Rio Grande do Sul

CINEMA

Gramado caminha para encerramento com homenagens e premiações

Nomes do cinema gaúcho recebem troféus e vencedores entre os longas gaúchos serão conhecidos na noite desta sexta-feira

Brasil de Fato | Gramado |
Atriz Sophie Charlotte durante coletiva de imprensa com o diretor homenageado troféu "Eduardo Abelin", Jorge Furtado | - Foto: Edison Vara/Agência PressPhoto

Na noite desta sexta-feira (16), ocorrem na Serra Gaúcha as últimas homenagens do 52º Festival de Cinema de Gramado. O cineasta Jorge Furtado eternizará a marca de suas mãos na Calçada da Fama do Tapete Vermelho do evento, recebe o Troféu Eduardo Abelin no Palácio dos Festivais e, na sequência, apresenta seu novo longa como atração de encerramento.

‘Virginia e Adelaide’, codirigido por Yasmin Thayná, tem sua premiére mundial na ocasião. A mais recente produção da Casa de Cinema de Porto Alegre em coprodução com a Globo Filmes, tem no elenco as atrizes Gabriela Correa e Sophie Charlotte - que também vai deixar sua marca na Calçada da Fama. O filme conta com produção de Nora Goulart, direção de fotografia de Lívia Pasqual, direção de arte de Vanessa Rodrigues e Richard Tavares, montagem de Giba Assis Brasil e distribuição da H2O Filmes.

Em coletiva de imprensa no Hotel Buona Vitta, na tarde desta sexta-feira, com mediação da jornalista Maria do Rosário Caetano (Revista de Cinema), o diretor e roteirista falou sobre a relação da sua geração de realizadores com o festival, a opção de continuar morando na capital dos gaúchos e passado, presente e futuro produzindo para audiovisual.

“Eu sou um contador de histórias. Acho que a história transforma, emociona. A gente aprende sobre nós mesmos. É o que eu gosto de fazer, em qualquer formato”, definiu-se. Furtado ainda brincou, contando uma anedota que certa vez um produtor ligou pra ele perguntando se ele queria fazer um filme nos Estados Unidos. Respondeu “Não, quero filmar aqui em Bento Gonçalves”, sobre o município que foi a base de produção do longa “Saneamento Básico” (2007) e outras minisséries que escreveu para a Globo.


“Eu sou um contador de histórias. Acho que a história transforma, emociona", diz Jorge Furtado / Foto: Edison Vara/Agência PressPhoto

Além de ‘Virginia e Adelaide’, escreveu o roteiro de “Grande Sertão”, que estreou neste ano, ao lado do diretor Guel Arraes, e também o de “Auto da Compadecida 2”, do mesmo cineasta com codireção de Flávia Lacerda. A continuação de um dos grandes sucessos do cinema brasileiro contemporâneo, estrelado por Selton Mello e Matheus Nachtergaele (que também recebeu o Troféu Oscarito nesta edição de Gramado), entra em circuito comercial em dezembro, às vésperas do Natal.

Cerimônia de entrega dos Kikitos será dividida em duas noites


Leonardo Machado e Nelson Diniz no longa “Em teu nome”, de Paulo Nascimento CRED / Foto: Accorde Filmes

Repetindo o formato adotado em 2023, Gramado terá sua premiação dividida em duas noites. Hoje serão conhecidos os vencedores dos 10 Kikitos e R$ 55 mil da Mostra SEDAC/Iecine de Longas-Metragens Gaúchos, onde concorrem cinco filmes. Eles disputam: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Montagem, Melhor Desenho de Som e Melhor Trilha Musical. O melhor filme recebe ainda R$ 10 mil, enquanto os vencedores das demais categorias recebem R$ 5 mil. A cerimônia será exibida ao vivo, a partir das 20h, no YouTube do Festival de Gramado (www.youtube.com/@festivaldegramado).

Ainda hoje ocorre a entrega do Troféu Leonardo Machado a Nelson Diniz e dos Prêmios Iecine de Legado, Inovação e Destaque para José Maia, Aletéia Selonk e Ale Mattos, respectivamente.

Já na noite de sábado (17), serão conhecidos os vencedores das mostras de Longas-Metragens Brasileiros, Documentais e Curtas-Metragens Brasileiros, com entrega de 23 Kikitos e R$ 149 mil distribuídos entre os vencedores.

Os longas brasileiros concorrem em 12 categorias: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Musical, Melhor Direção de Arte, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Desenho de Som. O melhor filme recebe, além do Kikito, o prêmio de R$ 40 mil, melhor direção recebe o valor de R$ 10 mil, e demais categorias R$ 5 mil para cada.

Os curtas por sua vez disputam os Kikitos em dez categorias: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Trilha Musical, Melhor Direção de Arte e Melhor Desenho de Som. O melhor curta brasileiro recebe R$ 10 mil, melhor direção R$ 5 mil e demais prêmios recebem R$ 3 mil. Por fim, os cinco documentários que foram exibidos concorrem ao Kikito de Melhor Filme e R$ 10 mil. 

Kikito de Cristal para Mariëtte Rissenbeek


Diretora Executiva do Festival Internacional de Cinema de Berlim entre os anos de 2019 e 2024, Mariëtte Rissenbeek, recebe o Kikito de Cristal / Foto: Edison Vara/Agência PressPhoto

A primeira homenageada global a receber o Kikito de Cristal do Festival de Gramado foi Mariëtte Rissenbeek, que de 2019 a 2024 foi Diretora Executiva do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Além de reforçar a conexão entre os festivais de Gramado e Berlim, a homenagem é mais um marco na celebração dos 200 anos da imigração alemã no Brasil. 

Falando em alemão no palco do Palácio dos Festivais, Rissenbeek destacou sua conexão com o Brasil através da atuação no meio audiovisual. “Muito obrigada ao Festival de Gramado, me sinto feliz em fazer parte desta história e receber essa homenagem na 52ª edição”, agradeceu.

Na tarde, antes de passar pelo Tapete Vermelho, onde também marcou suas mãos na Calçada da Fama, Mariëtte esteve na Cristais de Gramado, onde fez a prensa da cabeça do Kikito de Cristal que será entregue ao homenageado de 2025. Após, concedeu uma coletiva onde falou sobre o mercado de cinema alemão e as conexões do audiovisual brasileiro no país.

Para ela, a combinação entre as produções dos dois países é interessante, pois o cinema brasileiro é mais inovador. Ela acredita que isso tenha a ver com a diversidade de um país continente e exótico como é o Brasil, contrapondo a expansividade do brasileiro ao temperamento mais fechado do alemão, que às vezes resulta em narrativas mais “chatas”.

Com mediação de Flávia Guerra, colunista do UOL, a produtora respondeu que considera os festivais da sétima arte lugares importantes para os encontros entre realizadores audiovisuais, o que pode resultar em coproduções internacionais. “Pra ser honesta, quando fui convidada pra vir pra Gramado, não conhecia o festival. Fui pesquisar e uma coisa que chamou muito a atenção foi ser o evento de cinema mais antigo do Brasil. E significa muito saber que há 52 anos tinha gente aqui nessa cidade pensando no cinema e querendo passar filmes diferentes pras pessoas daqui também”, disse, acrescentando que ficou com a impressão que se trata de um festival sério com pessoas trabalhando muito.

Mariëtte comparou Gramado à Berlinale e concluiu que o Tapete Vermelho daqui é maior que o de lá, sendo que o evento de cinema na capital alemã é o mais voltado para o público na Europa. Também ressaltou a importância da cobertura da imprensa, que percebeu que há muitos jornalistas na Serra Gaúcha cobrindo, que escrevem sobre os filmes, o que é fundamental para a divulgação do cinema.

A homenageada ainda parabenizou a organização local pela resistência em impulsionar a cultural e o turismo local, depois do drama que o estado passou com as enchentes de maio deste ano.


Edição: Katia Marko