Desde o início do desastre climático que atingiu o Rio Grande do Sul, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) tem distribuído marmitas à população. Além da sede da cozinha, na Azenha, o movimento abriu outras cozinhas nos bairros do Lami e Mario Quintana, chamadas de Cozinha de Emergência. Nesses 60 dias a capacidade de produção aumentou 10 vezes, alcançando, nesta segunda-feira (1º) a marca de 200 mil marmitas entregues em suas cozinhas solidárias.
“Duzentas mil marmitas, duzentos mil pratos de comida, duzentas mil situações que a gente combateu a fome. O primeiro dia da enchente, quem é que estava lá levando marmita? Era a Cozinha Solidária. E isso é bem importante porque é o movimento social organizado, é o povo organizado, garantindo que a gente não vai passar fome”, afirmou Fernando Campos Costa, da Coordenação Nacional do MTST.
Para celebrar a ação o movimento realizou nesta segunda, um ato na Praça Princesa Isabel, no bairro Azenha, próximo ao local onde fica a primeira unidade da cozinha, com a entrega de bolo.
“Quando começou esse problema climático, essa enchente no Rio Grande do Sul, a cozinha solidária da Azenha cedeu espaço para a cozinha solidária de emergência do MTST para que nós pudéssemos ajudar a população que foi atingida por essa catástrofe. Nós viemos atendendo desde o dia 3 mais de 14 territórios, produzindo marmitas e levando além da comida um pouco de dignidade a essas pessoas que foram completamente abandonadas nesse momento pelo poder público”, detalhou Caio Belolli de Almeida, coordenador estadual do MTST.
Conforme destacou o movimento, o aumento da produção só foi possível através da rede de apoio e solidariedade que se formou ao redor da Cozinha Solidária da Azenha, com a doação de dinheiro, alimentos, e principalmente o tempo dedicado pelo voluntário.
“A cozinha solidária e o MTST incidem nesse ponto muito forte, que é a justiça social, tirar essas pessoas da invisibilidade. A cozinha solidária tem uma diversidade de pessoas muito grande. É muito enganosa a compreensão de que a cozinha solidária fornece comida somente para moradores de rua. A gente fornece comida para as pessoas que estão em deficiência alimentar, no geral. São aquelas pessoas que trabalham o mês inteiro, mas não ganham o suficiente para se alimentar”, afirmou Caio.
Para além da segurança alimentar, Fernando chamou atenção para a questão da luta por moradia. “O governo federal vem sinalizando que ninguém vai ficar sem casa. E de onde vai vir a organização para que ninguém fique sem casa? Vocês acham que eles vão vir aqui na praça oferecer casa para vocês? Não, né. A gente tem que se organizar e fazer pressão. Sozinho, cada um de vocês não vai resolver o problema. Só juntos a gente vai conseguir. E a cozinha é uma trincheira para isso. É um lugar para a gente se juntar, somar e se organizar”, ressaltou.
Edição: Katia Marko