Rio Grande do Sul

EXPOSIÇÃO

O horror da ditadura do Chile em evento no Multipalco do São Pedro

Nesta segunda, às 19h, tem exibição do documentário inédito 'Terrorismo de Estado: Operação Condor' com mesa de debate

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A exposição é resultado da parceria do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Brasil e da Comisión Provincial por la Memoria da Argentina - Foto: Divulgação/Theatro São Pedro

Quem está em Porto Alegre poderá assistir até o dia 16 no foyer do Multipalco do Theatro São Pedro a exposição “Memórias Encontradas Entre a Solidariedade e a Perseguição”. A mostra apresenta fotos, vídeos, documentos e outros itens que retratam a história de homens e mulheres que, após o golpe militar do general Augusto Pinochet contra o governo que derrubou e matou o socialista Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, buscaram asilo na Embaixada da Argentina em Santiago.

Entre os mais de 800 de asilados na Embaixada da Argentina no Chile, estavam 130 brasileiros. Lá, eles encontraram um meio para sobreviver e evitar a prisão, a tortura e a morte. Entre eles estavam os gaúchos Tabajara Ruas, Rogério Licks, Raul Carrion, Sandra, Flávia e João Paulo Macedo de Castro, Geraldo Lopes Burmeister, Terezinha de Jesus Borges Pereira, Osmar Medeiros de Souza e Joaquim Pires Cerveira. Todos eles não podiam regressar ao Brasil e foram perseguidos pelas ditaduras militares do Cone Sul.

A exposição começou no dia 29 de julho e pode ser visitada das 10h às 19h, de domingo a domingo, com entrada franca. Após 40 anos do retorno à democracia na Argentina e 60 anos depois do golpe de Estado no Brasil, esses exercícios de memória são importantes e necessários para a revitalização e o fortalecimento democrático, mesmo com tantos imprevistos e turbulências que vêm ocorrendo na América do Sul, principalmente no Brasil e Argentina, com ameaças e tentativas de golpe no Brasil e do governo perturbador do ultradireitista argentino Javier Milei. O Chile, ao contrário, navega em águas mais tranquilas, embora a direita não esteja dormindo ou sonolenta.

A segunda metade do século XX no Cone Sul da América Latina foi atravessada por regimes ditatoriais que deixaram um saldo atroz: dezenas de milhares de mortes e desaparecimentos, prisão política, torturas, exílio maciço, deslocamentos forçados internos, desemprego e uma profunda reforma econômica em detrimento das classes populares. Existiu durante essas décadas uma colaboração estreita entre militares de distintos países, intercâmbio de informação, pedidos de captura e ações repressivas: a denominada Operação Condor.

Uma boa dica para pensar sobre tudo que aconteceu é o livro “As Garras do Condor”, do jornalista e historiador gaúcho Nilson Mariano, uma reportagem completa sobre as ditaduras militares que dominaram o Cone Sul nas décadas de 1970 e 1980. Recuperar esses registros do passado que dão conta das luzes e sombras da história da nossa região é estabelecer uma referência para pensar nossas democracias, que emergiram do horror e que têm contas a acertar.

Resultado da parceria do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Brasil e da Comisión Provincial por la Memoria da Argentina, com o apoio do Memorial do Rio Grande do Sul, Secretaria da Cultura do RS, Fundação Theatro São Pedro, Universidade Federal do Rio Grande do Sul através do Curso de Museologia, Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio (PPGMusPa/UFRGS) e Grupo Sépia UFRGS, Sigmund Freud Associação Psicanalítica e Coletivo Testemunho e Ação, a exposição reconstitui o desespero daqueles tempos. Também compõe a exposição mesas de debate, exibição de documentários e visitas guiadas.

Programação

Dia 5, às 19h, exibição do documentário inédito “Terrorismo de Estado: Operação Condor” com mesa de debate com o escritor Nilson Mariano, o jornalista Marco Antonio Villalobos e mediação de Jair Krischke. Será no Teatro Oficina Olga Reverbel, no Multipalco.

No dia 12, às 18h, tem exibição do documentário “Harald Edelstam: o nome da esperança”, com conversa com o diretor do documentário, Marco Antonio Villalobos. Será também no Teatro Oficina Olga Reverbel, no Multipalco.


Edição: Katia Marko