No final do mês de junho, o Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD) chegou a marca de 50 mil marmitas entregues para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O MTD tem atuado em diversos municípios, incluindo Eldorado do Sul, Canoas, Pelotas e Palmeiras das Missões.
Em cada um desses locais, o movimento construiu cozinhas solidárias e comunitárias que, além de garantir comida no prato das trabalhadoras e trabalhadores, promovem atividades pedagógicas e culturais estruturadas na educação popular.
"O MTD, nessa virada agora do mês de junho para julho, está comemorando essa importante conquista de 50 mil refeições produzidas e servidas pelas cozinhas solidárias organizadas pelo movimento. São 50 mil marmitas ou quentinhas, como as pessoas chamam, feitas nos seis espaços que o movimento tem”, celebra Sandra Christ, da direção estadual do MTD. Ela destaca que as ações do movimento têm como objetivo não apenas suprir necessidades imediatas, mas também fortalecer a comunidade e fomentar a luta por direitos.
“Chamamos nossas cozinhas de pontos populares de trabalho de alimentação e saúde. Algumas delas já existiam antes da enchente, enquanto outras foram organizadas posteriormente, em um ato de solidariedade do MTD junto a outros movimentos, para acolher e socorrer as pessoas afetadas pela catástrofe climática”, explica Sandra.
O MTD tem desenvolvido ações em diferentes espaços, sendo dois em Eldorado do Sul, dois em Canoas, um em Pelotas e um em Palmeiras das Missões. Além de fornecer refeições, o tem trabalhado para “alimentar” também o mental e emocional da população atingida, que está muito abalada.
"Fazemos atividades com as crianças, acolhimento e fortalecimento com as mulheres, trabalhando a necessidade de nos mantermos juntas e unidas, porque só assim vamos conseguir vencer toda essa situação que se abateu sobre a vida do nosso povo", comenta Sandra.
O movimento também tem como propósito organizar as vítimas para que busquem seus direitos de forma conjunta e coletiva. "Nós temos dito que a enchente não veio por acaso, que ela faz parte de um projeto de sociedade. Essas enchentes e outras catástrofes são o outro lado de um projeto que visa aos mais ricos ganharem mais dinheiro com as áreas nobres das cidades através da especulação imobiliária. Na agricultura, o agronegócio e a monocultura não têm preocupação com a preservação e proteção do meio ambiente, degradando o solo e as margens dos rios. E ainda, os governos neoliberais que não se preocupam em tomar medidas de proteção e segurança das populações”, destaca a direção do movimento.
Sandra enfatiza ainda a necessidade de um trabalho social paralelo ao de cozinhar e servir marmitas. "As pessoas precisam de muitas coisas, como casas em áreas seguras, frentes de trabalho remunerado, escolas, creches e postos de saúde. Enfim, todos os direitos que hoje estão a zero. O povo terá que se organizar e lutar unido para conquistar novamente todos esses direitos."
Edição: Katia Marko