Rio Grande do Sul

Saberes tradicionais

Organizações sociais e religiosas promovem formação popular em saúde sobre plantas medicinais

Frei Wilson Zanatta, especialista no tema, está percorrendo assentamentos, além de territórios indígenas e quilombolas

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Respeitando as tradições dos povos que recebem a formação, ações promovem intercâmbio de saberes - Divulgação ICPJ

O Instituto Cultural Padre Josimo (ICPJ), com apoio da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e da organização Adveniat, realiza mais uma jornada de formação em saúde popular com enfoque em plantas medicinais. O frade capuchinho Wilson Zanatta está percorrendo espaços de reforma agrária, aldeias indígenas e territórios quilombolas do Rio Grande do Sul para esta rodada de atividades. Zanatta pesquisa o tema e se dedica a experenciar e sistematizar os saberes do povo sobre os usos dos recursos da natureza para a saúde há mais de duas décadas.

 

As atividades já estão em pleno ciclo de realização e pretendem chegar até as aldeias indígenas Guajayvi (Charqueadas), Tenonde (Camaquã), Guajai Vipoty (Canguçu), Tawai (Cristal), Guarita (Redentora), Gyro (Pelotas) e Tekoa Paraoke (Rio Grande). Já os territórios quilombolas previstos são Palmas (Bagé), Passo da Mina (Caçapava do Sul), Picada das Vassouras (Caçapava do Sul), Companheiros de João Antônio (Candiota), Passo do Lourenço (Canguçu), Cerro da Boneca (Canguçu), Vó Ernestina (Morro Redondo) e Tio Dô (Santana da Boa Vista).

“Nosso objetivo é proporcionar o acesso de povos e comunidades vulneráveis acerca dos cuidados com a saúde, através da promoção do trabalho pastoral e promoção de cursos sobre o uso de plantas medicinais e produção de fitoterápicos”, explica Frei Wilson. Ele destaca que a metodologia é participativa, "proporcionando a troca de saberes com as aldeias, quilombos e comunidades rurais abrangidas pelo projeto, de modo que se estabeleça uma troca de saberes, algo muito característico no meio popular.”


Publicações do ICPJ que trazem saberes populares sistematizados foram compartilhadas com os participantes das atividades / Divulgação ICPJ

Além das aldeias e comunidades quilombolas, cerca de outras 30 comunidades rurais que são beneficiadas nos municípios de Hulha Negra, Candiota e Aceguá, por meio das ações irradiadas a partir da chamada Casa do Chá, a qual fica no assentamento Conquista da Fronteira. Mesmo assentamento está sediada a comunidade interobediencial formada por frades franciscanos e capuchinhos e, assim como se dá com o instituto, também está designada com o nome de Padre Josimo.

Nas ações nos territórios, também estão sendo distribuídos livros sobre plantas medicinais e saberes populares, remédios fitoterápicos e chás para que as famílias beneficiárias possam ter acesso à melhor saúde. Já a estruturação da Casa do Chá busca garantir que as pessoas possam acessá-la e receberem informações e fitoterápicos adequados às enfermidades.

Parte do roteiro de atividades está sendo acompanhado pelo intercambista alemão Cedric Hückstädt (Cáritas/Comissão Pastoral da Terra) e o agente Reinaldo Tillman, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Até o momento, já foram realizadas nove etapas da atividade. Outras seis devem ocorrer nas próximas semanas.

Edição: Marcelo Ferreira