Após o primeiro sábado (22) do inverno registrar temperaturas acima dos 30º C no Rio Grande do Sul, a entrada de uma frente fria trouxe temporais ao estado. Entre os municípios atingidos por chuva forte e granizo, o mais afetado foi Arroio do Tigre, onde 80% das casas tiveram telhados danificados. Na Grande Porto Alegre, níveis elevados dos rios já provocam alagamentos e a Defesa Civil pede evacuação de áreas de risco.
Quedas de granizo que chegaram a ter tamanho de ovos, no final da tarde e no começo da noite deste domingo (23), provocaram estragos em cidades da região do Centro-Serra como Bento Gonçalves, Gramado Xavier, Lagoão, Pinhal Grande, Sobradinho e Arroio do Tigre. Segundo a MetSul Metereologia, o fenômeno foi provocado por uma célula intensa de tempestade.
À Rádio Sobradinho, o prefeito de Arroio do Tigre, Marciano Ravanello (PP), informou que 80% dos imóveis da cidade foram afetados. A Defesa Civil e servidores de diversas secretarias trabalham na distribuição de lonas. O prefeito disse que mais de 30 rolos do material já foram distribuídos e a procura ainda é grande. Sobradinho, município vizinho, também registrou transtornos.
Fortes ventos e granizo também atingiram a Serra. A prefeitura de Bento Gonçalves informa que 20 bairros foram afetados, com destelhamentos, quedas de árvores e rompimento de tubulações. Uma unidade de saúde e uma escola ficaram alagadas. Segundo a administração, pelo menos 50 casas receberão lonas.
Uma célula de tempestade atingiu cidades do Norte da Grande Porto Alegre no final da tarde de domingo. Houve queda de granizo em alguns bairros de Novo Hamburgo, Campo Bom e Sapiranga.
Rios elevados na região Metropolitana
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, subiu acentuadamente no final do domingo e chegou à marca de 3,39 metros na manhã desta segunda (24), 24 cm acima da cota de alerta e 21 cm abaixo da cota de inundação. A MetSul explica que a elevação é consequência do vento que mudou para o quadrante Sul pelo ingresso de uma massa de ar frio com a passagem de uma frente fria.
Apesar de não exceder a cota de inundação, que refere-se à régua da Usina do Gasômetro e indica alagamento da região central, a capital gaúcha já enfrenta alagamentos na região das Ilhas e em bairros próximos à orla na Zona Sul.
A prefeitura informou que três comportas do sistema de proteção contra cheias serão fechadas durante o dia. Outras seis estão fechadas permanentemente e três permanecem protegidas com bags. Já os portões 1 e 2, inicialmente, permanecerão abertos.
Segundo a MetSul, apesar da elevação nas últimas horas, o Guaíba não deve subir muito mais do que os valores atuais no curto prazo. “Uma alta sustentada dependeria de aumento substancial de vazão de rios, o que não vai ocorrer, enquanto elevação de nível por vento Sul é limitada e em poucas horas”, explica.
Rios em alerta
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) emitiu alerta de risco hidrológico "nível alto" nas bacias hudrográficas do estado. Nos rios Taquari, Caí, Sinos e Gravataí, “há possibilidade de ocorrência de inundações e alagamentos urbanos, em função dos altos acumulados e da umidade do solo observados, somados à previsão dos próximos dias”.
Em Guaíba, pelo menos cinco bairros estavam alagados e a prefeitura pediu a evacuação dos locais em função dos alagamentos. Eldorado do Sul tem quatro bairros parcialmente alagados e o município colocou em prática o plano de contingência com a Defesa Civil. Pelo 60 moradores tiveram que deixar suas casas novamente.
Também há risco de alagamento em Cachoeirinha, onde o rio Gravataí excede a cota de inundação de 4,73 metros em 8 cm, nesta segunda. A Defesa Civil local orientou que os moradores dos bairros de risco elevem móveis e, se possível, deixem as residências.
Previsão do tempo
O instituto de metereologia prevê que a semana será de inverno e marcada por sol, chuva e frio no Rio Grande do Sul. “Os dias de maior instabilidade serão esta segunda, a quarta e a sexta-feira pela atuação de frentes frias e uma área de baixa pressão. A semana terminará com uma potente massa de ar polar.”
Edição: Marcelo Ferreira