Por que o governador Eduardo Leite fracassou na sua candidatura à Presidência da República depois de largar o governo do RS? Porque foi apressado e atropelou o PSDB. Deu uma de birrento. Por que nunca agradeceu os eleitores progressistas que lhe garantiram um novo mandato no Piratini? Por ser birrento, achou que era mérito só dele e por ser injusto, um cara que não sabe dizer obrigado a ninguém, e também porque o outro candidato, Onyx Lorenzoni, era do covil de Bolsonaro. Por que não acreditou nas previsões meteorológicas antes das enchentes? Porque foi birrento, convencido e cheio de razão.
Arrumou brigas com grande parte da imprensa, mas jamais aceitou ser dobrado pelos argumentos alheios sobre meteorologia. Agora, o injusto volta a se revelar, criticando, sempre que pode, o governo federal por não apressar a liberação de recursos federais para o Rio Grande do Sul. Quer sempre mais. Ele deve achar que dinheiro cai do céu ou que sai da torneira. Não é assim, senhor Leite. É um processo e tem burocracia, sim, para depois não complicar as prestações de contas e gerar consequências nefastas.
As constantes críticas do governador são, mais uma vez, inoportunas e fora de contexto. Já chegaram ao RS mais de R$ 20 bilhões de diferentes formas e contextos e ele continua trovejando por aí. Tem medo de ser chamado de petista? Tem. Não quer ser confundido com “estes caras” que o elegeram. Tem medo de ser chamado de bolsonarista? Tem, mas nunca criticou o ex-presidente com a virulência de agora. Naqueles tempos, acomodava os travesseiros direitinho e se calava. E todo mundo sabe, menos os de sempre, que Leite está mais para o lado bolsonarista do que para qualquer outra coisa. Basta olhar os seus aliados na Assembleia Legislativa e os projetos que consegue aprovar – privatizações, iniciativas contra professores e servidores e tantas outras.
Desta vez, o injusto levou respostas fortes do ministro da Reconstrução, Paulo Pimenta. Ele reagiu. Não deixou passar. Mostrou tim-tim tudo que foi feito, que está sendo feito e virá a ser feito e que Leite não está sendo correto e verdadeiro nos fatos. No discurso que fez aos prefeitos no Congresso da Famurs (Federação dos Municípios do RS), Leite fez média, quis agradar e entrar no coro de queixas e lamúrias da maioria dos executivos, grande parte da direita ou extrema direita. “Nós ficamos esperando. Porque se, afinal, viria um anúncio… nós não colocaríamos um recurso nosso porquê não faltariam outros lugares para aplicarmos o dinheiro do Estado. Mas nós cansamos de esperar e estamos colocando os recursos do Estado para ajudar”, disse Leite durante Congresso da Famurs.
Discurso para agradar, para se fazer de bonzinho. “Ah, não estou conseguindo fazer nada porque o governo federal está sendo lento e demorado na liberação de verbas” parece ser o seu comportamento habitual. Ele não pode e não admite se passar por mau, que errou. Para ele, é melhor manter o conflito ou as discordâncias permanentes com o governo Lula e ficar de bem com os gaúchos de direita – e não são poucos. Questão ideológica, política. Já fomos mais civilizados, já tivemos governadores mais coerentes e politicamente mais claros.
“O governador erra na escolha. Abre conflito. Essa é uma linha equivocada no momento em que precisamos de integração e união no enfrentamento das consequências brutais da crise da tragédia climática que vivemos”, disse o petista Miguel Rossetto, líder da bancada na Assembleia. Segundo dados do portal “Brasil Participativo”, R$ 93,7 bilhões de recursos federais foram destinados ao Rio Grande do Sul para o “enfrentamento à grave calamidade decorrente das enchentes, mas estão sendo liberados gradativamente.
Assim como o governador, grande número de prefeitos gaúchos, comandando 152 municípios gaúchos, está no mesmo cântico de Leite. Até hoje (16) não enviaram a lista das pessoas que necessitam do auxílio de R$ 5.100,00 para começar a reconstruir as suas casas. Só prejudicam as pessoas que precisam de dinheiro e carinho nestas horas. Mas eles, obtusos e ignorantes, acham que, se enviarem as listas, vão perder vantagens nas eleições de outubro. Que vergonha!
* Jornalista
* Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Edição: Katia Marko