Os próximos dois meses serão fundamentais, senão decisivos para o futuro do Brasil
“Eleições não mudam o mundo, embora sejam fundamentais numa sociedade democrática. Mas em alguns momentos históricos eleições têm papel especial. (...) A eleição municipal de 2024, na conjuntura brasileira e mundial, não é uma eleição qualquer. Assim como não foi a eleição para Constituinte em 1986, no processo de consolidação da democracia, a eleição presidencial de 1989, a primeira depois da redemocratização, a de 2002, com vitória de Lula, e a de 2022, Lula eleito presidente pela terceira vez” (Selvino Heck, As Eleições Municipais de 2024, Um Mutirão pela Democracia, texto de junho de 2024, a pedido da Comissão Dominicana de Justiça e Paz, para a 3ª edição do Projeto Encantar a Política, com o tema Eleição é coisa séria, em parceria com o Movimento nacional Fé e Política, CEBs do Brasil, SEFRAS, Cáritas Brasileira, Conselho nacional do Laicato do Brasil, NESP, Núcleo e Estudo Sócio-políticos da PUC Minas, entre outros).
Quais são alguns elementos do contexto brasileiro e mundial que tornam a eleição municipal de 2024 especial? 1. O ultraneoliberalismo no mundo, sustentado pelo mercado capitalista, e ainda muito presente no Brasil. 2. A volta do neofascismo no Brasil nos últimos anos, colocando em risco a democracia. 3. A paz em xeque no mundo. 4. A desigualdade social e econômica em crescimento. 5. A violência no Brasil, atingindo especialmente jovens, mulheres, população LGBTQIA+, povo negro, indígenas. 6. As mudanças climáticas, com exemplo máximo no Rio Grande do Sul. 7. A crise civilizatória, com mil exemplos todos os dias, ameaçando os direitos da classe trabalhadora e dos mais pobres entre os pobres, a paz e a democracia.
As eleições municipais de 2024 poderão, ou melhor, deverão ser espaço e oportunidade de ouro para discutir um projeto democrático de sociedade e uma proposta de desenvolvimento inclusiva. Para que isso aconteça em outubro, deverá haver um amplo e geral Mutirão pela Democracia, chamado por movimentos sociais e populares, partidos do campo democrático-popular, pastorais sociais, ONGs, escolas e Universidades e por todas as mulheres e homens de boa vontade preocupadas-os com o futuro do Brasil e do povo brasileiro.
As eleições de Porto Alegre estão neste bom caminho. A convenção do PT sábado, 27 de julho, com a presença dos partidos aliados, numa ampla Frente do campo democrático-popular, foi um bom exemplo disso. Em primeiro lugar, mais que urgente e necessário, unidade. Em segundo, houve grande presença da militância, com grande participação das juventudes. Em terceiro, alegria e entusiasmo, como nos melhores tempos, dos milhares de participantes. Quarto, apresentação de propostas, compromissos de recuperar Porto Alegre dos desastres recentes, em boa parte resultado de governos sem compromisso com o povo, de voltar a ter ampla participação social e popular, com o Orçamento Participativo.
A vitória é possível em Porto Alegre, assim como é fundamental a vitória em São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia, Teresina, entre outras capitais e centenas de municípios Brasil afora.
“Qual o caminho, nos próximos meses, para construir um Programa e chegar à vitória do campo democrático-popular? 1. Muito trabalho de base nas comunidades, periferias, escolas, ruas. 2. Amplo debate democrático, envolvendo o conjunto da sociedade. 3. Formação na ação, freireanamente. Agir e formar, formar e agir, ao mesmo tempo. 4. Permanente diálogo com a comunidade. 5. A mais ampla mobilização social e popular.”
E juntar Ética e Política: “Temos uma dupla tarefa: destruir aas formas tradicionais de fazer política. Construir, ou reconstruir, uma nova forma de fazer política, onde não se repitam as práticas burgueses e tampouco as esclerosadas. A prática de hoje é garantidora da prática de amanhã” (Selvino Heck, Ética e Política, 1990).
Juntar Mística e Política: “A mística é fundamental para manter a humanidade e aceso o fogo revolucionário, com elementos como ternura e afetividade, gratuidade, indignação, revolta, inconformismo, busca da verdade, homem novo, mulher nova” (Selvino Heck, Mística e Política, 1990).
Nas palavras de Tamyres Filgueira, candidata a vice-prefeita, do PSOL: “Nunca antes estivemos com tantas possibilidades de ver o novo de novo na prefeitura. De voltar a ter uma gestão com participação popular real.”]
E a candidata a prefeita Maria do Rosário, do PT: ”É tempo de plantar. Coloquem a semente da esperança no coração e na mente da nossa gente. Uma esperança que tem múltiplas flores e etnias, que tem a força daquelas e daqueles que foram sempre relegados e colocados fora das decisões.”
O jingle da campanha diz: “Agora é Maria! Fé na vida, fé na gente, fé no que virá. Nós podemos tudo, nós podemos mais. Mãos unidas, lado a lado, Porto Alegre nossa paixão. Dessa vez é Maria do Rosário, a prefeita da reconstrução.”
A vitória em Porto Alegre não só é possível, quanto urgente e necessária, na perspectiva de retomada do OP e da participação social nas políticas públicas, quanto na recuperação do espírito do FSM, Fórum Social Mundial, ´um outro mundo possível´, OP e FSM que são marcas históricas de Porto Alegre.
O bom caminho está aberto em Porto Alegre e em muitas outras capitais e municípios. Os próximos dois meses serão fundamentais, senão decisivos para o futuro do Brasil. Não há tempo a perder. Na boa luta, com unidade, Esperançar e construir a vitória.
* Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko