Participação social e educação ambiental serão decisivas nos próximos anos
Manchetes da semana: “Nunca estivemos tão perto de uma guerra nuclear”, nas palavras de Paulo Nogueira Batista Jr. (Brasil 247, em 24 de junho). “Em desespero, EUA e Ucrânia escalam a guerra” (Marcelo Zero, Viomundo, em 25 de junho). A possibilidade de uma guerra mundial nuclear cresce a cada dia, com a paz absolutamente distante.
Outras manchetes da semana: “Estamos diante de uma das maiores situações já vistas no Pantanal”, diz ministra Marina Silva (Rede Brasil Atual, em 25 de junho). Nas palavras da ministra, “toda a bacia do Paraguai está em escassez hídrica severa”. Outra manchete: “Com seca e incêndios florestais, Mato Grosso do Sul decreta de situação de emergência.”
Manchete na contracapa do jornal Zero Hora, em 23 de junho: “Onda de calor com 40ºC na Itália”. A crise climática atinge não só o Brasil, mas o mundo inteiro. As Olimpíadas estão em risco na França por causa do calor intenso.
No Rio Grande do Sul, desde 2023, agravado agora em 2024, o quadro, para dizer o mínimo, é catastrófico.
Toneladas e mais toneladas de lixo, restos de casas, móveis continuam amontadas em ruas e bairros inteiros da capital Porto Alegre e dezenas de cidades gaúchas. Milhares de pessoas e famílias não conseguem voltar para casa no final de junho, dois meses depois do início dos temporais.
Centenas de escolas estão fechadas, ou destruídas, ou tomadas pelo barro e pelo lixo, com milhares de crianças, adolescentes e jovens fora da sala de aula. Milhares de famílias de agricultores familiares perderam toda a plantação, ou diretamente pelas enchentes ou pela quantidade excessiva de água que desceu do céu. Bares, restaurantes, pequenos empreendimentos familiares, indústrias foram atingidos e seguem fechados.
E agora chega o frio do inverno gaúcho, tornando os tempos ainda mais difíceis, especialmente para os que estão fora de casa pelas circunstâncias, em geral os mais pobres entre os pobres, trabalhadoras e trabalhadores.
Onde vai parar o Rio Grande do Sul? Onde vai parar o Brasil? Onde vai parar o mundo? Cadê a esperança e o futuro?
Está em jogo a saúde física e mental da população, seja de quem está no meio do sofrimento e das perdas, seja quem assiste à distância a tragédia, seja quem procura ajudar solidariamente na sobrevivência e na reconstrução.
Que mais dizer? Que mais escrever? Não basta, contudo, a solidariedade, felizmente presente nestes tempos dolorosos. É preciso mais, muito mais para enfrentar a crise climática, que está misturada a uma crise civilizatória.
Neste contexto, crescem em importância as eleições municipais de 2024, momento e oportunidade de fazer um debate coletivo sobre as causas dos acontecimentos e do quase caos, e sobre o que fazer para garantir vida digna e uma Casa Comum que acolha todas e todos. A participação social na construção de políticas públicas e a educação ambiental serão decisivas nos próximos anos para diminuir a possibilidade de catástrofes.
Os dias e os tempos estão tri difíceis. E assim continuarão por um bom tempo. A unidade popular, a consciência política, a economia popular e solidária, o cuidado com a Casa Comum são decisivas para a paz, a diminuição da desigualdade social e econômica e a consolidação da democracia.
Ah, nos dias,
nos poucos dias, como hoje,
em que sai o sol,
a vida se ilumina junto.
Hora de colocar os pés na rua,
hora de abrir portas, janelas, a casa inteira.
Hora de pôr lençóis,
travesseiros, toalhas
e tudo mais no lado de fora, no sol.
Voltou a claridade,
voltaram a luz, as danças, os sorrisos
e a eterna esperança.
Juntos, unidos, solidários,
sobrevivemos.
De mãos dadas,
almas acesas, iluminadas,
o sol reapareceu e acendeu as mentes.
O poeta dá o ar de sua graça,
abre os olhos e o espírito,
e se encanta com mil sorrisos.
Os corações se abraçam felizes.
O poeta renasce,
e chora de alegria e felicidade.
E diz, e canta, e reza,
e abençoa,
abraçado na Casa Comum.
E entoa, com fé e coragem:
Amém,
Axé,
Awere,
Aleluia!
VIVA A VIDA!
* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Marcelo Ferreira