Rio Grande do Sul

CANOAS

Campanha Recomeçar ajuda recicladores a recuperar a sua dignidade

Movimento Objetivos do Desenvolvimento Sustentável auxilia oito cooperativas do bairro Mathias Velho

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Perdas com a enchente ainda causam sérios transtornos e levaram mais miséria, abandono e tristeza para 200 famílias da região de Mathias Velho - Foto: ODS-RS/Movimento Nacional

Oito cooperativas de reciclagem de lixo de Canoas (RS) ainda não conseguiram dar a volta por cima e voltar a ser atuantes. As perdas totais com as águas de maio/junho ainda causam sérios transtornos e levaram mais miséria, abandono e tristeza para 200 famílias (cerca de 500 pessoas) da região de Mathias Velho.

O Movimento Nacional Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS-RS), organização social formada por voluntários, de caráter apartidário, plural e ecumênico, está fazendo um grande esforço em várias frentes. Mas parece que a comoção inicial e a solidariedade cederam espaço para a apatia e o distanciamento dos dramas que ainda ocorrem com grande parte das vítimas da enchente.

Quatro destas cooperativas foram diretamente afetadas, ficaram sem instrumentos de trabalho, maquinários, material de escritório, galpões de depósitos destruídos e tantas outras coisas. As outras tiveram sérios impactos também, mas conseguiram se virar e recuperar alguma coisa. 

Essas cooperativas são responsáveis por atender cerca de 60% da área da cidade, abrangendo mais de 200 mil habitantes, e coletam aproximadamente 40 toneladas de resíduos diariamente. O trabalho dos recicladores é porta a porta e abrange orientação e educação para a reciclagem e separação do lixo, descarte correto e recolhimento do material. Geram empregos também e fazem um belo trabalho de inclusão social.

Rossana Parizotto, coordenadora-geral da ODS-RS, conta que a luta continua dura, insistente, mas com resultados ainda precários. A Campanha Recomeçar para reconstrução das Cooperativas de Reciclagem de Canoas tem apoio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Canoas e continua buscando recursos para o reparo, manutenção e compra de equipamentos danificados, além de viabilizar novos espaços de trabalho para as cooperativas. Essas ações continuam essenciais para que os catadores retomem suas atividades e contribuam para a gestão sustentável dos resíduos sólidos do município e garantir a renda dos cooperados.

Trabalhando com carroças e um caminhão - que ficou totalmente debaixo d’água -, o momento agora para os recicladores é reorganizar o trabalho, conseguir novos veículos, computador e as prensas necessárias para transformar os materiais recolhidos em blocos para futura comercialização.


Rosinha perdeu tudo, tem apenas um colchão dentro de casa e o telhado ainda está em pé porque está escorado no latão / Foto: ODS-RS/Movimento Nacional

“Mesmo com tanto apelo que estamos fazendo, só conseguimos até agora 2% dos R$ 289 mil que necessitamos para consertar o caminhão da Cooperativa Mãos Dadas”, diz Rossana. É quase uma afronta. Um descaso.

Antes da enchente a média de faturamento de cada reciclador era de R$ 500 mensais, agora não passa de R$ 250. Segundo ela, há ainda distribuição de marmitas para as pessoas carentes. Outros dispõem do auxílio Bolsa Família. “A presença do poder público nestes locais de extrema pobreza ainda está na faixa do quase zero. A invisibilidade, depois do socorro inicial, ficou gigantesca”, desabafa.

Rossana reitera que, apesar do momento difícil, ainda podem ser doados computadores, impressoras, fogões industriais, balanças, dinheiro, ou inclusive prestação de serviços de manutenção para caminhões, prensas, elevadores de carga, esteiras e revisão elétrica. “A Campanha Recomeçar é nossa chance de restaurar as cooperativas de reciclagem de Canoas, garantindo sustentabilidade, emprego digno e um futuro mais limpo. Precisamos mobilizar recursos rapidamente, pois a gestão correta dos resíduos é crucial para a saúde pública, o meio ambiente e a geração de empregos.”

As cooperativas beneficiadas pela campanha são a Coopcamate - Cooperativa de Catadores de Material Reciclável de Canoas; Coopermag - Cooperativa de Reciclagem União Faz a Força; Cooperativa Mato Grande Canoense; Cooperativa Mãos Dadas; Cooperativa Renascer; Cooarlas - Cooperativa Amigos e Amigas Solidárias; Coopersol – Antiga Associação do Sol Nascente e Coopertec – descarte de lixo eletrônico. A iniciativa de auxílio conta ainda com o apoio técnico da Apoena Socioambiental, do Projeto Canoas Recicla com a Gente, do Instituto GAIA (Global Alliance for Alternatives) Sede América Latina e Caribe e da Aliança Resíduo Zero.


Alex e Janaína lideram a Cooperativa Mãos Dadas / Foto: ODS-RS/Movimento Nacional

Desenvolvimento Sustentável

Rossana é uma lutadora incansável. Tem 35 anos, mora em Porto Alegre, coordena a ODS-RS e durante a enchente cuidou, com outras voluntárias, de 250 pets no abrigo do IPA. O local foi um sucesso. Todos foram adotados, uma verdadeira façanha. Atualmente ainda se ocupa em encontrar lares para outros cães, que continuam sem morada definitiva. Não é casada, mas cuida pessoalmente de três pets e de uma empresa pessoal, de onde ganha seus rendimentos.

A ODS-RS, que ela cuida e coordena com dedicação permanente, visa melhorar a qualidade de vida da sociedade gaúcha, como ocorre com o lixo reciclável de Canoas. A instituição pretende cumprir com os objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, aprovada pelos países membros da ONU durante sua 70ª Assembleia Geral realizada em setembro de 2015, em Nova York.

A Agenda 2030 consiste em uma Declaração com os 17 ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - e suas 169 metas, incluindo meios de implementação e de parcerias globais, bem como um roteiro para acompanhamento e revisão.

Informações

Movimento Nacional ODS-RS.
Telefone: (54) 99191-0086
E-mail: [email protected]
Site: www.rs.movimentoods.org.br
Doações: via PIX utilizando a chave: [email protected]. Para destinação de equipamentos e serviços, basta entrar em contato pelo telefone (51) 99926-2307.


Edição: Marcelo Ferreira