Rio Grande do Sul

CULTURA DOADORA

Frente Nacional pela Aprovação do Uso da Membrana Amniótica em queimados será lançada nesta quinta-feira (25)

Objetivo do evento na sede da Fundação Ecarta é apressar o processo de regulamentação do uso desse material no Brasil

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A membrana amniótica é a camada mais interna da placenta, que produz o líquido amniótico - Foto: Arquivo Banco de Tecidos Santa Casa

Acontece nesta quinta-feira (25), às 14h, na sede da Fundação Ecarta (Avenida João Pessoa, 943 – Porto Alegre), o lançamento da Frente Nacional pela Aprovação do Uso da Membrana Amniótica em queimados. O objetivo do encontro é apressar o processo de regulamentação do uso desse material no Brasil.

O procedimento está em análise na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), no Ministério da Saúde, desde 2021, logo após o Conselho Federal de Medicina autorizar o uso desse material.

O Brasil conta com quatro bancos de pele, que juntos atendem menos de 10% da demanda nacional. Essa pele é utilizada em curativos. Os bancos utilizam pele doada por familiares de pacientes com óbito por parada cardiorrespiratória ou morte encefálica.

Há mais de 10 anos, médicos e profissionais da saúde vêm reivindicando o uso da membrana amniótica no tratamento de queimados e demais ferimentos graves. O Brasil é o único país da América do Sul que não regulamentou ainda o usa da membrana amniótica.

No Rio Grande do Sul, esse movimento é liderado pelo cirurgião plástico Eduardo Mainieri Chem, coordenador do Banco de Pele da Santa Casa de Porto Alegre.

“Com a regulamentação do uso da membrana amniótica, 100% das necessidades por pele seriam supridas com um material que supera em cicatrização, qualidade e em custo qualquer outro curativo biológico”, expõe Chem.

A diferença da membrana amniótica para a pele e outros materiais, segundo ele, é gigantesca em vários sentidos. A membrana é mais fácil de captar, de esterilizar, de disponibilizar quase instantaneamente, com custos e logística muito menores. Já a pele vem contaminada, não tem sorologia do doador, os custos são infinitamente maiores com toda a logística de captação, laboratórios, exames, tratamentos da pele coletada que passará por processos complexos até estar apta para uso.

“Vai revolucionar o tratamento dos queimados no Brasil e melhorar os nossos resultados ao longo dos anos. Terá grande impacto no tratamento de queimaduras e feridas”, assegura o cirurgião plástico José Adorno, da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ).


Foto: Igor Sperotto

A constituição de uma frente foi sugerida pela Fundação Ecarta, por meio do projeto Cultura Doadora, que tem como missão a sensibilização para a doação de órgãos e tecidos e a melhoria da estrutura médico-hospitalar. “Os benefícios do uso da membrana amniótica podem garantir melhorias no tratamento de mais de 100 mil pacientes que sofrem queimaduras ao ano no Brasil”, justifica Marcos Fuhr, presidente da Ecarta.

A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria integra a frente. No incêndio da Boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro de 2013, que provocou a morte de 242 pessoas e ferimentos em outras 636, a membrana teve o uso autorizado de forma excepcional.

Bancos de pele dos países vizinhos enviaram seus estoques de curativos de membrana permitindo o tratamento de mais de 100 vítimas internadas com queimadura. 

A membrana amniótica é a camada mais interna da placenta, que produz o líquido amniótico. Esse líquido tem muitos fatores de crescimento que estimulam e melhoram a cicatrização.

O evento é promovido pelo Banco de Tecidos Dr. Roberto Corrêa Chem, Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria, Unidade de Queimados do Hospital Cristo Redentor de Porto Alegre, Unidade de Queimados do Hospital de Pronto Socorro.


Edição: Marcelo Ferreira