Rio Grande do Sul

ANCESTRALIDADE

Quilombo da Família de Ouro amplia oferta de atividades da Escola de Tradição Quilombola de Matriz Africana

Projeto proporcionará a remuneração das pessoas envolvidas na escolinha e reformas no terreiro

Brasil de Fato | Porto Alegre |
As oficinas acontecerão respectivamente nas quarta-feiras dias 24 e 31 de julho e 7 e 14 de agosto - Foto: Janara Gonçalves / Quilombo da Família de Ouro

A partir desta quarta (24), o Quilombo da Família de Ouro ampliará as atividades da Escola de Tradição Quilombola de Matriz Africana na Lomba do Pinheiro, zona Leste de Porto Alegre. Além das aulas nas quintas-feiras e, nas quartas, iniciarão seis ciclos de oficinas oferecidas ao longo dos próximos seis meses. 

A primeira oficina será Comidas tradicionais de matriz africana. Também terão oficina de Tambor tradicional de matriz africana, de Produção de Axós (veste tradicional), de Danças Quilombola e de povos tradicionais, de Produtos Naturais Quilombola de matriz africana e Contação de histórias dos povos tradicionais.

Além da participação das crianças, adolescentes e jovens quilombolas da comunidade Quilombo Família de Ouro Ylê de Oxum, serão abertas 10 vagas para crianças não-quilombolas. As inscrições serão feitas presencialmente no Ylê de Oxum e Ossanha (Rua Tilápia, 100 - Vila Mapa), nos dias 24 e 25 de julho, das 14h às 19h.

O público pretendido está nos anos iniciais e finais do ensino fundamental e do ensino médio, compondo três faixas etárias dos 7 aos 10 anos, dos 11 aos 14 anos e dos 14 aos 17 anos de idade. É preciso levar documento de identidade da criança e comprovante de residência do responsável. 

Segundo a matriarca do Quilombo da Família de Ouro e Yalorixá do Ylê de Oxum e Ossanha, Mãe Paty de Oxum, as atividades de tradição são propostas para que não se perca a cultura de povo negro e tradicional de matriz africana.

“A escolinha é muito importante, pois transmite a oralidade, a explicação e o respeito com a tradição que nos foi passada pelos mais velhos. Nas aulas e oficinas as crianças aprendem e seguirão aprendendo a manter isso vivo dentro delas.”

O projeto proporcionará a remuneração das pessoas envolvidas na escolinha e reformas no terreiro (construção de uma rampa de acesso) para melhorar a acessibilidade para quem tem dificuldades motoras. 

Sobre a Escola

A Escola de Tradição Quilombola de Matriz Africana Família de Ouro foi fundada em 8 de março de 2020 com a finalidade de auxiliar as crianças e os adolescentes do Quilombo Família de Ouro Ylê de Oxum diante dos graves desafios enfrentados durante a pandemia da Covid-19 e o consequente fechamento das escolas. 

Além de ofertar atividades a partir de metodologias pedagógicas que busquem a manutenção da cultura e dos conhecimentos do povo de matriz africana, favorecendo o empoderamento do povo negro para que as crianças e adolescentes quilombolas cheguem à idade adulta com autoestima, senso crítico e possam sentir orgulho de sua tradição.


 Quilombo da Família de Ouro / Foto: Janara Gonçalves

“Os anos se passaram e a escola foi crescendo e cada dia mais as crianças criaram vínculo com o Quilombo Família de Ouro Ylê de Oxum. Esta escola de tradição se manteve até agora somente com doações de colaboradores e do fundo obtido por projetos de economia criativa do quilombo. Todos os trabalhadores são voluntários.”

A ampliação da Escola é um oferecimento do Ministério da Cultura e da Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul através de recursos da Lei Complementar n° 195/2022.

Programação 

24/07 - Encontro 1: Conhecimento da cultura alimentar do povo tradicional de matriz africana
31/07 - Encontro 2: Preparos dos alimentos do povo tradicional
07/08 - Encontro 3: Apresentação dos alimentos do povo tradicional
14/08 - Encontro 4: Degustação e a forma de se alimentar respeitando a origem da cultura da tradição

As oficinas acontecerão respectivamente nas quartas-feiras, dias 24 e 31 de julho, e 7 e 14 de agosto, das 17h às 20h, no Ylê de Oxum e Ossanha. O público atendido são as crianças quilombolas que frequentam a escolinha, mais 10 crianças não-quilombolas inscritas no projeto. 


Edição: Katia Marko