“El cambio es com la gente”. Este é o mote da campanha da Frente Ampla para as eleições presidenciais do Uruguai no dia 27 de outubro em primeiro turno e 24 de novembro em segundo, caso haja necessidade. Três candidatos estão no páreo: Álvaro Delgado (Nacional, direita), Yamandú Orsi (Frente Ampla, esquerda) e Andrés Ojeda (Colorado, centro). As forças progressistas gaúchas e brasileiras já decidiram fechar apoio – e não intromissão, como dizem os fascistas – com a Frente Ampla, um poderoso grupo que une a maioria dos uruguaios, conforme pesquisas da agência Cifra de Montevidéu.
O apoio começou a ser traçado e sacramentado em evento na Fundação José Saramago, em Lisboa, no mês de junho, chamado de “Conexões da Revolução dos Cravos com as Lutas Democráticas da América Latina”. Sete países estavam lá para debater a importância e a universalidade da revolução portuguesa e que acabou com a ditadura fascista há 50 anos, lembrados este ano. Passadas cinco décadas de sua vitória, recobra importância devido ao assédio que muitos países de democracias maduras, e outro tantos de democracias em formação, têm recebido de movimentos políticos e de partidos de extrema direita, com toda a carga de barbárie que eles contêm.
O colóquio em Lisboa foi promovido pelo Instituto Novos Paradigmas, presidido por Tarso Genro, ex-governador do RS, ex-prefeito de Porto Alegre e ex-ministro de Lula em seus primeiros dois mandatos.
Lá ficou decidido que as esquerdas latinas e a gaúcha, em especial e pela proximidade com o Uruguai, vão apoiar a Frente Ampla, mais especificamente a Lista 609 MPP – Movimento de Participação Popular, grupo fundado por ex-guerrilheiros do Movimento de Libertação Nacional, os Tupamaros, que faz parte da Frente Ampla, cujo maior líder é o ex-presidente Pepe Mujica e concorre com a marca Espacio 609. Em 2004, e após vários anos de progresso eleitoral, este grupo tornou-se o setor mais votado dentro da Frente Ampla, o partido que chegou ao poder uruguaio com Tabaré Vázquez (duas vezes) e Pepe Mujica (uma vez).
Agora, para selar a adesão, será realizado em Rivera, gêmea de Livramento, no dia 22 de agosto, a partir das 14h, na Sede Udelar, o “Colóquio Internacional Brasil-Uruguai e os novos paradigmas da integração em cidades fronteiriças: o tema da segurança e as relações solidárias.” Tarso Genro e o secretário nacional do PT, Henrique Fontana, estarão lá com comitiva de participantes brasileiros. Do Uruguai, participam líderes e ex-líderes da Frente Ampla, advogados, médicos, professores e profissionais liberais dos dois países.
Apoio do PT
Tarso Genro, tão logo voltou do evento em Lisboa, obteve aprovação da presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, para continuar as articulações de apoio à Frente Ampla nas eleições uruguaias. Gleisi designou o gaúcho Henrique Fontana, secretário do partido, para acompanhar a movimentação. Jorge dos Santos Buchabqui, 71 anos, advogado e ex-secretário de administrações de Porto Alegre e do Estado, é um dos principais articuladores do evento de Rivera.
"Conversamos com companheiros do PT da fronteira e com Frente Amplistas do Uruguai para articular este encontro. A constatação foi de que um programa comum de integração das Cidades da fronteira em saúde, educação, cultura, quebra de barreiras jurídicas e desenvolvimento econômico seria o melhor instrumento para trabalhar esse apoio político nas eleições uruguaias. E é isso que temos feito e vamos continuar fazendo. No lançamento da candidatura de Luiz Fernando Mainardi a prefeito de Bagé estiveram presentes representantes da Frente Ampla, que, inclusive, usaram da palavra para manifestar apoio. Vamos organizar, além do evento de Rivera, outras programações até as eleições uruguaias, incluindo a ida de uma comitiva a Montevidéu. Há grandes possibilidades de que o nosso apoio obtenha êxito nas urnas", explicou Buchabqui.
Edição: Katia Marko