Após a calamidade da enchente de maio que ainda tem consequências no município, a cidade de São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, celebrou nesta quinta-feira (25), o Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil e da história do município. Organizado pela Secretaria Municipal de Cultura e Relações Internacionais (Secult), evento contou com a apresentação da Canção ao Imigrante e a inauguração do monumento Diversidade em 200 anos na Praça Tiradentes, no centro da cidade.
O prefeito Ary Vanazzi comentou que em meio as adversidades enfrentadas devido à enchente de maio, a programação prevista de uma grande edição da São Leopoldo Fest em julho não pode ser realizada como previsto inicialmente. Enfatizou que o objetivo da celebração deste ciclo não se deu apenas pela perspectiva de uma grande festa, mas vários aspectos, buscando o legado para que todas as pessoas se sentissem parte do processo de constituição do município que foi formado originalmente por indígenas, depois pelos portugueses, negros, alemães e outros migrantes europeus.
O prefeito Ary Vanazzi lembrou que o município foi formado originalmente por indígenas, depois pelos portugueses, negros, alemães e outros migrantes europeus / Foto: Thales Ferreira
“A chegada dos alemães construiu o impulso econômico, social, impulsionou o desenvolvimento regional, e foram capazes de, depois de muitas guerras e percalços do ponto de vista do reconhecimento da sua liberdade, inclusive religiosa, eles conseguiram a partir de toda a sua luta, construir uma cidade que virou a cidade da colônia que aglutinava todos os municípios da região e abarcou todas as culturas”, ressaltou Vanazzi.
Conforme destacou o prefeito, a cidade nunca perdeu seu impulso agregador e solidário. “Hoje temos centenas, milhares de imigrantes, africanos, haitianos, enfim estamos todos aqui. A cidade tem uma forma de receber, de se organizar para os migrantes se sentirem bem.”
O secretário municipal de Cultura e Relações Internacionais, Marcel Frison, pontuou que São Leopoldo já passou por várias catástrofes em sua história, e o seu povo teve que trabalhar muito para poder construir a cidade. "E nós vamos reconstruí-la. E acho que o símbolo maior é este monumento. Vinicius (o escultor vencedor do concurso) pensou antes da enchente, mas representa bem o momento atual, aí estão as insígnias que são características de São Leopoldo. A nossa fé, a nossa cultura e o nosso trabalho e estamos todos de mãos dadas com as ferramentas na mão para poder reconstruir São Leopoldo, reconstruir a nossa história e construir nosso futuro. Isto será um símbolo para nós e vai nos inspirar para pensarmos no nosso futuro e tornar São Leopoldo cada vez melhor”, afirmou.
O vencedor do concurso que selecionou o monumento, o arquiteto e urbanista, Vinicius Vieira de Souza, parabenizou a escolha pela realização do concurso, especialmente na área de arquitetura e artes visuais, incentivando a participação de todos os artistas. Vieira apresentou a composição do monumento, que busca representar os povos germânico, com instrumentos do trabalho que caracterizam estes povos, aliado a questão da união com outras etnias que constituíram a cidade de São Leopoldo e região, com referências aos povos afro-brasileiros, indígenas, italianos. Ele explicou que o piso do entorno do monumento também compõe a obra, com informações como o traçado sinuoso do Rio dos Sinos, ponte de pedra.
O vencedor do concurso que selecionou o monumento, o arquiteto e urbanista, Vinicius Vieira de Souza, parabenizou a escolha pela realização do concurso / Foto: Thales Ferreira
Também expressaram suas referências ao Bicentenário da Imigração Alemã e a contribuição para a construção do município e desenvolvimento local, regional e nacional, a representante do governo federal, a integrante do Ministério da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Ana Affonso, do governo do estado e da Comissão Estadual do Bicentenário, o diretor de Memória e Patrimônio da Secretaria Estadual de Cultura, Eduardo Hahn, o cônsul-geral da Alemanha em Porto Alegre, Marc Bogdahn, o presidente da Câmara Brasil Alemanha, Cleomar Prunzel.
Ainda compuseram o palco, a coordenadora do Escritório Estadual do Ministério da Cultura no RS, Mari Martinez, o presidente da OAB São Leopoldo, Renê Engroff, a diretora do Sesc São Leopoldo, Andrea Guedes, o coordenador da Comissão Histórica do Bicentenário, Erny Mugge, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Turístico e Tecnológico, Juliano Maciel, e a corte da São Leopoldo Fest 2024: rainha, Andressa Amaro Prass, Nicole Budke Rodrigues e Eduarda Souza Nunes, respectivamente 1ª e 2ª princesas, e a oma Isélda Barden Rosa.
O músico Zé Martins, autor da letra, apresentou a Canção ao Imigrante / Foto: Thales Ferreira
Canção ao Imigrante celebra os 200 anos
O autor da letra, José Carlos Martins, apresentou a Canção ao Imigrante, com música de Vagner Cunha. Zé Martins, na voz e percussão, estava acompanhado dos músicos Anderson Lomba no contrabaixo; João Ayres no violino; Dilson Joia no violão, e Paquito no acordeon.
“Estamos fazendo história, estamos comemorando, mas acima de tudo estamos memorando os 200 anos”, declarou Zé Martins ao parabenizar os organizadores e o público presente.
Conheça a Canção do Imigrante:
Letra: José Carlos Martins (Zé Martins)
Música: Vagner Cunha
Num inverno diferente
Navegando contra a corrente
Na paisagem do Guarani
A esperança do imigrante.
Soldado de uma nova guerra
Na terra que agora é minha.
Medos e sonhos lado a lado
Faço moinho, se quero farinha.
Trabalhamos com braços livres,
Aqui seremos história.
Estimulados pelo passado
Que o futuro seja a glória.
(Estimulados pelo passado
Construiremos nossa história)
Lembranças no rio do tempo
Construindo o imaginário,
Vamos juntos comemorar
Essa é a marca do nosso lugar.
* Com informações da Superintendência de Comunicação da Prefeitura de São Leopoldo.
Edição: Katia Marko