Rio Grande do Sul

CINEMA

Assembleia Legislativa premia curtas gaúchos em Gramado

Momento de celebração dos curtas gaúchos ocorreu na noite deste domingo (11) no Palácio dos Festivais

Brasil de Fato | Gramado |
Realizadores premiados no palco do Palácio dos Festivais após a cerimônia da noite deste domingo (11) - Foto: Agência Pressphoto/Divulgação

O 52º Festival de Cinema de Gramado, iniciado na sexta-feira (9), já teve seus primeiros cineastas premiados em cerimônia na noite deste domingo (11), no Palácio dos Festivais. O Prêmio Assembleia Legislativa - Mostra Gaúcha de Curtas revelou seus vencedores em momento de celebração que também teve homenagem ao multiartista Álvaro RosaCosta, um menino que se criou dentro do Theatro São Pedro.

Rodado na Região da Fronteira, “Chibo”, de Gabriela Poester e Henrique Lahude, foi eleito pelo júri o melhor filme da mostra. “Esse é um recorte simples de uma realidade muito difícil, de uma pesquisa longa que a gente teve juntos”, afirmou a diretora.

Gabriela lembrou que há quase uma década tinha recebido o Troféu de Melhor Atriz na mesma mostra e com o dinheiro do prêmio conseguiu montar a sua primeira peça de teatro como diretora: “Agora estou aqui como diretora também. E, para mim, isso é um ciclo que não sei se incentiva outras diretoras que estão aí... É isso que eu gostaria de fazer. Outras atrizes dirigem os seus filmes. A gente tem muitas histórias para contar”.


“Chibo”, de Gabriela Poester e Henrique Lahude, foi eleito o melhor filme da mostra / Foto: Agência Pressphoto/Divulgação

A dupla demonstrou surpresa ao receber o maior reconhecimento da noite. Antes de agradecer, Gabriela ainda brincou: “Tá certo isso?”. Henrique completou: “A gente realmente não esperava. Não acredito muito nessa meritocracia de prêmios, mas ao mesmo tempo queria defender um pouco o nosso trabalho e o que a gente fez desde 2021, que não é uma coisa de instante”.

No entanto, o discurso mais emocionante da noite foi de Rodrigo Herzog, com a distinção de Direção por “Está Tudo Bem”. Neto da saudosa cantora Zilah Machado, recordou do que a avó dizia a ele que um filho de Ogum tem que ter cuidado com o que pede: “Talvez você peça e você ganhe. Você passa uma vida inteira sendo convencido de que você vai acabar morto ou preso, que você nasceu periférico, filho de preto. Eu não aceitei essa realidade, hoje, graças a Deus, acredito em todo mundo que fez desse sonho possível. É extremamente gratificante para uma pessoa que começou a carreira aos 37 anos. Já tive inúmeros empregos, mas meu sonho sempre foi fazer cinema, e eu fico muito agradecido. Quando eu era pequeno não tinha dinheiro para fazer excursão no colégio para vir para Gramado, então eu nunca vim para Gramado. Essa é a primeira vez que eu venho para Gramado”, terminou, levantando o troféu.

Oferecida pela Assembleia Legislativa/RS, a premiação entregou R$ 67.931,50 aos vencedores em 12 categorias, além do Prêmio ACCIRS (conferido pela Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul). Confira a relação completa dos vencedores ao final do texto. 

O filme “Posso Contar nos Dedos” ganhou em duas categorias: melhor roteiro para Victoria Kaminski e Rubens Fabrício Anzolin e melhor direção de arte para Denis Souza, Victoria Kaminski e Nadine Lannes Maciel. “Zagêro” também levou dois troféus: montagem para Marcio Picoli e Victor Di Marco e atuação para este último.

“Pastrana” foi outro título a somar dois destaques: Melhor Produção e Melhor Filme pela Crítica, pela maneira sensível com que apresenta um personagem apaixonante, explorando a linguagem cinematográfica e a metalinguagem ao abordar a memória com o uso de imagens de arquivo, costuradas por uma montagem que valoriza a intensidade da vida do protagonista”.

No início da cerimônia, o deputado estadual Issur Koch, que representou a presidência da Assembleia Legislativa gaúcha, ressaltou a importância da realização cinematográfica produzida no estado.

“Falo em nome de 55 deputados que representam 11 milhões e meio de gaúchos e gaúchas que se veem muitas vezes nas histórias contadas nos roteiros e na maneira como vocês conseguem, todos os cinegrafistas, produtores e cineastas, através das lentes, através das câmeras e da super tela que nós podemos acompanhar ao longo de todo o final de semana, demonstrar a história de vidas, de superações, de morte, de tristeza, de nascimento e de alegrias”, disse.

Em sua fala, Koch ressaltou ainda a longa parceria entre o Festival de Gramado e a Assembleia Legislativa, na promoção do Prêmio Assembleia Legislativa - Mostra Gaúcha de Curtas: “A Assembleia Legislativa estar ao lado dessa história de 52 anos do Festival de Cinema de Gramado e nessa 21ª edição dos curtas da Assembleia Legislativa é, sim, a representação do povo gaúcho através desse prêmio”, ressaltou o deputado que entregou o troféu de melhor filme.  

As categorias de Melhor Roteiro e Melhor Direção ganharam, ainda, o Prêmio TV Brasil de Exibição, com licenciamento para exibição na grade de programação do canal no valor de R$ 5.000,00. O Melhor Filme recebeu, além do Troféu Assembleia Legislativa e do Prêmio TV Brasil de Exibição, o Prêmio Edina Fujii – Ciario, no valor de R$ 8.000,00 em locação de equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria da empresa NAYMOVIE.

Homenagem a Álvaro RosaCosta


Artista recebeu Troféu Sirmar Antunes das mãos de Vera Lopes, agraciada no ano passado / Foto: Agência Pressphoto/Divulgação

Além dos 12 prêmios entregues aos melhores curtas gaúchos desta edição, a noite também foi de homenagem por parte da Assembleia Legislativa do RS. Com carreira sólida como ator de teatro e cinema e um dos profissionais mais requisitados na composição de música para o teatro, Álvaro RosaCosta recebeu o Troféu Sirmar Antunes. A honraria é entregue desde 2023 e carrega o nome de um dos mais emblemáticos atores gaúchos, que faleceu em 2022. A atriz Vera Lopes, primeira a receber o Troféu Sirmar Antunes, passou o bastão a RosaCosta.

Ao receber o prêmio, o ator relembrou sua ligação com as artes e reforçou a importância de descobrir histórias negras: “A partir desse momento, eu quero contar e conhecer essas outras histórias pretas, que são muito inspiradoras”. Também pontuou e agradeceu outros colegas, como a própria Vera, e coletivos (como o Gompa, do qual faz parte em Porto Alegre) que ajudaram a construir sua carreira. O artista ainda agradeceu a comissão de seleção e citou nominalmente a cineasta Ellen Corrêa, a única negra entre os cinco integrantes.

RosaCosta também citou como conheceu Sirmar Antunes, como se espelhou nele para trilhar seu próprio caminho e como era trabalhar com ele, além de elogiar suas qualidades pessoais e profissionais. “Nós temos muitos profissionais negros que precisam ter visibilidade. E eu agradeço muito à trajetória desse cara”, disse.

Conheça os vencedores por categoria:

Melhor filme
“Chibo”, de Gabriela Poester e Henrique Lahude

Melhor direção
Rodrigo Herzog por “Está Tudo Bem”

Melhor atriz
Jéssica Teixeira por “Noz Pecã”

Melhor ator
Victor Di Marco por “Zagêro”

Melhor roteiro
Victoria Kaminski e Rubens Fabrício Anzolin por “Posso Contar nos Dedos”

Melhor fotografia
Eloísa Soares por “Cassino”

Melhor direção de arte
Denis Souza, Victoria Kaminski e Nadine Lannes Maciel por “Posso Contar nos Dedos”

Melhor trilha sonora
Edneia Brasão e Pedro Erler por “Não Tem Mar Nessa Cidade”

Melhor montagem
Marcio Picoli e Victor Di Marco por “Zagêro”

Melhor desenho de som
Fábio Baltar por “Flor”

Melhor produção executiva
Graziella Ferst e Marlise Aúde por “Pastrana”

Prêmio ACCIRS
“Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta


Edição: Katia Marko