissão do vírus durante a fase ativa da doença é um desafio significativo para a contenção de surtos, especialmente em contextos onde o diagnóstico é pouco disponível e o isolamento adequado dos pacientes não é possível.


Edição: Marcelo Ferreira